Alvo de reclamações, obras do BRT Metropolitano seguem atrasadas 

Governo do Pará já gastou cerca de R$ 423,7 milhões e construção não termina

O Liberal
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As obras do BRT Metropolitano na BR-316 começaram em janeiro de 2019. De lá para cá, o governo do Estado já gastou cerca de R$ 423,7 milhões e a construção não terminou. O BRT seria concluído, segundo o governo estadual, em agosto de 2020, mas esse prazo já foi adiado várias vezes, e até agora a construção não foi finalizada, e o mais grave, a obra afunila o tráfego deixando o trânsito lento e bagunçado para centenas de trabalhadores, como o auxiliar administrativo, Antônio Carlos da Silva.

“É o caos”, desabafou Antônio Carlos. Morador da passagem Antônio Couto próximo à prefeitura de Ananindeua, no km 8 da BR-316, ele explicou que precisa sair de casa às 5h45 para não chegar atrasado às 8h, no trabalho na unidade do Sesc da Doca, no centro de Belém.

Nesta segunda-feira, 25, mesmo saindo de casa antes das 6h, chegou atrasado no trabalho. “É que no trecho do km 3 a obra estreita a pista e só tem uma faixa liberada. Quando tem acidente para tudo. Hoje de manhã dois ônibus ficaram no prego perto da Unimed, aí já viu”, contou o trabalhador.

Obra do BRT Metropolitano está atrasada

Obra interminável estreita a pista

"Eu moro em Águas Brancas e trabalho na Arthur Bernardes e estou esperando esse BRT, com certeza, ele ia me ajudar, mas ele nunca fica pronto”, reclamou a encarregada de loja, Michelle Moraes. Ela contou que é obrigada a pegar quatro ônibus por dia para ir e voltar ao trabalho, e a viagem demora o dobro porque a obra interminável estreita a pista.

Quando concluído, o BRT Metropolitano ligará os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides. Esse conceito modal foi anunciado em fevereiro do ano passado para ser entregue em março de 2023, mas não há previsão de término.

Conforme já anunciado pelo governo do Estado, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) financia 78% das obras, enquanto os demais 22% são recursos do tesouro estadual.

Buracos na pista e pilares de concreto no meio-fio 

Pedestres e motoristas também reclamam do estado precário da BR-316, a rodovia responsável por dar boas-vindas a quem chega à capital paraense, Belém. É que os serviços do BRT causam inúmeros buracos, e a pista constantemente tem de ser recapeada e fica cheia de emendas, sem falar nos grandes pilares de concretos no meio-fio, que dificultam o ir e vir dos transeuntes.

Na teoria, o projeto Nova BR, do governo do Estado, inclui a implantação do sistema Bus Rapid Transit (BRT). A meta é a de ampliar o transporte público na RMB a partir de um sistema integrado. Na prática, o projeto Nova BR começou em 2019, e foi anunciado com o primeiro prazo de conclusão em 19 meses, ou seja, em agosto de 2020, mas isso ficou só na teoria.

A construtora Odebrecht deixou a obra em 2021. O segundo colocado no certame, o Consórcio Mobilidade Grande Belém formado pelas empresas Construtora Marquise e Comsa S.A, foi convocado e assumiu a obra com contrato assinado em setembro de 2022.

Pelo contrato, o consórcio ficou responsável por executar o “remanescente de obras do sistema troncal de ônibus da Região Metropolitana de Belém, incluindo a implantação do seu sistema de controle operacional”, tendo disponível o valor total de R$ 4781,1 milhões.

O governo estadual então passou a informar uma data tentativa de conclusão da obra: dezembro de 2022, após, prorrogou para março de 2023. Um ano já se passou e a obra segue sem finalização.

História do projeto

Os primeiros estudos na RMB para melhorias na entrada e saída de Belém começaram a ser elaborados ainda na década de 1990, por meio de acordos de cooperação técnica entre o governo do Estado e a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). Na época, foi elaborado o primeiro plano de transporte para RMB. Em 2000, uma atualização foi feita visando a implantação do sistema integrado e prevendo ampliação da entrada da capital.

Três anos depois, em 2003, um novo estudo de viabilidade foi projetado, mas somente em 2010, foi atualizado. A partir disso, foi elaborada a carta consulta para empréstimo internacional junto à Jica, visando a implantação desse sistema. A garantia do investimento ocorreu em 2012. Depois, se iniciou um longo impasse envolvendo o governo do Estado e o governo federal: por ser federal, a rodovia não poderia receber intervenções e obras da gestão estadual. Foi assim que o então presidente Michel Temer, em 2016, assinou portaria repassando a cessão do trecho à administração estadual.

Dados importantes do BRT Metropolitano

Objetivo: interligar os municípios de Belém, Ananindeua, Marituba e Benevides

Impacto: melhorias na mobilidade urbana para cerca de 2,5 milhões de pessoas na RMB

Início das obras: janeiro 2019 até o momento

Orçamento: Estado (R$530 milhões), Odebrecht (R$ 385 milhões) e Consórcio Mobilidade Grande Belém (acima de R$ 478 milhões)

Executores: Odebrecht Engenharia e Construção Internacional S.A (2018-2021); e Consórcio Mobilidade Grande Belém (2021-atualidade).

Prazos de conclusão: agosto de 2020, dezembro de 2021, dezembro de 2022 e março de 2023.

NGTM diz que, atualmente, o total da obra está com 60% de execução

O Núcleo de Gerenciamento de Transporte Metropolitano (NGTM) informa que já foram investidos no contrato atual cerca de R$ 285 milhões de reais no projeto BRT Metropolitano, com o financiamento da Jica. Atualmente, o total da obra está com 60% de execução. As pistas expressas de concreto já estão mais de 75% executadas e os túneis de Marituba e Ananindeua, mais de 90%. Já foram liberadas 4 passarelas e outras 9 estão em construção. A obra tem várias frentes em execução ao mesmo tempo. Entre elas estão serviços de drenagem, pavimentação asfáltica e em concreto, construção de passarelas, terminais de integração e túneis. Ainda serão investidos R$ 300 milhões no contrato vigente do empreendimento, com previsão de conclusão para o final do segundo semestre.

 

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