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Serviço atende PMs que sofreram atentados e ficaram mutilados durante operações policiais

"É uma equipe de policiais que trabalha defendendo esses policiais militares”, diz o diretor do Fundo de Assistência Social da Polícia Militar do Pará (FASPM), coronel Moisés Costa da Conceição

Dilson Pimentel

Durante uma perseguição policial, o soldado PM Paulo Maurício Cavalcanti dos Santos colidiu com um caminhão de lixo e teve que amputar a perna esquerda. O acidente ocorreu em 2019, em Parauapebas, no sudeste do Estado. Naquele mesmo ano, o aluno praça Bruce Baía Duarte sofreu um atentado a bala ao chegar em casa, em Belém. Atingido na coluna, ficou paraplégico.

Cavalcanti usa uma prótese na perna esquerda. Bruce é cadeirante. Ambos são atendidos pelo Fundo de Assistência Social da Polícia Militar do Pará (FASPM), que, com sua sede em Belém, oferece auxílios, serviços e benefícios para os militares.

O órgão foi criado, pelos policiais militares, em 1965, para atender e dar apoio aos policiais militares e seus familiares nas dificuldades que a profissão traz para a vida deles. “É uma equipe de policiais que trabalha defendendo esses policiais militares”, diz o diretor da FASPM, coronel Moisés Costa da Conceição.

Em 2022, o FASPM fez a doação de 39 prótese/órtese (prótese de perna, aparelhos auditivos, cadeiras de rodas especiais) para os policiais militares atendidos no Fundo. No total, e incluindo todos os serviços ofertados, foram mais de 18 mil atendimentos (pecúlio, auxílio funeral, atendimentos na farmácia; doação de medicamentos e doação de passagens - aérea, rodoviária e fluvial, entre outros). O Fundo tem representações em 33 cidades.

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É feito todo um trabalho para que ele se adapte a essa nova realidade", diz coronel 

Quando o policial sofre um acidente ou um atentado, ele recebe o atendimento médico e há todo o acompanhamento na estrutura de saúde do Estado. Em seguida, é encaminhado para o FASPM, onde é recebido por uma assistente social que vai acompanhá-lo juntamente com uma equipe de terapeutas ocupacionais, psicólogos e assistentes sociais. “É feito todo um trabalho para que ele se adapte a essa nova realidade", disse o coronel Moisés. A perda de um membro do corpo causa um impacto psicológico muito grande.

“Essa equipe os acompanha. Essa equipe foi treinada para isso, pra gente buscar um melhor equipamento que atenda e leve ele a ter uma vida quase que a normal que ele tinha”, disse. Esse aparelho não é comum. É personalizado para a realidade dele.

Ele vai ser treinado para utilizar aqueles aparelhos. Não é só chegar assim: ‘ah, vamos comprar a cadeira’. A gente não trabalha dessa forma. ‘Ah, vamos fazer uma coleta aqui para comprar uma cadeira. Não. Tem que ver como foi a lesão dele. É feita uma análise com terapeuta, psicólogo, traumatologista. E, a partir daí, é prescrito para ele o melhor equipamento para que ele minimize as possíveis consequências. Então não é uma coisa assim aleatória”, explicou o coronel Moisés.

Hoje existe uma legislação, que foi aprovada nesse governo estadual, para que esse policial possam retornar para a corporação, mas, na prática, isso ainda não ocorreu. No caso do soldado Cavalcanti, ele está se dedicando ao vôlei. “Inclusive já foi convocado para a seleção brasileira de vôlei sentado. Nós apoiamos ele para seleção brasileira de vôlei sentado. Ele foi convocado e aí o fundo apoia dentro da estrutura. A ideia é que essas pessoas levem uma vida normal", disse o coronel Moisés.

image Diretor da FASPM, coronel Moisés Costa da Conceição: "É uma equipe de policiais que trabalha defendendo esses policiais militares” (Igor Mota/O Liberal)

No caso do Bruce, como foi tetraplegia, ele faz acompanhamento hospitais de Fortaleza e Brasília. "A gente já adquiriu a passagem dele pra ele ir”, explicou. Os policiais atendidos são da capital e do interior. “É variado. Um estava num processo de formação e geralmente são policiais que estão na linha de frente que tem essa probabilidade maior. Mas acontece gente que trabalha na área administrativa ao chegar em casa e sofre um assalto, é atingido por um tiro. Então quando está se deslocando para casa sofre um acidente”, afirmou.

