Mulheres em cargos de responsabilidade no setor público contam como é dividir carreira e maternidade
Como mulheres conciliam a maternidade com carreiras exigentes no serviço público, enfrentando obstáculos e superando culpas para se manterem presentes na vida dos filhos e bem-sucedidas profissionalmente.

Conciliar maternidade e carreira continua sendo um dos maiores desafios para mulheres em cargos de liderança. No serviço público, onde as exigências são elevadas e a ascensão depende de dedicação constante, mães em funções de responsabilidade compartilham como equilibraram essas duas esferas e enfrentaram dilemas para garantir presença na vida dos filhos sem abrir mão da trajetória profissional.
Desafios da Maternidade no Serviço Público
A desembargadora Sulamir Palmeira Monassa de Almeida, presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 8ª região, vivenciou a maternidade ainda na graduação. "Estava terminando a Faculdade de Direito. Apenas estudando", disse. O maior desafio, segundo ela, foi o retorno ao trabalho após as licenças-maternidade. "Deixar meu bebê com terceiros foi muito difícil. Sempre contei com uma rede de apoio familiar", afirmou.
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Sulamir destaca como o trabalho afetou a convivência com os filhos, especialmente durante viagens a serviço. "Eu partia com o coração dividido. Era uma separação forçada, mas necessária", revelou. Nos períodos de folga, ela se dedicava totalmente aos filhos. Hoje, aos 73 anos e mãe de quatro filhos, ela celebra os frutos dessa jornada. "Sinto que tudo valeu a pena. Eles sentem o reflexo positivo da minha realização profissional", afirmou a presidente do TRT. Seu conselho para outras mães é simples: “Saibam equilibrar a convivência entre trabalho e maternidade”, orientou.
Superando Obstáculos: A Maternidade na Carreira Pública
A procuradora federal Isadora Chaves Carvalho, de 36 anos, se tornou mãe dois anos após assumir seu cargo no Ministério Público Federal. A distância da família e a falta de apoio inicial foram desafios que ela superou com perseverança. "Morava longe da minha cidade natal, o que me impossibilitou de contar com ajuda familiar. A amamentação também foi desafiadora, pois optei por fazê-la em livre demanda", revelou. Durante a pandemia, o teletrabalho adotado pelo MPF foi uma solução importante para mantê-la mais próxima da filha.
Como muitas mães, Isadora enfrentou a culpa associada à ausência. "O remorso acompanha quase todas as mães, infelizmente. Mas com o tempo, aprendi a ver isso com mais generosidade. Quando trabalho, também ensino minha filha sobre independência e determinação", afirmou. Para ela, sua trajetória também representa um exemplo de representatividade feminina. "Mostro para minha filha e para outras mulheres que é possível ocupar cargos importantes, especialmente na área jurídica, sem deixar de ser mãe", disse.
Hoje, Isadora acredita que oferece à filha mais do que tempo; oferece presença de qualidade. "Aprendi a gerir meu dia. No trabalho, estou focada. Quando saio para casa, sou 100% mãe", explicou. Seu conselho para outras mulheres é rejeitar a busca pela perfeição: “É possível conciliar maternidade e carreira. Não precisamos dar conta de tudo sozinhas. A sociedade ainda exige que sejamos apenas uma coisa, mas é hora de normalizar que podemos ser ambas.”
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