CPI da Covid: Helder e mais oito governadores serão convocados a depor
Requerimento protocolado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) destaca necessidade de apurar fraude na compra de respiradores pulmonares pelo Governo do Pará
Os senadores que compõem a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid aprovaram nesta quarta-feira (26) requerimento para convocar nove governadores, dentre eles o do Pará, Helder Barbalho (MDB). A lista de convocados foi decidida após a primeira reunião secreta entre os membros da comissão, que durou cerca de duas horas. Em seguida, o presidente da comissão Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que foram convocados os governadores de estados onde houve operações da Polícia Federal.
Além do governador paraense, estão na lista de convocação: Wilson Lima (AM), Ibaneis Rocha (DF), Mauro Carlesse (TO), Carlos Moises (SC), Antonio Oliverio Garcia de Almeida (RR), Waldez Góes (AP) e Marcos José Rocha dos Santos (RO). Também foi convocado o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel.
O requerimento de convocação do governador Helder Barbalho, foi protocolado pelo senador governista Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Na sua justificativa, ele alega que é necessário "esclarecer os detalhes da operação 'Para Bellum', realizada pela Polícia Federal para apurar a existência de fraude na compra de respiradores pulmonares pelo Governo do Pará, mediante contrato por dispensa de licitação". A reportagem solicitou um posicionamento do Governo do Pará sobre a convocação, mas não teve retorno até o fechamento da matéria.
Os senadores governistas, como Eduardo Girão (Podemos-CE) e Marcos Rogério (DEM-RO), tentaram convocar mais governadores, como João Doria (PSDB), de São Paulo. No entanto, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), defendeu uma lista mais enxuta. Na visão do governo, a convocação de muitos governadores resultaria inevitavelmente na prorrogação da CPI, o que não interessa ao Palácio do Planalto.
Racha
A votação para convocar os governadores gerou um "racha" entre os integrantes do chamado G7, que são os parlamentares titulares da comissão que não são alinhados ao governo. Antes da sessão, todos os integrantes da CPI se reuniram secretamente e o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), tentou construir um acordo em torno da convocação de governadores, que tem sido uma demanda dos parlamentares da base, na tentativa de tirar foco da comissão sobre o governo federal.
O vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL) se mostraram contra a convocação de governadores e expuseram a questão durante a sessão, ressaltando que não haviam participado de acordo algum. Aziz, por outro lado, se irritou com pedidos de convocação de prefeitos e do Consórcio Nordeste, feito por parte do senador Eduardo Girão, que se diz independente mas integra a tropa de frente da base na comissão. "Falta de respeito comigo, que fiz acordo com vocês. Nós fizemos acordo", afirmou.
Aziz pontuou que não lhe agradava convocar, por exemplo, o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), mas que a questão já havia sido combinada. Para convocar governadores, o critério estabelecido foi ter investigação da PF ou do Ministério Público. Após o fim da sessão, com a convocação de nove governadores e do ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, Alessandro Vieira foi o primeiro a sair da sala das comissões e disse que preferia que o próprio presidente falasse sobre o acordo. O senador criticou a proposta feita por Randolfe de convocar o presidente Jair Bolsonaro. "Não tem o menor cabimento. Princípio básico de separação de poderes", afirmou.
A estratégia de Randolfe ao apresentar o requerimento tem relação com a convocação dos governadores. O senador ressaltou que se os chefes dos Executivos estaduais podem ser convocados, o presidente também pode. "Eu tenho um receio grande de nós desviarmos o foco. Não chegamos a celebrar acordo. Havia um aceno sobre a convocação dos governadores, que eu acho que é flagrantemente inconstitucional. Ofende o artigo 147 do regimento interno do Senado. E se nós pudermos convocar os governadores, por coerência tinha que convocar o presidente da República", afirmou
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