Ciclofaixas exigem cuidados de pedestres e ciclistas. Fique atento.

Uma senhora idosa foi atropelada por uma bicicleta, na manhã desta terça-feira (19), na ciclofaixa da avenida José Bonifácio. Foi algo chocante, pela quantidade de sangue que a mulher perdeu. Muita gente se reuniu para tentar ajudar. Outros apenas por curiosidade. A Redação Integrada de O Liberal optou por não expor a imagem forte. Até porque a vítima já foi socorrida por bombeiros. E porque o fato chama a atenção para outros detalhes.

A idosa atropelada sofreu um corte na perna. O que causou a perda de sangue intensa foi uma parte amolada, da roda traseira da bicicleta que a atingiu. Bicicletas são veículos também e precisam de manutenção constante. Não é diferente de motos ou carros. Problemas de manutenção podem causar acidentes diversos. O ferimento, dessa vez, foi numa pessoa que se chocou com a bicicleta. Mas poderia ter machucado a própria ciclista. Os donos das bikes precisam estar atentos a esses detalhes.

A ciclista relatou que a senhor idosa atravessou a José Bonifácio correndo. Ela só se preocupou com os carros. Não lembrou que iria chegar ao espaço destinado a ciclistas. A mulher que estava na bicicleta disse não ter conseguido frear a tempo, ainda mais pelo trecho da via, entre a avenida Governador José Malcher e a rua Boaventura da Silva, que é uma descida. Ela fez o possível para desviar, mas parte amolada da roda acabou ferindo a idosa.

Ciclofaixas e ciclovias são espaços destinados, exclusivamente, a ciclistas. Devem ser respeitados por motoristas e também pedestres. Pedestres, andando em ciclofaixas e ciclovias, correm tantos riscos quanto andando no meio da rua. Claro, as chances de um acidente fatal com uma bicicleta são mínimas. Porém, o risco de ferimentos é bem real. Quem está a pé precisa ficar atento aos espaços dos ciclistas. Eles também desenvolvem uma velocidade considerável.

No caso da idosa atropelada na ciclofaixa, é válido ressaltar que a faixa de pedestres estava a poucos metros de onde ela atravessou.

Falta trabalho de estrutura para pedestres

Há alguns anos, a Prefeitura de Belém começou a ampliar o circuito de ciclovias e ciclofaixas. De 3,5 km, a malha cicloviária da capital foi para cerca de 90 km. No mesmo período, não houve nenhum trabalho garantindo extensão, ao menos semelhante, de calçadas padronizadas, como aponta o arquiteto Lucas Nassar, da organização sem fins lucrativos Laboratório da Cidade.

As calçadas são públicas, mas a responsabilidade é exclusivamente do proprietário do imóvel por onde o calçamento passa. Então quaisquer problemas com as calçadas, o dono do imóvel é que precisa resolver.

Faltam espaços mais adequados, seguros, nivelados, limpos e acessíveis aos pedestres. Por isso, muitos andam no espaço dos ciclistas. E esquecem que bicicletas também são rápidas (Victor Furtado / Arquivo O Liberal)

Essas regras e obrigações não são muito claras. Lucas observa que em outras cidades brasileiras há manuais. Os manuais não só obrigam o dono do imóvel a manter o padrão da cidade, mas facilitam a fiscalização e educação, algo que a prefeitura pode e deve fazer. Só que não faz. E o resultado é justamente ciclistas e pedestres dividindo o mesmo espaço.

Lucas reforça que as calçadas precisam ser planas e acessíveis. Devem permitir que gestantes, idosos e cadeirantes possam usá-la.

"A verdade é que a prefeitura, quando revitaliza uma via, pensa apenas no espaço do carro. Não é uma surpresa que hoje tenhamos tantas pessoas caminhando em ciclofaixas. Infelizmente, isso não é anormal. Se considerarmos lixo, postes de iluminação e problemas diversos, muitas vezes os pedestres são obrigados a andar pela rua mesmo", observa.