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Barraqueiros de Outeiro sofrem com queda nas vendas

Medidas para conter o coronavírus afastaram os clientes, dizem trabalhadores, que pedem apoio

Dilson Pimentel
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Barraqueiros da ilha de Outeiro, distrito de Belém, dizem que as restrições determinadas pelo governo para conter o avanço do novo coronavírus está afetando a venda deles. “Tá ruim. A cada dia o barraqueiro tá se quebrando”, disse, na manhã de quarta-feira (10), Nelma Noeli Santos Pereira, de 48 anos. Há 17 anos ela trabalha no local. “Sem público, era melhor fechar e dar auxílio pra gente. Tem funcionário passando necessidade. Acabou a venda em Outeiro”, afirmou ela, que é dona de barraca na praia Grande.

A partir da meia-noite desta quarta-feira (10), entraram em vigor, em todo o Pará, medidas mais restritivas de combate à covid-19, anunciadas pelo governador Helder Barbalho na terça-feira (9), durante entrevista coletiva, em Belém. Entre as mudanças estão a ampliação da restrição de circulação de pessoas e a redução no horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais.

Praias, igarapés, balneários e similares, nos feriados e nas sextas-feiras, sábados, domingos e segundas-feiras também estão proibidos. Segundo Nelma, as barracas só podem funcionar para vender comida. Mas, para não haver aglomeração, a praia não pode ser usada.  “Não pode tomar banho. O ‘corona’ tá na água”, afirmou, referindo-se, de forma irônica, ao novo coronavírus e a proibição de banho na praia. A barraqueira disse que não há opções de lazer em Outeiro, como, por exemplo, shopping e praças. E que uma opção de lazer, acessível à população, sobretudo a de baixa renda, é exatamente as praias da ilha. “A gente, que mora aqui, não pode usar a praia”, lamentou.

image As barracas estão vazias em toda a ilha. Medidas são necessárias para conter a pandemia. (Akira Onuma/O Liberal)

"Ninguém chega pra ajudar a gente", diz barraqueiro

Nelma disse que, no primeiro “pico” da pandemia, no ano passado, os barraqueiros ainda recebiam auxílio de alguns políticos, que doavam cestas básicas, e do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social (Cras). “Agora, nada. Não tem auxílio de ninguém”, afirmou. Nelma também disse que não há médico na unidade de saúde de Outeiro. Ela afirmou que sua filha estava com dor de cabeça, mas que foi informada, na terça-feira (9), que não havia como receber esse tipo de atendimento naquela unidade. “Não tem médico no posto”, afirmou. Mas ela acha que o sintoma da filha não está relacionado à covid-19.

Ryan Macedo, 19 anos, também trabalha em uma barraca na praia Grande. “A situação tá difícil. Venda fraca. movimento não tem nenhum”, afirmou. Segundo ele, as vendas começaram a ser afetadas desde o primeiro decreto, editado há três semanas. “As pessoas não podem tomar banho nas praias. E nem ficar na areia também”, afirmou. Ryan disse que está sobrevivendo porque a mãe dele recebe uma aposentadoria. “Não fosse isso, já tinha fechado a barraca”, afirmou. Ryan também se queixa da falta de orientações repassadas para os barraqueiros. “Ninguém chega pra falar nada e nem pra ajudar a gente”, contou. Sobre o que pretende fazer diante desse cenário, ele afirmou que esse momento é de indefinição e incerteza. “Ainda não pensei em nada. Não sei nem o que fazer”, afirmou.

Agência Distrital de Outeiro vai fazer uma ação de conscientização nesta sexta-feira (12)

Sobre a situação dos barraqueiros, a Agência Distrital de Outeiro informa que vai fazer uma ação de conscientização na sexta-feira (12), juntamente com a equipe de fiscalização, onde serão feitas orientações sobre as novas medidas do decreto anunciado na segunda-feira (8), que reduz o horário de funcionamento dos comércios nas praias de 10 às 17 horas.

“Portanto, as barracas não estão impedidas de comercializar. Apenas houve redução de horário de funcionamento”, afirmou a Prefeitura de Belém. Já a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), por meio do Departamento de Atenção Básica, informou que vai verificar a situação da Unidade Básica de Outeiro (UBS) para regularizar o atendimento.

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Belém
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