Cemitério da Soledade entra em nova fase de restauração em Belém
Espaço histórico deve ser incluído no roteiro turístico durante a COP 30, em novembro, na capital paraense

O Parque Cemitério Soledade, também conhecido como Cemitério de Nossa Senhora da Soledade, localizado no bairro Batista Campos, em Belém, está na segunda etapa do processo de restauração. O local, que reúne arquitetura mortuária datada entre 1850 e 1880, será preparado para receber visitantes como parte do circuito turístico da cidade durante e após a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), marcada para novembro.
Inaugurado em janeiro de 2023, durante as comemorações dos 407 anos de Belém, o Parque Cemitério teve seus túmulos e mausoléus mais simbólicos restaurados na primeira fase do projeto. Entre os destaques estão os jazigos do general Gurjão, herói de guerra; da Preta Domingas, mulher escravizada; e do menino Zezinho, considerado santo pela devoção popular.
Mais de dez novos túmulos serão restaurados nesta etapa
A segunda fase da obra prevê a recuperação completa de mais de uma dezena de sepulturas. O projeto é coordenado pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e conta com parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), do Governo do Pará e da Prefeitura de Belém.
Tombado pelo Iphan desde 1964 e também protegido por lei municipal desde 1994, o cemitério sofreu por décadas com o abandono e riscos de desabamento antes do início das obras.
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Equipe técnica acompanha o andamento das obras
Na manhã da última quarta-feira (23), o coordenador da restauração, professor Alexandre Loureiro, da UFPA, visitou o local ao lado do arquiteto do Iphan Geovani Blanco e dos arquitetos Jorge Pina e Tânia Moraes, da Secretaria Municipal de Cultura (Semcult). A previsão é que a entrega da segunda etapa ocorra em agosto, durante a Semana do Patrimônio.
Túmulos populares passam por nova intervenção
Alguns jazigos restaurados na primeira etapa estão recebendo nova limpeza e manutenção. É o caso do túmulo da Preta Domingas, que sofreu avarias devido ao calor das velas acesas por devotos. O mesmo ocorre no túmulo do menino Zezinho, falecido em 13 de fevereiro de 1891. Considerado um santo popular, seu jazigo agora conta com uma proteção para evitar contato direto do público, após tentativas de vestir a imagem da criança.
Cemitério da Soledade é marco da arquitetura funerária da capital
O Soledade é classificado pelo Iphan como “campo santo”, por reunir aspectos religiosos, paisagísticos e arquitetônicos expressos nos jazigos. A capela do parque também está passando por restauração, com o objetivo de descobrir a cor original da construção. O local está vinculado à Paróquia da Santíssima Trindade, que celebra novenas às segundas-feiras, às 17h.
Outros espaços de destaque no cemitério incluem o campanário, os túmulos das quatro irmandades religiosas e o cruzeiro. O Soledade integra o conjunto arquitetônico e de memória de Belém, ao lado de ícones como o Palácio Antônio Lemos, Palacete Bolonha e Mercado de São Brás.
Projetado como um cemitério monumental, com jazigos escolhidos em catálogos por famílias abastadas no século XIX, o local preserva inscrições em português arcaico, com mensagens de afeto e devoção aos entes sepultados.
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