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Brasil é o segundo pior do mundo para dirigir, diz pesquisa; em Belém, usuários reclamam do trânsito

No Pará e na capital paraense, as duas principais infrações são transitar acima do permitido e avanço do sinal vermelho; os números são do Detran e da Semob

Dilson Pimentel

O Brasil é o segundo pior país do mundo para dirigir. O país fica atrás somente da Rússia, que está em primeiro no ranking mundial. É o que revela um estudo divulgado por uma plataforma privada, com dados da OCDE e Compare The Market.

Para a elaboração do ranking, foram considerados quatro fatores: o custo de manutenção do carro em relação à renda, o nível de congestionamento, o índice de qualidade das estradas e o índice de mortalidade no trânsito. Os dados foram divulgados pela plataforma "CupomValido.com.br".

No Pará, as infrações mais recorrentes no estado, em 2022, foram transitar com velocidade acima do permitido (536.933), avançar o sinal vermelho (200.046) e conduzir motocicleta sem capacete (90.788), informou o Departamento de Trânsito do Estado (Detran).

image Cruzamento das avenidas Augusto Montenegro com Mário Covas, em Belém, registra várias irregularidades no trânsito (Ivan Duarte/O Liberal)

Em Belém, de janeiro a dezembro de 2022, foram feitas 89.090 autuações por excesso de velocidade, 44.473 por avanço de sinal e 13.885 por estacionamento irregular e proibido pela sinalização, informou a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob). Detran e Semob não têm ainda as estatísticas deste ano.

Na avenida Augusto Montenegro, no cruzamento com a avenida Mário Covas, em Belém, há uma série de irregularidades. Logo cedo, o trânsito fica lento. E, para prosseguir seu trajeto, condutores de carros particulares e de moto fazem manobras proibidas e perigosas.

Ali perto há um espaço (como se fosse uma rua estreita) para que haja acesso às lojas do local. Mas esse recuo acabou se transformando em uma via movimentada, pois virou uma alternativa para fugir da lentidão do trânsito. Aí mistura tudo no mesmo espaço: pedestres, ciclistas, motos e carros particulares.

image Na avenida Augusto Montenegro, motociclistas e pedestres dividem o mesmo espaço (Ivan Duarte/O Liberal)

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image Jorianderson Oliveira é pintor, tem 33 anos e anda de bicicleta. “O motorista não respeita a gente. O motoqueiro também não respeita. Estamos nas mãos de Deus”, disse (Ivan Duarte/O Liberal)

"O motorista não respeita a gente", diz ciclista

Jorianderson Oliveira é pintor, tem 33 anos e anda de bicicleta. “O motorista não respeita a gente. O motoqueiro também não respeita. Não existe ciclovia. E, quando tem, é irregular. Muito cuidado e atenção. Estamos nas mãos de Deus. Não vejo fiscalização. É raro. É um sufoco para o ciclista. E, assim, nós vamos sofrendo”, disse.

O também ciclista Carlos Conceição, 37 anos, disse que a maioria dos motoristas invade até mesmo a calçada. “É difícil trafegar aqui. Esse BRT aqui era para ter uma ciclovia pra gente. A maioria dos ciclistas invade o BRT porque não tem ciclovia. E os carros também não respeitam. Vez ou outra, tem fiscalização”, contou ele, que é encanador.  A estratégia dele é usar um apito para chamar a atenção dos motoristas e pedestres.

O mototaxista Felipe Lima, 28 anos, disse que não tem ciclovia para os ciclistas. “Eles trafegam junto com nós. Carros e ônibus não respeitam motoqueiro. Não tem faixa pra gente andar. Tem que ir ‘cortando’ eles. É complicado. Há poucos retornos também. Os que têm são clandestinos para dar conta de passar”, contou.

Taxista há 10 anos, Fernando Souza, 60, trabalha em um ponto de táxi na avenida Mário Covas, próximo à avenida Augusto Montenegro. “Tem esse engarrafamento infernal aqui. Tem necessidade de ter três semáforos? Não tem condição, rapaz”, disse. Ele afirmou que deveria ser implantada uma passarela e ter agentes de trânsito. “Mas para orientar e não apenas para multar”, contou.

