ASMR: entenda como funciona o formato de vídeo que ajuda a relaxar

No Brasil, esse tipo de vídeo recebe milhares de visualizações nas redes sociais e plataformas de streaming

Laís Santana

O que você gosta de fazer para passar o tempo e relaxar? Para muitas pessoas ler, ouvir música, assistir a séries são ótimas opções para passar o tempo, mas para outras assistir a vídeos de pessoas sussurrando, estourando plástico bolha, comendo, esculpindo barras de sabão, dentre outras produções, é o conteúdo preferido para os momentos de relaxamento. Esse formato de vídeo é conhecido como ASMR, sigla que significa Autonomous Sensory Meridian Response, que nada mais é do que uma resposta do cérebro para determinados estímulos visuais e sonoros que provocam uma sensação de relaxamento muito parecida com receber uma massagem, por exemplo. No Brasil, os vídeos recebem milhares de visualizações nas redes sociais e plataformas de streaming. 

O modelo de vídeo surgiu por volta de 2009 e se popularizou no YouTube onde até hoje milhões de pessoas buscam as produções com a intenção de relaxar, aumentar a concentração ou um boa noite de sono. Fã de ASMR, a estudante Vitória Monteiro, de 22 anos, lembra de ter tido contato com os sons que geram satisfação ainda na infância, na época do "Áudio 3D", e depois na adolescência já nas redes sociais. "Eu tenho duas memórias muito específicas, uma de quando o meu tio chegou e me mostrou um áudio no celular dele, na época que não tinha nem internet e tu tinhas que baixar o áudio, e pediu pra eu colocar os fones de ouvido. O áudio simulava corte de cabelo, ele pediu pra eu fechar meus olhos e sentir aquilo. E eu senti exatamente como se tivesse cortando o meu cabelo, senti uma pressão na nuca e eu adorei essa sensação", relembra. 

image Estudante Vitória Monteiro (Foto: Sidney Oliveira / O Liberal)

"E a próxima lembrança é de quando eu já adolescente vi um video no Facebook de uma mulher comendo. Lembro que na época foi muito compartilhado e as pessoas falavam que era grotesco o barulho dela comendo, foi então que vi algumas pessoas comentando que esse tipo de vídeo era ASMR. Como eu dei o like, a rede social começou a entregar mais e mais esse conteúdo pra mim, aí eu fui começar a ver que eu não me incomodava, mas eu achava que ASMR era só vídeo de pessoas comendo. Foi então que comecei a pesquisar sobre o assunto no YouTube, pesquisar canais e ver vídeos específicos e eu consegui me encontrar no tipo de ASMR que eu gostava", conta Vitória. 

Os vídeos passaram a fazer parte da rotina de Vitória, principalmente a noite, pois a ajudava a relaxar e dormir. Hoje em dia, a jovem revela que continua consumindo ASMR por gostar muito e porque os vídeos continuam a ajudando a dormir. "Eles entraram na minha rotina na época da escola quando eu tinha muita dificuldade pra dormir, eu via que me davam sono, acalmavam. Muitas das vezes eu cheguei a dormir com o celular na mão e depois de todos esses anos o ASMR continua me ajudando a dormir, meu objetivo é dormir tranquila."

No Brasil, um dos canais mais famosos é Sweet Carol, que tem mais de 2,32 milhões de inscritos e faz vídeos abrindo presentes, comendo, com sussurros e mexendo com massinha. Enquanto isso, na Twitch, uma categoria específica reúne streamers fazendo transmissões ao vivo de ASMR. Em uma pesquisa da Deezer, aplicativo de streaming musical, apontou que 29% dos brasileiros sentem prazer ao ouvirem ASMR. e mais de um quarto dos entrevistados falaram que ouvem ASMR para dormir, enquanto 21% ouve para melhorar o humor. Já a geração Z foi a única faixa etária que revelou consumir o conteúdo por "entretenimento". 

Quanto as sensações, 25% das pessoas disseram não têm nenhuma reação física ou emocional; 24% se sentem mais calmos e relaxados; 11% disseram sentir arrepios; e 14%, formigamento. As sensações também variam de cada país. No Brasil, os entrevistados falaram que a principal percepção foi a de "prazer". No México, alegaram achar os vídeos "intrigantes". Nos Estados Unidos e na Alemanha, os entrevistados disseram achar os vídeos "estranhos". No Reino Unido, classificaram como "irritante" e os franceses disseram que os vídeos não fazem nenhum sentido.

Em contrapartida, a pesquisa também mostrou que o sotaque francês é o mais popular. Os entrevistados também mostraram preferência para a voz feminina (45%) do que a masculina (18%), os outros 30% alegaram não ter preferência. Mas a pesquisa não é unânime, cerca de 4% dos entrevistados disseram que “odeiam”, outros 5% sentiram que “não amaram” e 31% se sentiram indiferentes com os vídeos.

Há anos consumindo este formato de vídeo, a estudante Vitória Monteiro já elegeu diversos tipos de ASMR como favoritos. "De início eu gostava de assistir ASMR 3D que me causava a mesma sensação da infância. Atualmente, o meu tipo favorito é de cozinha, eu gosto muito de estar no silêncio total e ouvir as comidas serem cortadas, o fogo acendido, a forma que a pessoa amassa o alho, o barulho que a faca faz quando corta a comida, são barulhos muito específicos que eu gosto muito. Também já gostei de pintura, de desenho, o barulho que o pincel faz quando passa pelo quadro, o barulho que o lápis faz quando toca no papel, é algo que me acalma, que me dá sono", detalha. 

Danielle Almeida, psicóloga especialista em Saúde Mental, explica que o trabalho sonoro realizado pelos vídeos em ASMR estimula a psique, resgatando muitas vezes sons e barulhos até mesmo da infância. "Alguns barulhos são sons que remetem a infância, a momentos que guardamos na nossa memória, nas nossas reminiscências, com grande carisma, aí esse barulhinho nos remete a esse momento prazeroso", pontua. 

A especialista ainda destaca que o ASMR pode auxiliar no tratamento de transtornos como ansiedade e síndrome do pânico. "Quem sofre com a insônia, crises de ansiedade ou pânico, a depressão, alguns transtornos mentais já estão sendo trabalhados com essa modalidade para que você consiga obter esse relaxamento. Os vídeos são curtos aí você consegue ouvindo ter essa sensação de bem-estar e aí sim você consegue adormecer, e no momento de uma crise é possível encontrar essa calma", acrescenta Danielle Almeida. 

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM