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Ex-servidora denuncia vereador de Maracanã por abuso; parlamentar nega as acusações

Cacaia Rabelo (PL) é também presidente da Câmara Municipal

O Liberal
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Desde a semana passada, o clima tem sido acirrado na Câmara Municipal de Maracanã, município paraense. A ex-servidora Eva Nayana de Souza Dias prestou depoimento na Delegacia de Polícia Civil da cidade e registrou Boletim de Ocorrência (BO) acusando de abusos moral e sexual o vereador Cacaia Rabelo (PL), atual presidente da Casa, cujo nome real é José Maria do Socorro Silva Rabelo. Em sua conta no Facebook, Eva publicou imagens que mostram a denúncia, feita no dia 23 deste mês, às 19h41. O parlamentar nega as acusações.

Na publicação, ela comenta que “no decorrer de dois meses que ele tenta esconder a qualquer custo, me caluniando e difamando nos quatro cantos da cidade na tentativa covarde de esconder seu crime. É muito difícil ser mulher e trabalhar com uma pessoa com traços de psicopatia, tendo que aguentar coisas que podem muitas vezes ser desagradáveis e desastrosas na vida de uma mulher. Agonia e aflição nesse ‘jogo perverso’. Após dois meses de sofrimento e humilhação dou voz ao silêncio e revelo judicialmente para todos saberem os verdadeiros motivos pelo qual criou-se uma instabilidade no Poder Legislativo de Maracanã e que atingiram pessoas inocentes e íntegras”, afirma.

Em conversa com a reportagem do Grupo Liberal, Eva conta que foi funcionária da Câmara Municipal de Maracanã por 12 anos, no cargo de secretária legislativa, atuando na área administrativa. Quando o vereador Cacaia foi eleito à Presidência, a servidora continuou no cargo, até que, segundo ela, o presidente passou todas as demandas financeiras para ela.

“Em maio, ele começou a atrasar contas, envolvia dinheiro da Câmara com contas pessoais. Me fez pegar dinheiro emprestado. Ele falava assim, que tinha que contratar uma empresa, e ela não fornecia produto, tirava imposto e passava o dinheiro para ele. Já cheguei a ir buscar esse dinheiro com ele e sozinha. Ele dizia que uma parte era para cumprir acordos com vereadores e outra parte para pagar contas pessoais dele. Na última vez, ele armou uma casinha, me levou para pegar o dinheiro e Castanhal, me fez entrar em um motel para contar a quantia, mas eu já sabia a intenção. Eu estava dirigindo, falei que não iria entrar e ele disse que era meu chefe. Com medo de perder meu emprego, entrei, mas quando ele desceu do carro mandei um áudio para um amigo contando. Se acontecesse algo ele já sabia”, relata.

Eva afirma que, ao entrar no quarto, Cacaia teria jogado o dinheiro em cima da cama e pediu para que ela fizesse cálculos em seu celular. A servidora teria perguntado o que o chefe faria com ela, ao que ele teria respondido: “só quero tirar meu estresse”. “Ele me empurrou na cama, levantou minha roupa, puxou minha calcinha. Chorei muito por saber o que ia acontecer. Quando ele viu que me desesperei muito, parou”, lembra. Após a tentativa de abuso, Eva diz que as retaliações começaram, em setembro. Como tem três filhos para criar, a servidora não quis prestar queixa, mas afirma que todos os acontecimentos após isso foram motivados por vingança.

“Depois disso ele começou a me acusar de tudo, falar mal de mim da cidade, que desviei dinheiro, sendo que para sair um real dos cofres tem que ter assinatura dele e da tesoureira. Todo mundo começou a falar de mim, que eu roubei, e ele se fazendo de vítima. Jogou tudo nas minhas costas, reduziu meu salário para menos da metade e me difamou”, conta. Segundo Eva, um dia após o Boletim de Ocorrência, que foi feito dois meses após a agressão, a servidora foi exonerada.

Uma semana após a primeira denúncia ter sido feita, Eva diz que outras mulheres a procuraram com relatos parecidos contra o vereador. O caso está em investigação. “Não sou doida de arriscar 12 anos de trabalho inventando uma história assim. Não queria expor nada, mas o que fiz foi para mostrar a verdade, eu tava sendo falada na cidade, minha família toda sabia. Só quero que minha vida volte ao normal, queria continuar meu trabalho. Não vou recuar agora, meu nome já está na lama, vou continuar”, afirma.

Defesa

A reportagem também ouviu o presidente da Câmara, vereador Cacaia Rabelo. Ele afirma que sempre foi um exemplo de cidadão e político, e desde que entrou na Casa vem fazendo reformas, construindo poços, pintando, criando banheiros e outras obras. Barqueiro de Algodoal, ele sempre teve uma vida pública – era presidente da Associação de Barqueiros, depois foi administrador da ilha, até se eleger vereador. O político conta que as coisas começaram a dar errado por conta da parceria com um escritório de contabilidade em Belém.

“Achei que estava tudo bem. Não sou técnico, sou político, precisei de pessoas para fazer o serviço, até porque não paro na cidade, fico resolvendo as coisas fora. E ela era uma dessas pessoas de confiança. Mas saiu emprestando dinheiro de todos os comerciantes e agiotas da cidade no meu nome; R$ 10 mil de um R$ 15 mil de outro. Descobri isso de agosto para cá. Pra que eu ia querer esse dinheiro todo? A gente ganha R$ 3.800 lá na Câmara, tudo que fiz foi com meu dinheiro. Não bebo, não fumo, tenho trabalho social”, se defende.

Segundo o vereador, era a secretária e os contadores que faziam as notas – Eva pegava as assinaturas para pagar os fornecedores e, em um desses momentos, teria feito José assinar um documento indevido. “Eu nunca mandei pedir um tostão no comércio, meu nome é limpo. Ela pedia para não me falarem. Pediu R$ 10 mil para o próprio cunhado no meu nome, que também é vereador, mas ele foi meu amigo, disse pra ela falar comigo. Tirei das mãos deles, fui fazendo as mudanças na casa, colocando todo mundo na lei”, comenta.

Sobre a denúncia de tentativa de abuso sexual, Cacaia diz que não faz seu “perfil”, já que tem mulher, filhos, mãe e está “acostumado a ver mulher bonita em Algodoal”. De acordo com ele, várias vezes Eva foi até a sua residência à noite para resolver questões de trabalho, mas ele sempre teria pedido para que ela levasse a filha, para evitar comentários. Quanto à acusação da “rachadinha”, ou seja, o suposto esquema que Cacaia teria com os outros parlamentares, o presidente da Casa nega.

“Estou tranquilo, à disposição da imprensa e da polícia e de quem precisar de mim. Minha mãe de 80 anos quase morreu com essa notícia. Mas já entreguei tudo nas mãos de Deus. Ainda não recebi intimação, mas estou pronto pra isso”, finaliza. 

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