Fernando também disse que, antes, as carretas tinham horário para trafegar em certas áreas da cidade. “A gente não vê mais isso. O governo parece que liberou. Não tem mais horário para essas carretas passarem, mano. Aí tá essa confusão toda”, afirmou.

Faixa de pedestres na João Paulo II é ignorada por muitos condutores

Na avenida João Paulo II, próximo à travessa do Chaco, no bairro do Marco, muitos motoristas não respeitam a faixa de pedestre. E precisam atravessar correndo a pista. A servente Waldirene Pinheiro, 52 anos, afirmou que os motoristas “não têm um mínimo de respeito". Os carros não querem parar. Já presenciei muitos acidentes aqui. O motorista deveria ter mais respeito”, disse.

“Todos os dias passo aqui e é difícil parar. Eu tenho que correr, enfrentar. Não tem outro jeito. Isso é todo dia. Direto”, afirmou. A professora Juliana Brito, 29 anos, atravessou a faixa de pedestres com o filho, que tinha acabado de sair da escola. “Todos os dias eu faço esse caminho porque venho deixar e buscar meu filho (de 8 anos) na escola e é sempre assim: a gente tem que ficar com cuidado e bastante atenção porque eles custam parar, mesmo sendo uma faixa”, contou.

“A gente tem que colocar a mão, ir andando devagar, tem que parar no meio da faixa porque não sabe, porque a gente não sabe se quem tá vindo do outro lado vai parar. Realmente é uma situação complicada”, afirmou.

Ela defende a educação no trânsito. “Tem que reforçar. Andar na velocidade indicada, às vezes vem em alta velocidade e não conseguem parar. Moto é bem mais difícil parar, sempre avançam”, disse. A terapeuta ocupacional Danusa Falcão, 51 anos, teve dificuldade para atravessar na faixa de pedestre. Ficou levando a mão sinalizando.

"Isso é constante. Até porque, quando um condutor para, o outro desvia e fura a faixa”, disse. Aumenta a chance de acidentes envolvendo crianças, porque é bem perto de uma escola.  “Se eu não estiver atenta, e paro, com certeza eu sofreria um acidente. Tem que educação no trânsito”, completou.

image Danusa Falcão, 51 anos, teve dificuldade para atravessar na faixa de pedestre, na avenida João Paulo II: "Isso é constante. Até porque, quando um condutor para, o outro desvia e fura a faixa” (Ivan Duarte/O Liberal)

Semob informa que realiza rondas com agentes em viaturas e em motocicletas

A Semob informou que cumpre o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), em especial o artigo 24, que estabelece as atribuições do município, cabendo aos agentes de trânsito a fiscalização de parada, estacionamento e circulação de veículos (carros e motos). Isso é feito regularmente, por meio de rondas com agentes em viaturas e em motocicletas, com o apoio do guincho, para coibir e autuar flagrantes de imprudências e infrações.

Dentre essas atribuições, o estacionamento proibido, sem dúvida, é o que mais prejudica a mobilidade das pessoas na cidade. Por este motivo, a autarquia informa que realiza o trabalho de fiscalização, dentro do que rege a legislação vigente, autuando os veículos e aplicando a medida administrativa de remoção, quando necessária.

A Semob informou que a fiscalização de condutas e comportamento de condutores, com abordagens e autuações, é de competência dos departamentos de trânsito dos estados, conforme o artigo 22 do CTB.

Detran realiza ações educativas sobre fatores de risco no trânsito

Já o Detran informou que realiza ações educativas para alertar os condutores sobre os principais fatores de risco no trânsito. Além disso, o órgão utiliza diversas tecnologias para coibir irregularidades, entre as quais equipamentos de controle de velocidade, videomonitoramento e central de controle de operações viárias em diversas rodovias estaduais de jurisdição do Detran. O Detran ressalta que é necessária a adoção de um comportamento mais humanizado no trânsito e respeito a todos os usuários da via.

Infrações no trânsito

Belém:

De janeiro a dezembro de 2022, foram feitas 89.090 autuações por excesso de velocidade, 44.473 por avanço de sinal e 13.885 por estacionamento irregular e proibido pela sinalização.

Fonte: Semob

Pará:

Em 2022 as infrações mais recorrentes no estado foram transitar com velocidade acima do permitido (536.933), avançar o sinal vermelho (200.046) e conduzir motocicleta sem capacete (90.788).

Fonte: Detran.

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