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Ato do Quilombo da República reivindica segurança para quiosque e integrantes de coletivo

Espaço pertencente ao Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará foi alvo de dois roubos em menos de três meses

Natália Mello
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Um ato realizado por integrantes do Quilombo da República, neste domingo (10), marcou a reivindicação do Coletivo Pretas Paridas de Amazônia por segurança no espaço, pertencente ao Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa). Após duas ações, a primeira em março, pelo Dia da Mulher, e depois em junho, com a realização do 1º Desfile Infantil de Moda Afroamazônica, o grupo afirma ter sido alvo de roubos motivados por racismo.

Vanessa Mendonça, de 28 anos, integra o coletivo e é empreendedora da marca Fogoyó, que promove a moda afroamazônica. Ela afirma que os assaltos ocorrem sempre depois de eventos realizados pelo grupo. “Depois da programação da mulher, levaram 90% da produção, deixaram a gente quase sem nada. Aí realizamos o desfile infantil, depois de 17 dias aconteceu o arrombamento, quebraram a porta de vidro. Isso é um atentado contra a nossa vida, o nosso empreendimento. Estamos aqui reivindicando um posicionamento da segurança pública”, declarou.

A empreendedora reforça que o espaço, o Quilombo da República, fica no local onde negros e negras e pessoas desamparadas eram enterrados, sendo assim considerado um ponto sagrado e histórico de representatividade da luta do movimento negro e demais movimentos sociais.

“Imagina uma praça não ter polícia, guarda municipal, a gente fica vulnerável e inseguro. E movimentamos a cadeia artística, a cadeia cultural e de turismo, fomentamos a economia criativa. Somos mulheres pretas que têm filhos, que são mães, tias, avós, precisamos desse retorno do poder público porque estamos nos sentindo lesados, prejudicados, desassistidos, porque não nos olham com o mesmo olhar que olham e cuidam do Theatro da Paz, por exemplo. Então o ato é para atentar o poder público da nossa luta contra o racismo e a violência contra o negro. É uma forma de dizer que a gente está aqui”, completou Vanessa.

A artesã Samily Silva, de 30 anos, também faz parte do coletivo e participou da ação deste domingo. Para ela, a intenção do movimento é reverberar de maneira firme a contínua luta do movimento pelo direito de existência, de vida, e de ocupação do espaço público e de resistência da comunidade preta do Pará.

“A gente vem sofrendo tentativa de silenciamento, porque o que ocorre é que a gente já tem comunicado a sociedade, a segurança pública, que o tem ocorrido aqui é um ataque racista. Temos estabelecimentos na praça, que é pública e deveria ter a garantia dessa segurança, e o que vem ocorrendo é uma negligência com o nosso povo”, explica. “Não por coincidência, esses atos ocorrem após ações nossas que mostram a nossa potência, o nosso poder de organização, de realização na cidade, de mobilização da sociedade, é quando a gente sai desse lugar reservado para a gente, de miserabilidade e invisibilidade social”, ressalta.

No sábado (10), a prefeitura de Belém, por meio da Coordenadoria Antirracista de Belém (Coant), publicou uma nota de protesto e repúdio ao segundo ato de violência contra o Quilombo da República, reforçando que o entorno do espaço é um território negro, lugar de encontro, reencontro, acolhimento, alegria e, especialmente, espaço de resistência negra em Belém.

“A Coordenadoria, assim que soube de mais esse ato de violência, entrou em contato com o Comando da Guarda Municipal de Belém. E a Coant deve oficiar a Secretaria de Estado de Segurança Pública, a fim de pedir celeridade e acompanhar as ações de investigação sobre os atos cometidos contra o QR em âmbito da competência de apuração da Polícia Civil”, informou, em nota.

A prefeitura confirmou que, em menos de três meses, os coletivos que participam do QR, como espaço de empreendedorismo de produção de negros e negras, realizaram dois boletins de ocorrências contra as violências e danos físicos no local, trazendo prejuízos para as integrantes do movimento. “Nossa total solidariedade ao Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa) e ao Coletivo Pretas Paridas da Amazônia organizações do Movimento Negro do Pará, vítimas de mais uma expressão concreta do racismo que permeia toda a sociedade brasileira”.

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