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Caramujo africano exige atenção de moradores, orienta CCZ e Ufra

Molusco transmite doenças sérias, que podem provocar óbito, e deve ser evitado pela população

O Liberal
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Neste período de chuvas fortes em Belém, mesmo antes da chegada do inverno, quando as precipitações pluviométricas se intensificam na região, um personagem costuma ganhar relevo nos bairros de Belém: o caramujo africano, capaz de transmitir doenças sérias ao organismo humano. Há cerca de 40 anos, ele está presente no Brasil e é considerado como espécie invasora desde 2005. Por isso, todo cuidado é pouco ao se deparar com esse molusco apreciador de ambientes úmidos e também secos.

Que o diga os moradores da rua Che Guevara, entre Café Liberal e travessa 01, no conjunto Eduardo Angelim, no bairro Parque Verde. A partir de um entulho em via pública, na frente de uma casa abandonada, os caramujos africanos saem para circular pela rua, colocando em risco a saúde das pessoas. "O que me deixa espantado é que apareceu do nada, e isso preocupa porque tem muita criança por aqui e criança anda no chão", afirma o comerciante e morador da área, Francisco Ferreira, 63 anos.

Ainda nesta quinta-feira (4), técnicos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) compareceram até o local, para averiguar demanda apresentada pela comunidade. Nesta sexta-feira (5), os profissionais pretendem iniciar um trabalho junto à comunidade para combater o molusco, vetor de doenças graves.

Para a professora Lauzirene S. Alves, moradora do mesmo perímetro, "a partir do fato de que as crianças podem querer brincar com os caramujos e assim ficar doentes, essa é uma questão social, de saúde". Lauzirene destaca que o entulho misturado com lixo precisa ser retirado com urgência e os moluscos serem eliminados. "Aqui tem muito caramujo, ele sobe na parede de fora da casa e calçadas, e, então, a gente tem jogar sal para matá-lo, porque é muito", relata Marcos Ferreira, comerciário.

image Técnicos orientam sobre como combater esses moluscos (Cristino Martins / O Liberal)

Endêmico

O caramujo africano foi introduzido no Brasil na região sudeste em meados dos anos 80 como opção ao escargot. O criatório não deu certo, e os moluscos foram soltos no meio ambiente e se espalharam por todo o território nacional, como informa o médico veterinário Éder Santiago do Carmo, do CCZ.

Éder Santiago lembra que quando foi notificada a presença do caracol africano em Belém, chegou, então, a ser desencadeada ação intensiva de controle e eliminação do molusco e de orientação à população em geral. "Desde então a espécie tornou-se endêmica e sua distribuição e frequência varia de acordo com a sazonalidade.

Para sua eliminação é necessário diminuir o sombreamento da área, podar plantas e arbustos, retirar entulhos que possam servir de abrigo do Sol", pontua o médico.

Atenção

Os caramujos devem ser colhidos com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos, incinerados ou eliminados com água e sal. Suas cascas devem ser preferencialmente quebradas para que não acumulem água e se tornem abrigo de mosquitos da dengue, enterradas ou descartadas para o recolhimento pela coleta de lixo, repassa o veterinário.

"Esses moluscos são potenciais transmissores de helmintíases (vermes) que podem acometer os seres humanos, principalmente a Angiostrongilíase, doença que pode se apresentar sob forma de gastroenterite eosinofīlica ou meningite eosinofílica, dependendo da espécie".

Demandas

Segundo Éder Santiago, há muitas solicitações de atendimento para controle de caramujo africano em Belém, em bairros como Canudos, Guamá, Nazaré e outros. Esse caramujo tem hábitos noturnos, mas se torna ativo de dia após as chuvas. Prefere, em geral, ambientes úmidos.

Como alerta, o veterinário enfatiza: "Não coma caracóis ou lesmas crus ou mal cozidos. Se houver contato, lave as mãos. Lave bem os vegetais que são consumidos crus. Em caso de adoecimento procure atendimento médico.

O Centro de Controle de Zoonoses, repassa o médico, orienta e esclarece o público sobre caramujo africano, e também elimina esses animais invasores. Contatos do CCZ:3344-2350/23572368.

