Renúncia de Zambelli foi 'cálculo' para garantir permanência na Itália, diz PL
Nota oficial classifica decisão do STF como 'vergonhosa' e admite manobra para preservar direitos políticos da ex-deputada
A renúncia da deputada Carla Zambelli (PL-SP), formalizada neste domingo (14), não deve ser lida como um ato de desistência, mas como um movimento friamente calculado no xadrez de Brasília. Essa é a narrativa oficial adotada pelo Partido Liberal. Em um comunicado divulgado pelo deputado Sóstenes Cavalcante (RJ) logo após a confirmação da saída da parlamentar, a liderança da sigla define o gesto como uma "decisão estratégica" para driblar o que classifica como um "ambiente de exceção".
O texto, assinado em tom de defesa institucional e pessoal, busca justificar a antecipação da saída de Zambelli antes que o processo de cassação fosse concluído pela Câmara dos Deputados. O objetivo central é claro: garantir margem jurídica para que ela continue na Europa.
Ato político contra o Supremo
O comunicado não economiza adjetivos ao criticar o Judiciário. A liderança do partido argumenta que a renúncia foi uma resposta necessária a uma "decisão vergonhosa do STF", referindo-se à ordem de substituição imediata da parlamentar. Para o grupo político da ex-deputada, a Corte teria ignorado o devido processo legal.
"A renúncia não foi improvisada nem emocional. Ao renunciar antes da conclusão da cassação, Carla Zambelli preserva direitos, amplia possibilidades de defesa e evita os efeitos mais graves de um julgamento claramente politizado", diz o comunicado.
Estratégia de sobrevivência e permanência na Itália
Mais do que preservar o mandato, o texto admite que a manobra visa a liberdade de Zambelli, que se encontra presa na Itália aguardando decisão sobre extradição. A visão do partido é que, sem o mandato, ela escapa da inelegibilidade imediata e fortalece seus argumentos perante a Justiça italiana.
A nota rechaça o termo "fuga" e prefere "cálculo jurídico". "Isso não é fuga. É cálculo jurídico em um ambiente de exceção. Quando a Corte perde a imparcialidade, a estratégia passa a ser a única forma de proteção contra o arbítrio", defende o texto.
O desfecho do comunicado apela para a lição histórica da política, sugerindo que Zambelli poderá retornar ao cenário futuro por ter sabido a hora de sair. "História e direito ensinam: quem entende o jogo institucional, sobrevive a ele", conclui a nota.
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