Judiciário sai da COP 30 ‘mais forte e ativo’ na defesa da Amazônia, afirma Fachin ao Grupo Liberal
Em entrevista exclusiva, presidente do STF afirma que Justiça brasileira precisa reforçar ações contra crimes ambientais e macrocriminalidade na região amazônica após evento climático em Belém; ministro também falou sobre julgamento contra tentativa de golpe de Estado.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, afirmou que a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) deve deixar como legado ao Judiciário brasileiro uma atuação “mais forte, ativa e integrada” na proteção da Amazônia e no combate à criminalidade ambiental. Em entrevista exclusiva ao Grupo Liberal, ele destacou que o tribunal tem obrigação constitucional de responder às ameaças climáticas e democráticas.
Fachin defendeu que o Judiciário adote práticas de sustentabilidade internamente, fortaleça decisões civis e criminais relacionadas ao meio ambiente e siga atuando com rigor em processos ligados à tentativa de golpe de Estado e ataques à democracia.
COP 30 e Judiciário: “duas dimensões” de responsabilidades
Segundo Fachin, o impacto da COP 30 sobre o Judiciário envolve “duas perspectivas”: a interna, com adoção de práticas sustentáveis, e a externa, ligada à prestação jurisdicional em matéria ambiental.
“A gente deve adotar práticas como a descarbonização, a utilização de energia limpa e a mudança de hábitos em relação à reciclagem de resíduos”, afirmou. Para ele, o Poder Judiciário precisa dar o exemplo na gestão sustentável.
Na frente externa, o ministro reforçou que o Supremo deve continuar julgando ações ambientais relevantes, tanto civis quanto criminais. Ele lembrou que crimes ambientais na Amazônia estão diretamente ligados a grupos organizados.
“Temos uma grande preocupação com os crimes ambientais, que vêm especialmente da região amazônica e são agravados pelos seus liames com a macrocriminalidade”, disse.
Fachin citou ainda que atividades ilegais como tráfico de pessoas, armas e drogas compõem “uma forma atípica de governança criminosa” que exige atuação firme.
Justiça climática após a COP 30: “ativo, mas não ativista”
Perguntado se o STF terá papel mais ativo na garantia de políticas climáticas, o ministro afirmou que o Judiciário já vem dando respostas expressivas — como no descontingenciamento dos Fundos Clima e Amazônia — e tende a intensificar essa atuação.
“Não se trata de ativismo. Trata-se sim de ser um Poder Judiciário ativo, mas não ativista. Ativo no sentido de não ser omisso”, pontuou.
Ele reforçou que a Corte deve seguir protegendo direitos de povos tradicionais e assegurar um futuro “habitável”.
“Estamos zelando pela preservação do próprio ambiente e pelas possibilidades de vivermos um futuro habitável”, declarou.
Caso Bolsonaro: “Este é o caminho do Supremo”
Fachin comentou também o impacto institucional da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. Ele frisou que o STF age sempre dentro de sua competência e apenas após acionamento formal.
“O Supremo Tribunal Federal não age sem ser antes provocado”, explicou.
Segundo o ministro, o rito é claro: investigação policial, análise da Procuradoria-Geral da República, oferecimento de denúncia, acolhimento pelo STF e instrução da ação penal. “Esse é o caminho que trilha o Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
Novos julgamentos e defesa da democracia
Questionado sobre a celeridade dos processos de outros envolvidos na trama golpista, o presidente do STF reforçou que a Corte seguirá atuando com rigor técnico e independência.
“Todas as ofensas que se dirigirem contra o Estado de Direito Democrático serão investigadas, apuradas e julgadas”, garantiu Fachin.
Ele destacou ainda que a Constituição de 1988 define o STF como guardião da ordem democrática:
“O Supremo é o guardião do Estado de Direito Democrático e continuará a fazê-lo”.
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