Ratos

Andréa Bezerra, professora de Zoologia do Instituto da Saúde e Produção Animal da Universidade Federal Rural da Amazônia (ISPA-Ufra), atua no Museu de Zoologia da Ufra (Mzufra). Esse espaço possui em seu acervo zoológico material biológico conservado sobre diversas espécies de caramujos. Andréa informa que o caramujo africano é também chamado de acatina, caracol-africano, caracol-gigante, caracol-gigante-africano, caramujo-gigante, caramujo-gigante-africano, rainha-da-áfrica, falso-escargot, mas seu nome científico é Achatina fulica.

Grande e terrestre, esse molusco, quando adulto, atinge 15 centímetros de comprimento e 8 centímetros de largura, com mais de 200 gramas de peso. Adaptado ao clima, reproduz-se com facilidade, alimenta-se de vegetais e não apresenta predadores naturais, sobretudo, nas áreas urbanas. Por isso, facilmente se encontra em elevados índices populacionais nos locais onde não é feito um controle populacional.

"Por viver nos centros urbanos, muito próximo, ou no mesmo ambiente dos ratos, o "caramujo africano" acabou adquirindo duas espécies de vermes nematoides conhecidos por causarem a doença do pulmão do rato", destaca a professora Andréa.

Esses vermes são: Angiostrongylus cantonensis, que causa uma doença chamada angiostrongilíase meningoencefálica humana, cujos sintomas são muito parecidos com a meningite causada por bactérias, como a dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso; e Angyostrongylus costaricencis, que causa a doença chamada angiostrongilíase abdominal humana, cujos sintomas são a dor abdominal, febre prolongada, anorexia, vômitos e hemorragia abdominal, em função das perfurações intestinais pela movimentação dos nematoides.

Fatores diversos podem levar pacientes à morte, como a quantidade elevada de parasitas, o grau de infecção e a falta de tratamento imediato.

Ação

Não se deve entrar em contato com esse molusco, a menos sob proteção. Se tiver contato, lavar bem as mãos. "A ingestão ou a simples manipulação dos caramujos vivos pode causar a contaminação (se eles estiverem com os nematoides), pois os vermes ou seus ovos podem ser encontrados no muco (secreção) dos caramujos. O molusco  pode contaminar frutas, verduras ao se instalar em hortas e pomares e disseminar as doenças, por isso deve-se lavar bem hortaliças e vegetais que serão consumidos in natura", completa a professora.

O caramujo africano está adaptado ao ambiente seco, e isso faz dele um exímio invasor, como pontua a Andréa Bezerra. Ela observa que no controle populacional dessa espécie deve-se ter cuidado com outros caramujos nativos, como o Megalobulimus oblongus, também conhecido como aruá-do-mato, que já chegou a ser coletado e morto junto com o invasor.

 

Confira:

 

Doenças que o caramujo africano transmite:

 

- Angiostrongilíase meningoencefálica humana. Sintomas: parecidos com a meningite causada por bactérias, como a dor de cabeça forte e constante, rigidez na nuca e distúrbios do sistema nervoso.

 

- Angiostrongilíase abdominal humana. Sintomas são a dor abdominal, febre prolongada, anorexia, vômitos e hemorragia abdominal, em função das perfurações intestinais pela movimentação dos nematoides.

 

Caramujos em geral podem transmitir:

 

- Esquistossomose. As pessoas são infectadas quando o parasita é liberado, a partir do caramujo, na água. O quadro do paciente é de vermelhidão e coceira na pele. Em estágio posterior, a pessoa apresenta dor muscular e fraqueza.

 

- Fasciolose. Doença infecciosa causada por um parasita alojado no caramujo, sobretudo, caramujos de água doce.

 

Serviço:

 

Caso uma pessoa encontre grande concentração de caramujos africanos:

 

- Deve evitar tocar neles e ter cuidado com a secreção produzida pelo molusco no deslocamento sobre o solo. Se tiver contato, lavar bem as mãos.

 

- Os caramujos devem ser colhidos com as mãos protegidas com luvas ou sacos plásticos, incinerados ou eliminados com água e sal. Suas cascas devem ser preferencialmente quebradas para que não acumulem água e se tornem abrigo de mosquitos da dengue, enterradas ou descartadas para o recolhimento pela coleta de lixo

 

- Como o caramujo pode contaminar frutas, verduras ao se instalar em hortas e pomares e disseminar as doenças, deve-se lavar bem hortaliças e vegetais que serão consumidos in natura.  

 

- Para informações e orientações, entrar em contato com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Sesma. Contatos: 3344-2350/23572368. O CCZ orienta sobre como proceder para a eliminação dos moluscos.

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