Governo faz operação para retirar assinaturas da CPMI dos atos golpistas, diz jornal
Palácio afirma que está atrás dos financiadores dos atos de 8 de janeiro

O Palácio do Planalto lançou uma operação para convencer deputados e senadores a retirar suas assinaturas do requerimento que pede a abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro. A ofensiva, segundo o jornal Estado de São Paulo, inclui a oferta de nomeações para cargos de segundo escalão nos Estados, como diretorias do Banco do Nordeste (BNB), além de superintendências da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
Segundo fontes próximas ao governo, ministros de partidos aliados, principalmente do União Brasil, também estão sendo pressionados a ajudar na missão "abafa CPI". Nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apesar das acusações contra ele, e avisou que exigiria apoio no Congresso.
VEJA MAIS
O objetivo da operação é evitar a abertura da CPI e, consequentemente, atrapalhar votações importantes, como a da nova âncora fiscal e a da reforma tributária. "CPIs que são mobilizadas por quem passou pano nos atos terroristas não são os melhores instrumentos para fazer apuração", disse o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. "Nós estamos indo atrás de quem financiou a tentativa de golpe de Estado."
O deputado André Fernandes (PL-CE), autor do pedido de investigação dos atos de 8 de janeiro, afirmou que três colegas - Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), Célio Silveira (MDB-GO) e Pastor Gil (PL-MA) - retiraram as assinaturas do requerimento. "Eles estão retirando, mas a gente está colocando mais", minimizou. Fernandes disse que cinco deputados - Milton Vieira (Republicanos-SP), Luiz Nishimori (PSD-PR), Junior Lourenço (PL-MA), Celso Russomanno (Republicanos-SP) e Luciano Vieira (PL-RJ) - aderiram ao movimento. Hoje, o requerimento tem o apoio de 191 deputados e 35 senadores.
Sessão tem discussão acalorada
Na sessão da quarta-feira (8), na Câmara, Fernandes reproduziu um áudio antigo de Lula defendendo CPIs. As discussões foram acaloradas. A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), protestou e houve bate-boca. Miguel Ângelo (PT-PR) afirmou ter sido agredido pelo colega José Medeiros (PL-MT). "Ele me empurrou e pisou no meu pé", disse Ângelo. "Nós estávamos próximos. Se pisei, peço desculpas", afirmou Medeiros.
O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS) disse ter ouvido uma tentativa de suborno do governo Lula para enterrar a CPMI. Não apresentou nenhuma prova ou mesmo indício sobre a acusação, mas, mesmo assim, publicou a denúncia nas redes sociais.
"Eu ouvi, da boca de um deputado federal que recebeu a mensagem de um emissário de Lula, que quem retirar a assinatura terá R$ 60 milhões de emendas RP-2", afirmou Sanderson ao Estadão. Questionado pelo deputado Nelsinho Padovani (União Brasil-PR), Padilha disse se tratar de "fake news".
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA