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Belém é centro irradiador da história

Ocupação – Ao chegar à região, portugueses e militares brasileiros encontraram os índios Tupinambás, que eram os habitantes de Mairi

João Thiago Dias

A história de Belém, que completa 404 anos hoje, começa em 1616, a partir da ocupação de portugueses e militares brasileiros que viviam em Pernambuco, no Nordeste do País. Ao chegar à região, eles encontraram os índios Tupinambás, falantes da língua Tupi, e que eram os habitantes do então lugarejo denominado Mairi, que significa centro ou cidade. A fundação foi capitaneada pelo explorador português Francisco Caldeira Castelo Branco. Quem conta é o professor de história Aldrin Figueiredo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), que fez um resumo de alguns pontos fundamentais ao longo destes séculos.

"A conquista da Amazônia também tem muito a ver com o processo de ocupação holandesa em Pernambuco. A vinda dessas elites pernambucanas que expulsaram os holandeses, na época da invasão em Pernambuco, para o Norte do Brasil. Em 1615, esses militares e conquistadores expulsaram os franceses de São Luís, no Maranhão. No Natal de 1615, eles empreenderam essa jornada para a região da boca do Amazonas, fundando o Forte do Presépio, que hoje é Forte do Castelo", explicou o professor.

"A área era habitada pelos índios Tupinambás, grande nação indígena que estava desde o Amapá até o Rio de Janeiro, na região litorânea do Brasil", detalhou. "Em Mairi, se sabe que era uma povoação importante. Não à toa, os portugueses não criaram uma vila, mas sim uma cidade, e deram o nome de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. Chamavam, também, de Feliz Lusitânia, em homenagem a essa ancestralidade portuguesa. Claro, aí tem logo o soterramento da Belém indígena Mairi", contou Aldrin. 

Esse processo de ocupação se deu com moradores vindos das ilhas dos Açores, em Portugal. Já em Belém, criaram o primeiro bairro, a Cidade Velha, que era chamado de Cidade, Cidade do Pará ou Belém. Em seguida, foi criado o bairro da Campina. Ao longo deste processo de colonização no primeiro século, vieram quatro ordens religiosas: franciscanos, mercedários, carmelitas e jesuítas.  

Século XVIII

Já no segundo século da história, houve o período chamado de Pombalino, com ampliação da cidade com construções monumentais de prédios. "Período da exploração do cacau, grande produto da Amazônia, porque o chocolate passou a ser muito consumido na Europa. Governou o irmão do Marquês de Pombal, Francisco Xavier de Mendonça Furtado. Neste período, também podemos destacar a obra do Antônio Landi, arquiteto português que deixou uma obra monumental na cidade", pontuou Aldrin.

Século XIX

O século XIX foi marcado por vários movimentos. Em 15 de agosto de 1823, Belém aderiu à Independência do Brasil, quase um ano após a Proclamação. "Porque essa parte Norte do Brasil era separada do País. Era o antigo Estado do Pará e Maranhão. Então, esse episódio foi muito complicado aqui. Essas resistências perduraram até a Cabanagem, movimento extremamente antilusitano, crítico da situação de miséria da província. Talvez o movimento popular mais importante da história do Brasil, mas deixou cerca de 30 mil mortos", contou o professor. 

"Em seguida, foi necessário reconstruir a Província. Essa reconstrução casou com outro movimento importante econômico, que é o da Borracha. Em 1866, o Amazonas foi aberto à navegação estrangeira. Em 1864, a borracha ultrapassa o cacau nas balanças de exportação. Esse momento de crescimento econômico que vai ser chamado, depois, de Belle Époque, com construções de prédios e a obra monumental do então intendente de Belém, Antônio Lemos, com destaque para o Theatro da Paz. Período de construções, saneamento urbano, processo de urbanização forte", detalhou.

Século XX

Já sobre o século XX, durante as duas guerras mundiais, o pesquisador destacou que a exploração da borracha foi recuperada. "Especialmente no período [do presidente Getúlio] Vargas. Isso se chamou de Batalha da Borracha. E teve um outro grande momento pós a construção da rodovia Belém-Brasília, com grandes projetos de integração nacional, que foram importantes, mas trouxeram problemas que a gente percebe até hoje em relação à natureza, à organização do espaço, à grilagem no campo, à ocupação de terras de forma equivocada. Muita exploração, mas poucos recursos ficaram na Amazônia. E Belém foi o centro irradiador e decisório desse processo", concluiu Aldrin.

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