Cooperativismo fornece mais de 80% da merenda do Pará e assume protagonismo na COP 30
Presidente da OCB aguarda cumprimento de promessas ao setor feitas durante o encontro climático
O presidente da Organização das Cooperativas do Brasil no Estado do Pará (OCB/PA), Ernandes Raiol, destaca o protagonismo do cooperativismo durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), mencionando a participação ativa em todas as discussões e a presença de autoridades internacionais. Em entrevista ao Grupo Liberal, ele ressalta que mais de 80% da merenda escolar do estado é produzida por meio desse sistema, o que demonstra a sua importância. Segundo ele, esse modelo socioeconômico de colaboração abrange oito ramos (agricultura, serviço, crédito, saúde, seguro) e destaca a importância do movimento no Pará.
No estado, a entidade possui diversas iniciativas em operação, que passam por setores como o agronegócio, saúde e agricultura familiar. Esse último é o responsável pela produção que garante o abastecimento da merenda escolar, além de também ajudar as Forças Armadas e hospitais no estado. Um dos destaques desse segmento são os produtores de açaí, cultivo tradicional no estado e na região Norte de maneira mais ampla, profissionais que também estariam se alinhando a técnicas mais sustentáveis.
“Esses produtores de açaí estão produzindo também a sua própria energia limpa, que é a energia solar. Por isso que na COP 30, nós fomos lá e dissemos: olha, mundo, o cooperativismo do Pará já está cuidando disso. Estamos cuidando dessa parte ecoambiental, como gosto de falar e produzindo energia limpa, reflorestando e dentro dessa lógica aí da produção do açaí aí, a gente não planta só açaí, nós fazemos um sistema agroflorestal”, diz o presidente.
Ele ainda lembra que o Dia Internacional do Cooperativismo foi comemorado durante o encontro climático em novembro, sendo também o segundo ano em que o cooperativismo foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o "maior negócio da Terra".
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Futuro
Após o encerramento das atividades da COP 30, a expectativa do presidente é de que as promessas feitas ao setor sejam cumpridas, sobretudo, quanto as questões de regularização fundiária, o que ele descreve como um dos principais problemas do estado. “Isso foi discutido na COP 30 e precisa ser resolvido porque, uma vez resolvido, nós do cooperativismo vamos com certeza evoluir”, destaca. O saldo dessa iniciativa seria de mais vagas de emprego e segurança aos trabalhadores desse setor.
“Temos aí planejamentos claros de que se conseguirmos ter os nossos títulos ambientais e fundiários na nossa cooperativa, em 5 ou 10 anos nós poderemos gerar tranquilamente cerca de 300 a 400 mil empregos diretos e indiretos, dado a segurança jurídica que isto trará para nossas cooperativas”, avalia o presidente.
Ele aponta que o cooperativismo possui seus próprios recursos financeiros, mas precisa lidar com muitos entraves burocráticos que afetam o segmento, que potencializa as comunidades locais onde as cooperativas estão inseridas. Para ele, um dos papéis do setor é o de fortalecer a economia local e evitar o êxodo de jovens e trabalhadores para os centros urbanos.
“Para o setor, a COP 30 representou mais que um evento, foi uma oportunidade de ampliar vozes, construir compromissos e sair fortalecido. Agora, a esperança é de que todas as promessas feitas sejam realmente cumpridas”, conclui.
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