Belenenses aproveitam calor do verão amazônico para lucrar e se divertir

Com as temperaturas elevadas e o clima seco durante o verão amazônico, muitos moradores de Belém aproveitam para curtir o sol às margens da baía do Guajará. No período após as férias escolares de julho, quando os balneários do Estado ficam menos frequentados, pontos turísticos como Ver-O-Rio, Portal da Amazônia, Estação das Docas, Orla de Icoaraci, dentre outros da capital se tornam excelentes opções para quem troca o calor de dentro de casa por um passeio com direito a bebidas geladas ou sorvete.

O casal Paulo e Tânia Cardoso aproveita o espaço Ver-O-Rio para tomar guarará (Claudio Pinheiro / O LIBERAL)

Os autônomos Paulo e Tânia Cardoso, casados há 14 anos, transformam o que poderia ser incômodo em diversão. Eles costumam sair do bairro da Condor, onde residem, para passar a tarde no Ver-O-Rio, no Umarizal. "Dentro de casa é impossível ficar o tempo todo porque é muito quente e abafado. Aqui é uma boa para tomar um guaraná. Como trabalhamos em casa como autônomos, conseguimos agendar folga. No fim de semana, trazemos até nossa filha para pegar um solzinho", disse Tânia.

As amigas Diana Cabral e Klyvia Trindade transformam o dia quente em passeio no Portal da Amazônia (Claudio Pinheiro / O LIBERAL)

As amigas Klyvia Trindade e Diana Cabral enxergam a alta temperatura como uma oportunidade para conhecer alguns pontos da cidade. Para tomar água de coco no fim de tarde, a escolha costuma ser o Portal da Amazônia. "Fica abafado dentro de casa mesmo com ventilador. É bom pegar um ar puro no fim de tarde. E tem que hidratar muito com água, água de coco, guaraná e suco da polpa, porque dá sede o tempo todo", comentou Diana.

Vendedor Arthur Santos vê o lucro aumentar com água e refrigerante durante o verão (Claudio Pinheiro / O LIBERAL)

O dia de sol também é fator positivo para as vendas de vários ambulantes. No Ver-O-Rio, o vendedor Arthur Santos festeja o aumento do lucro com água e refrigerante. "Aumenta muito a venda. Chego no início da tarde para começar o trabalho porque o lucro é garantido quando está quente", disse.

No verão, vendas de água de coco aumentam na barraca de Lene Cunha (Claudio Pinheiro / O LIBERAL)

No Portal da Amazônia, a vendedora de água de coco Lene Cunha diz que torce pelo dia ensolarado. "O sol é meu melhor amigo. Fico na torcida para não chover. Quando está frio, ninguém toma água de coco. Por isso chego desde 6h30, já que chove mais à tarde. No verão, vendo 500 cocos em uma semana. No inverno, apenas 200 por semana", comentou.

Os passeios e as boas vendas em consonância com o calor ainda podem ser aproveitados até o mês de novembro na capital. De acordo com o coordenador do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Belém, José Raimundo Abreu, o verão amazônico, que começou no mês de julho na cidade, ainda deve ser sentido pelos próximos três meses com picos de 36 graus em setembro e outubro. 

"A temperatura deve aumentar ainda mais em todo o Estado. Em Belém, até agora, já registramos o pico de 35.4 graus em agosto. Mas o período mais seco na Região Metropolitana é setembro, outubro e novembro. Na capital, o chamado versão amazônico costuma começar em julho e seguir até novembro. Período caracterizado com meses mais quentes e com menores índices pluviométricos. Em dezembro, começam as chuvas na Região Metropolitana", explicou José Raimundo. 

"A tendência é que as manhãs sigam sem nuvens, o que favorece nevoeiros, porque a perda da radiação do continente é muito rápida, principalmente sem nuvem na madrugada. Com esse céu totalmente claro, há maior incidência de radiação solar chegando ao solo e as temperaturas tendem a subir gradativamente", detalhou o coordenador do Inmet em Belém.

BENEFÍCIOS DO SOL

Durante o verão amazônico, os raios solares podem ser aproveitados para a saúde. Quem explica é a médica Bárbara Martins, que alerta para alguns cuidados.

"Uma das radiações que o sol emite, que é a radiação do tipo UV-B, age nas regiões mais profundas da pele fazendo a ativação da vitamina D, sendo ela vital para a absorção de cálcio e fósforo, causando o crescimento dos ossos de crianças e adolescentes, bem como na manutenção da força óssea nos adultos e idosos", frisou. 

A maioria das pessoas pode se expor ao sol das 6h às 9h ou das 16h30 às 18h, mas é importante evitar os raios solares pessoas que já apresentam doenças de pele em tratamento e pessoas com história familiar de câncer de pele (Akira Onuma / O LIBERAL)

Ela orienta que a maioria das pessoas pode se expor ao sol das 6h às 9h ou das 16h30 às 18h, mas é importante evitar o sol nessa época do ano pessoas que já apresentam doenças de pele em tratamento e pessoas com história familiar de câncer de pele.

"Os belenenses podem e devem aproveitar o sol não se esquecendo de aumentar a hidratação! Sempre ter o cuidado de beber bastante água durante o dia! O clima seco aumenta a desidratação e isso faz com que precisemos repor com uma constância maior. Além de utilizar bastante filtro solar e reaplicar o produto sempre que suarmos", recomendou Bárbara Martins  

A médica ainda alerta para as mudanças no horário adequado para pegar sol mediante as mudanças climáticas.

"Neste período, recebemos a maior quantidade de radiação solar, devido ao eixo da Terra com relação ao Sol, sem falar que, com a incidência de queimadas e perda da vegetação, temos uma chegada muito maior destes raios solares, assim, os horários mais adequados de se expor ao sol, ficam ainda mais restritos. Se antes, até as 10h era seguro, agora, por volta das 9h, já temos um risco aumentado de queimaduras solares", concluiu.