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Refém na Augusto Montenegro: 'Mistura de problemas psicológicos com drogas', diz vítima sobre Yann

Em conversa com a reportagem de O Liberal, Ana Júlia de Sousa Brito confirmou que viu o momento em que sequestrador tentou suicídio

Ana Laura Carvalho
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Ana Júlia de Sousa Brito, 26, feita refém juntamente com os filhos - de três, sete e nove anos - por mais de 17 horas na última quarta-feira (8), na avenida Augusto Montenegro, em Belém, recebeu a reportagem de O Liberal na casa dela, na noite desta sexta-feira (10). A jovem, que trabalha como animadora de festas, relatou os momentos de terror que viveu sob a mira de uma faca empunhada por Yann Carlos Monteiro Barroso. Ana contou que ofereceu dinheiro para que a família dela fosse liberta, mas o sequestrador não aceitou. A vítima também avaliou que o rapaz criava, em seu imaginário, pessoas e situações inexistentes. Questionada sobre qual avaliação faz do sequestrador, Ana declarou que Yann possui uma “mistura” de problemas psicológicos com drogas. Segundo ela, o sequestrador tentou esfaquear a criança de três anos, e dizia que poderia fazer uma “bobagem”. Além de tudo isso, Ana Júlia foi testemunha ocular da tentativa de suicídio de Yann.

Dinâmica do ocorrido

“Eu estava no Castanheira, o Uber estava dando caro, então, eu andei com as crianças lá para a Augusto Montenegro, porque estava mais barato. O Uber chegou e parou um pouco mais para lá. Ele me mandou uma mensagem, dizendo que estava mais à frente, por causa dos ônibus, que paravam toda hora lá. Eu estava com a neném no colo, mais os meus dois filhos e fui entrando no carro. Eu pensei que ele (Yann) ia me ajudar. Ele estava meio sujo, com a roupa rasgada. Pensei que fosse aquele pessoal que pede dinheiro para a gente. Ele sorriu para mim, eu sorri para ele”, relembrou.

Ela acrescentou: “Mas eu já sabia mais ou menos a intenção. Eu entrei (no carro), ele se aproveitou que eu estava com a neném no colo e anunciou: 'Perdeu, perdeu. Eu quero a imprensa'. “Desde aí, começou toda aquela loucura. Ele gritando com o Uber, o Uber gritando com ele. E eu tentando acalmar eles. O Uber dizia para ele: 'Sai daí, vagabundo'. Ele (Yann) dizia: 'Tu quer ver como eu faço e não tô brincando?', contou Ana Júlia. “Daí ele veio com a faca, ele ia cortar a neném que estava no meu colo, foi na hora em que eu segurei a faca e cortou a minha mão. O Uber foi e chamou a viatura que estava bem próxima. Eu acho que ele não estava bem da cabeça”, avaliou.

Momento mais tenso

Para Ana Júlia, sempre que os policiais se aproximavam do veículo onde a família era feita refém, se tornava o momento mais tenso das negociações. “Ele ficava muito nervoso e falava: ‘Ei, ei, para com isso. Vocês estão de onda. Tá vendo como vocês são? Vocês não estão pensando na vida das crianças, nem da moça. Eu tô com a faca no pescoço dela. Eu vou matar’. Só que eles não conseguiam enxergar como a faca estava. Ela estava meio de lado e, às vezes, ele colocava ela mais reta”, relembrou Ana Júlia, ao acrescentar que, nos momentos em que Yann cochilava, ela pensava na possibilidade de sair do carro, porém as portas do automóvel estavam trancadas.

Yann criava pessoas e situações inexistentes

“Ele falava todo tempo que todo mundo estava o perseguindo. Chegou uma certa situação que ele falava que eu estava no meio dos policiais. Que eu era de facção. Essas coisas. Eu falava para ele que não. Ele dizia que estava vendo os policiais lá em cima do muro. Eu falei: 'Tu tá vendo coisas'. Ele dizia que tinha gente atrás do carro. Mas não tinha. E ele via pessoas de preto”, declarou Ana Júlia.

Vítimas tentavam ganhar a amizade do sequestrador

Ana Júlia afirmou que, por vários momentos, tentava ganhar a confiança de Yann, para que libertasse ela e os filhos o mais breve possível. De acordo com a jovem, o sequestrador tinha mudanças repentinas de comportamento e humor. “Eu tentava criar vínculo com ele, para ver se ele amolecia o coração dele. Mostrei que eu era amiga dele, para ver se ele soltava a gente, porque estávamos cansados, principalmente a neném. Ela foi a que mais sofreu. Eu já não estava aguentando, imagine ela. Sem comer, sem beber água”, disse.

Ana Júlia relatou ainda que as crianças também tentavam demonstrar carinho para que o sequestrador desistisse da ação. “Na hora em que ele estava naquela confusão, brigando com o Uber, eles (as crianças) estavam chorando muito, gritando. Mas, depois que o Uber foi embora, eles se acalmaram, conversavam com ele (Yann), ficavam pedindo 'Moço, não vai matar a minha mãe não'. Tocavam nele e diziam 'Eu te amo', para ver se ele amolecia o coração dele”, falou.

“Ele não queria dinheiro”, diz refém

Ana afirmou que, na tentativa de colocar fim a todo aquele sofrimento, ofereceu R$ 1.000,00 para ele, sendo R$ 500 em espécie e R$ 500 no PIX, mais o celular dela, porém ele não aceitou.

“Logo de início, eu achei que ele ia pedir dinheiro. Mas, quando eu vi que ele sorriu para mim, eu sorri para ele, e ele se aproximou, eu já tinha mais ou menos uma noção. Pensei que era um assalto. Mas ele não queria dinheiro, se ele quisesse dinheiro, eu tinha quinhentos reais no meu peito, eu peguei e disse para ele: 'Toma!'. Dei para ele. Depois, eu disse que eu tinha mais quinhentos reais, que era do aluguel daqui de casa, e que eu ia dar para ele. Ele não quis. Eu dei meu celular na mão dele. Ele não quis”, relembrou Ana Júlia.

“Problemas psicológicos com drogas”, avalia vítima

Perguntada sobre qual a avaliação que faz sobre as condições do sequestrador, Ana Júlia declarou que Yann é uma pessoa com uma “mistura de problemas psicológicos com drogas”. Em vários momentos, Yann afirmava que a família dele estava sendo destruída pelo crime. “A avó dele apareceu, e ele falou que o crime estava prendendo ela. E que a família dele estava presa no crime. Dizia que a pior coisa era mexer com facção, que eles estavam prendendo a família dele. E que a avó dele estava junto do crime”, falou Ana Júlia.

Ana Júlia viu o momento em que Yann tentou suicídio

A jovem vítima do sequestro foi a principal testemunha de que Yann tentou suicídio logo após liberá-la. Segundo Ana Júlia, o rapaz cravou uma faca no pescoço com uma mão e empurrou a arma branca com outra. “Na hora em que eu estava no chão, eu vi. Ele pegou a faca, colocou aqui (no pescoço dele) e bateu assim. Só não vi sangue. Mas vi a hora em que ele enfiou a faca”, confirmou.

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