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Aliciador de meninas e mulheres para tráfico de pessoas é próximo das vítimas, alerta ONU

Capacitação do Ministério da Justiça contra tráfico de cidadãs e trabalho escravo ocorre em Belém até sexta (8)

Eduardo Rocha
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O aliciador de meninas e mulheres para o tráfico de pessoas visando a exploração sexual em 84% dos casos é uma pessoa bem próxima dessas cidadãs, e, também, no contexto socioeconômico atual, depois da crise maior da pandemia da covid-19, a população precisa estar atenta para os "convites" para ganhos fáceis e "oportunidades de trabalho". O alerta foi feito por técnicos da Defensoria Pública da União, o Ministério do Trabalho e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC Brasil), em Belém, nesta quinta-feira (7). Eles coordenam a Capacitação sobre assistência às vítimas de tráfico de pessoas e direitos das pessoas migrantes, até esta sexta-feira (8), no Hotel Sagres, como parte do Programa TRACK4TIP. 

"Quanto ao perfil dos traficantes, aliciadores de primeira linha, ou chefes de eventuais organizações criminosas, a gente sempre pensa em alguém muito distante da vítima, e os dados dos relatórios globais, internacional e nacional, apontam que na verdade 84% desses aliciadores, desses traficantes têm uma relação de intimidade com as vítimas. A gente está falando de um número muito alto. É um parente, um familiar, um amigo, é um colega de trabalho, que acaba aliciando e tirando um proveito financeiro em cima dessa operação. São pessoas de confiança da vítima", enfatizou Daya Hayakawa Almeida, coordenadora de Projetos do Escritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC Brasil). 

Como informou Daya Hayakawa, "de acordo com o último relatório global sobre o tráfico de pessoas publicado pelo UNODC, em 2020, 65% das vítimas eram mulheres e meninas, sendo que 90% eram mulheres meninas em situação de exploração sexual. Isso no mundo. Mas o relatório brasileiro publicado no ano passado, que congrega dados entre 2017 e 2020, também apontou que 75% são mulheres. Então, são números muito similares". No contexto de atividades rurais, há casos de trabalho escravo masculino em fazendas, garimpos, extrativismo. "São homens que estão, sim, em condições de tráfico humano.

Pará

Para se ter um exemplo da gravidade do assunto em foco, Rafael Castro, auditor fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho e Previdência Social, informou alguns dados sobre o Pará: em 2020, o Estado teve 97 trabalhadores em casos de tráfico de pessoas para trabalho escravo. Os município de maior origem dos trabalhadores foram Itaituba, Jacundá e Novo Repartimento, com destino a Jacareacanga, Rondon do Pará e Tucuruí. Em 2022, até 3 de fevereiro, nove trabalhadores foram resgatados da situação de trabalho escravo. 

Além desse número em 2022, em 30 de junho cinco pessoas foram presas durante a Operação São Lucas, com foco em uma comunidade que se denomina religiosa por suspeita de submeter pessoas à situação de trabalho análogo à escravidão, tortura e crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes no Estado. Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva - três de prisão temporária e quatro mandados de busca e apreensão em Tucuruí e Baião, no sudeste e nordeste paraense, respectivamente. Policias apreenderam dinheiro e celulares. Os dados da operação ainda estão em levantamento.

"O maior número de vítimas são  mulheres meninas para exploração sexual e, no caso dos homens, trabalho escravo. Na Amazônia, a gente tem casos de trabalho escravo em madeireiras, extrativismo da castanha, garimpo. Temos também situação de exploração sexual na Região Amazônica, sobretudo, na questão do transporte fluvial, população ribeirinha", pontuou Leonardo Magalhães, defensor público federal e membro do GT Nacional de Assistência às Vítimas de Tráfico de Pessoas da DPU. 

As estatísticas de tráfico humano  em 2021 ainda não foram divulgadas, mas se sabe que meninas de dez a 19 anos é a preferência para exploração sexual no Brasil (tráfico humano) e, no exterior, a partir dos 18 até os 35 anos, como repassou o defensor público. Denúncias sobre esses crimes podem ser feitas por  meio dos números 100 e 180.

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