Confusão na Câmara de Porto Alegre termina em protesto, tiros e spray de pimenta
Projeto que restringe atuação de catadores nas ruas da Capital seria votado nesta quarta-feira (15)
A sessão plenária desta quarta-feira (15), na Câmara de Porto Alegre, terminou com uma confusão generalizada. O tumulto começou entre agentes da Guarda Municipal e manifestantes, que queriam participar da sessão desta quarta no prédio do Legislativo. No meio do confronto, vereadores acabaram atingidos por balas de borracha e spray de pimenta.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, solicitou a abertura de uma investigação para apurar o ocorrido. Imagens das câmeras corporais dos agentes devem ser analisadas no processo. Pelo menos cinco vereadores, além do deputado estadual Miguel Rossetto (PT), foram atingidos durante o conflito.
Devido à situação, o projeto que estava na pauta desta quarta-feira acabou não sendo votado. O texto que seria analisado atualiza o código municipal de limpeza urbana e previa uma restrição maior da atuação de catadores na capital. Outro tema pautado era a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) à iniciativa privada.
A tensão se afunilou no meio da sessão, após os manifestantes serem barrados na entrada da Casa Legislativa. A Casa permitiu apenas dez pessoas por vez e recolheu itens como mastros e bandeiras. Quando o limite máximo de público nas galerias foi atingido, as entradas foram suspensas.
A presidente da Câmara, vereadora Comandante Nádia (PL), afirmou que a medida segue o protocolo de segurança da Casa. Insatisfeito, o grupo tentou ultrapassar a barreira e entrar no pátio do Legislativo. Diante da situação, os portões foram fechados e agentes da Guarda Municipal formaram um bloqueio na entrada inferior do prédio.
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Os manifestantes alegaram agressões por parte dos guardas a parlamentares de partidos de esquerda e, após o diálogo, se iniciaram os disparos. Os parlamentares Grazi Oliveira (PSOL), Atena Roveda (PSOL), Giovani Culau (PCdoB), Erick Dênil (PCdoB) e Juliana de Souza (PT) foram atingidos durante a ação.
O vereador Giovani Culau relatou que o grupo buscava garantir o acesso dos manifestantes a itens básicos, como água e banheiro.
“Nunca imaginei viver isso na minha vida, apanhar na Câmara Municipal, em um momento em que o povo apenas queria o direito de acompanhar o que está sendo votado”, afirmou.
A presidente da Câmara justificou a atuação da Guarda, dizendo que a intervenção foi necessária para manter a integridade das pessoas e a ordem no plenário.
“A intervenção foi para garantir a integridade das pessoas e a preservação da ordem, que é uma condição indispensável. Manifestações são bem-vindas desde que ocorram dentro dos limites do regimento”, disse Nádia.
A vereadora informou ainda que a Câmara deve adotar um protocolo mais rígido de segurança em sessões que tratem de projetos polêmicos.
A sessão, suspensa por quase duas horas, foi retomada no fim da tarde. Nádia anunciou que a votação do projeto que restringe a atuação dos catadores nas ruas de Porto Alegre será retomada na próxima segunda-feira. Já a proposta sobre a concessão do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) ainda não tem data para ser apreciada.
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