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Após obras na João Paulo II, população espera alívio durante período de chuvas

Apesar disso, moradores ainda preferem 'esperar para ver' se drenagem e pavimentação no trecho que costumava alagar terá algum resultado

Ana Carolina Matos

"A gente estava no buraco e agora a gente está na avenida". A frase da comerciante Marinete Dantas, de 49 anos, resume o sentimento da população que mora no entorno do trecho da avenida João Paulo II, no bairro Curió-Utinga, que recebeu uma obra de drenagem e pavimentação. Iniciadas no início de setembro de 2019, as obras foram entregues em meados de dezembro do ano passado, pela Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) da Prefeitura de Belém, com a promessa de melhorar a vida da população local.

Moradora da passagem Elvira - um dos locais mais afetados quando as fortes chuvas decidiam assolar a capital paraense - há quatro anos, Marinete tem um pequeno comércio de variedades. Ao longo desses anos, ela diz que já perdeu diversos eletrodomésticos por conta da chuva, entre geladeira e freezers usados também para armazenar as mercadorias, que por vezes também seguiam o caminho das águas que invadiam o comércio e a residência, aos fundos.

image Marinete Dantas, de 49 anos, mora há quatro anos na passagem Elvira - um dos locais mais afetados pelas chuvas (Igor Mota / O Liberal)

"Quando chovia muito ninguém conseguia trabalhar. Alagava tudinho. A água vinha por aqui e lá por trás", relembra, apontando para os fundos da casa, que vai até a passagem Matilde - outro ponto de intensos alagamentos.

"Quando chovia muito ninguém conseguia trabalhar", relembra a comerciante Marinete Dantas

Não foi só a possibilidade de que os períodos de chuvas sejam menos difíceis que mudou para a comerciante. Segundo ela, os benefícios da pavimentação já são percebidos pelos moradores, que passaram a viver em um local com melhor acessibilidade para automóveis. "Agora até o movimento para a venda melhorou bastante. Antes também os carros não entravam aqui, nem ambulâncias. Então quando tinha uma emergência eles ficavam lá em cima, na avenida João Paulo II", relembra, em tom de comemoração pela conquista.

Ao longo dos 17 anos, Mônica Raiol, de 47 anos, já viu dezenas - e talvez centenas - de carros enguiçando em meio às altas marés que inviabilizavam o tráfego de veículos pela avenida João Paulo II, cujo trecho alagado, de longe, parecia até um braço de rio. A própria mulher - que mantém um pequeno restaurante entre as passagens Elvira e Matilde - sentiu na pele os impactos dos alagamentos com a perda de itens essenciais para o trabalho na cozinha, com prejuízos como um fogão e uma geladeira semi novos que foram deteriorados pelas águas.

image Trecho da avenida João Paulo II recebeu melhoria durante obras que duraram quase três meses (Igor Mota / O Liberal)

"Levantaram muito a via. Ficou bem alta. Aqui tinha até uma escada pra subir", lembra ela, mostrando que o anterior desnivelamento praticamente sumiu e agora o restaurante e a avenida estão na mesma altura para facilitar o escoamento da água. Entretanto, sem registro de uma grande chuva, a mulher ainda é reticente. "Ninguém sabe ainda como vai ficar realmente", aponta.

"Ninguém sabe ainda como vai ficar realmente", aponta Mônica Raiol, sobre as melhorias

A dúvida também é a mesma de outra comerciante, Pâmela Beatriz Sodré, de 28 anos. "A gente só espera que não alague mais. Já perdemos muita coisa, entrava muita água aqui. Nunca contamos os prejuízos, porque sempre estávamos mais preocupados em secar a loja. Ainda não teve uma chuva forte pra sabermos se teve resultado, agora é só esperar", avalia.

A desconfiança é justificada. Ao lado do pai, a jovem gere uma loja de materiais de construção, que praticamente ficava no epicentro do caos. Por 12 anos, ela conta que viu de perto os prejuízos causados pela chuva e pelo descaso no local. "A cada ano que passava, piorava", conta. Agora, segundo a jovem, o momento é de aguardar se a população terá paz nas próximas chuvas.

Se depender da previsão do boletim divulgado pelo Núcleo de Monitoramento Hidrometeorológico da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), na última quarta-feira, 6, o teste será feito ainda neste inverno. De acordo com a análise, a partir do próximo dia 15, as chuvas, que serão diárias, ficarão mais intensas na Região Metropolitana de Belém (RMB). Na capital paraense, o volume esperado é de 400 milímetros (mm) de chuvas. A duração, de curta a moderada, que deverá cair principalmente entre o início da tarde e as primeiras horas da noite, também será a prova de fogo - ou de chuvas - para os moradores do bairro do Curió-Utinga.

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