CPMI do INSS: Veja os principais pontos do depoimento de Eli Cohen
Considerado peça-chave nas investigações, Cohen detalhou o funcionamento de um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões

Na segunda-feira, 1º de setembro de 2025, o advogado Eli Cohen prestou depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Considerado peça-chave nas investigações, Cohen detalhou o funcionamento de um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões, que envolvia associações de fachada e resultou em um desvio estimado em R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Como Eli Cohen descobriu as fraudes
Cohen relatou que sua investigação teve início em 2022, quando foi procurado por duas pessoas que atuavam como laranjas para empresas de Maurício Camisotti, um dos principais envolvidos no esquema. Esses indivíduos recebiam um salário mínimo mensal para assinar como presidentes da Ambac, uma associação de fachada criada por Camisotti. A partir dessa informação, Cohen iniciou suas apurações, que culminaram na identificação de um esquema de fraudes envolvendo descontos não autorizados em benefícios previdenciários.
Funcionamento do esquema de fraudes
Durante seu depoimento, Cohen detalhou como o esquema operava: aposentados e pensionistas eram induzidos a autorizar descontos em seus benefícios, muitas vezes sem seu conhecimento, em favor de associações que, na prática, não prestavam os serviços prometidos. Essas associações, frequentemente de fachada, eram utilizadas para desviar recursos dos segurados.
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Questionado sobre as medidas adotadas na época, Cohen afirmou que “investigaram um pouco e, de repente, não deram continuidade às apurações”. Ele acrescentou que, após dois meses, percebeu que “nada ia acontecer” e decidiu buscar alternativas por conta própria.
O advogado relatou que inicialmente procurou um jornalista da revista Veja, que publicou uma pequena nota sobre o caso. Posteriormente, ele foi contatado por um profissional do Metrópoles, a quem repassou todas as informações que possuía.
Cohen explicou: “Ele [o jornalista do Metrópoles] não tinha os equipamentos nem o know-how que nós tínhamos à disposição. Então, ele me pediu se eu poderia fornecer os dados, e eu disse: ‘Com certeza!’ Forneci tudo, e foi graças a essa colaboração que nossa investigação ganhou repercussão e chegamos ao ponto em que estamos hoje”.
Ameaças sofridas por Eli Cohen
O advogado também relatou que, desde o início de suas investigações em 2022, tem sido alvo de diversas ameaças. Ele afirmou: "Várias ameaças", indicando que sua atuação no caso gerou resistência por parte dos envolvidos no esquema. Apesar dos riscos, Cohen manteve seu compromisso com a verdade e a justiça, contribuindo significativamente para a interrupção de um esquema de fraudes que desviou R$ 2,8 bilhões dos cofres públicos. Senado Federal
Prisões solicitadas pela CPMI
Com base nas informações fornecidas por Cohen, a CPMI decidiu encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prisão preventiva de 21 pessoas envolvidas nas fraudes. Entre os nomes mencionados estão Maurício Camisotti, Antônio Carlos Camilo, Antônio Luz, Fernando de Araújo, Márcio Alaor, André Fidelis, Virgílio Antônio Ribeiro, Eric Fidelis e Ramon Novais.
O depoimento de Eli Cohen à CPMI do INSS é considerado fundamental para explicar o funcionamento do esquema de fraudes que afetou milhões de aposentados e pensionistas no Brasil. Sua coragem em investigar e expor as irregularidades, mesmo diante de ameaças, contribuiu para a identificação dos responsáveis e para a adoção de medidas que visam reparar os danos causados aos segurados.
Para assistir ao depoimento completo de Eli Cohen, acesse o vídeo abaixo:
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