Também tem auxílio financeiro, que não é empréstimo. É um auxílio financeiro para ele não se endividar e ter que recorrer a agiota - a casa alagou, quebrou um telhado e precisa de R$ 2 mil, R$ 3 mil e um dinheiro para fazer esses reparos. "Empresta quase sem juros e parcela em suaves prestações", disse o coronel. Ele informou que vai ser lançado o aplicativo do FASPM, que está em fase de conclusão.

“É uma transformação incrível em sua nossa vida”, diz policial militar

O soldado Cavalcanti lembrou que, à época, ele e um colega de farda perseguiam, de moto, dois traficantes: "A gente estava numa avenida principal e um caminhão de lixo adentrou o cruzamento. Ele quase pega meu colega e, com isso, ele veio a frear e fechou o cruzamento pra mim. Não deu tempo de eu fazer muita coisa. Eu tentei desviar dele e acabei colidindo num caminhão de lixo. A minha perna veio a bater na quina da prancha onde eles ficam lá atrás”, contou. 

“Com isso eu saí da moto e já vi minha perna passando em cima de mim. Ali mesmo decepou minha perna. Eu tinha perdido ali imediatamente a minha perna”, afirmou. O processo de superação é difícil. “É uma transformação incrível na nossa vida”, disse ele, que perdeu a perna aos 33 anos.

A gente tem que botar Deus acima de tudo. Mas, graças a Deus, de imediato a corporação me acolheu. Desde ali, a minha turma de lá do meu batalhão já foi voluntária por conta própria. E me ajudou na doação de sangue", contou. "Eu perdi quase todo o meu sangue e fiquei com menos de três litros de sangue no corpo”, afirmou. Ele foi transferido para Belém, onde contou com um melhor suporte na área de saúde. Cavalcanti é grato ao FASPM, por meio do coronel Moisés, e ao coronel Dilson Jr, comandante geral da PM.

“Se hoje eu estou conseguindo dar os meus primeiros passos é graça ao FASPM, que me deu a prótese”, contou. Esse equipamento, que dobra e serve para as atividades do dia a dia (não é própria para a prática esportiva) custou R$ 65 mil. Antes do acidente, ele jogava vôlei.

Cavalcanti é formado em Educação Física. E já participava de competições. E foi convidado para participar da seleção brasileira de vôlei sentado, com a qual viajou para participar de competições. Por causa da prótese, o apelido dele é Cyborg 18. O 18 era o número dele na equipe da Rocam (Rondas Ostensivas Com Apoio de Motocicletas).

image Em 2022, o FASPM fez a doação de 39 prótese/órtese (prótese de perna, aparelhos auditivos, cadeiras de rodas especiais) para os policiais militares atendidos no Fundo. O serviço com farmácia para atender esses militares (Igor Mota/O Liberal)

Soldado que sofreu atentado destaca ajuda recebida do FASPM

O soldado Bruce Baía Duarte foi vítima de um atentado. "Sofri uma emboscada onde fui atingido por um disparo e posteriormente evolui para um quadro de paraplegia",disse. "Foi na minha chegada aqui em casa do quartel, no bairro do Guamá. Na época eu era aluno soldado lá. De formação", contou.

"No começo de toda situação adversa porque é bem difícil. É um período de mudança, de adaptação e minha reabilitação. Foi tudo lento, mas tive ajuda da família e de Deus primeiramente e a instituição na retaguarda também, o Faspm, na parte social, nos ajudou muito e tem nos ajudado até hoje", afirmou.

No caso dele, ajudou com doações de cadeira de rodas e de cadeira de banho. "Tem dado assistência no meu tratamento tanto aqui dentro de Belém, na minha parte de fisioterapia, deslocamento, casa, hospital, quanto os recursos que eu tenho buscado lá fora. Eu faço também o acompanhamento no Hospital Sarah de Fortaleza", disse. O FASPM tem custeado a viagem e a hospedagem  dele. Na época do atentado ele tinha 29 anos de idade.

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