Demissão de Silvio Almeida é 1ª de um ministro por assédio sexual no Brasil desde a redemocratização
Silvio Almeida foi demitido após denúncias de assédio sexual encaminhadas à organização Me Too Brasil

Silvio Almeida, que ficou à frente do Ministério dos Direitos Humanos até 6 de setembro deste ano, foi o primeiro ministro do governo demitido no Brasil desde a redemocratização, em 1985. É o que aponta um estudo conduzido pela Universidade de Brasília (UnB), que monitora crises de imagem na Esplanada dos Ministérios há 13 anos e analisou quase 14 mil edições da Folha de S.Paulo desde 15 de março de 1985, data que marcou o início da presidência de José Sarney.
Coordenado pelo professor Wladimir Gramacho, da Faculdade de Comunicação da UnB, o estudo revela que diferentes ministros enfrentaram mais de 500 crises de imagem, mas nenhuma delas, até as denúncias contra Silvio Almeida, envolviam alegações de teor sexual.
“O contexto social e político mudou muito nesses 40 anos. No começo da Nova República, uma série de temas não estavam pautados, e agora estão. Eu acho que um desses temas são as questões de gênero, a maior discussão sobre patriarcado, machismo”, declarou Wladmir Gramacho, acrescentando que “o nível de documentação e de extensão das ações do ex-ministro foram suficientes para que isso fosse divulgado”.
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Silvio Almeida foi demitido após denúncias contra ele envolvendo assédio sexual encaminhadas à organização Me Too Brasil terem vindo à tona. Segundo reportagem do portal Metrópoles, uma das vítimas seria a ministra Anielle Franco, titular da pasta da Igualdade Racial.
Crises de imagem
O estudo revelou também que o governo José Sarney lidera em números de crises de imagem, com 119 crises envolvendo ministros. Jair Bolsonaro (PL) teve 66, Fernando Collor de Mello enfrentou 41 e Itamar Franco, 39.
Durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foram 52 crises, enquanto Lula enfrentou 50 no primeiro governo e 40 no segundo.
Na pesquisa, foram classificados dois grandes grupos de crises: morais (que incluem casos de corrupção, abusos de poder, conflitos de interesses e até homicídio) e as não morais (englobam crises por mau desempenho, disputas político-partidárias ou conflitos de opinião).
“É um momento crítico para o presidente, que precisa avaliar em que medida aquela crise se esgota em pouco tempo, é mais ou menos importante no momento do governo, e em que medida pode prejudicar a imagem do próprio presidente. E aí troca-se, simplesmente", explicou o professor Wladimir Gramacho.
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