Morte de enfermeira em Ananindeua: família rejeita hipótese de enforcamento
Jamille de Paula Araújo, de 29 anos, encontrada em um apartamento na Avenida Mário Covas

A morte da enfermeira Jamille de Paula Araújo, de 29 anos, encontrada em um apartamento na Avenida Mário Covas, em Ananindeua, está sendo investigada pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Feminicídios (Defem). Embora exista a suspeita de suicídio por enforcamento, familiares e a advogada da vítima questionam essa versão.
O corpo foi descoberto na noite do último dia 30 de julho. A Polícia Científica do Pará (PCEPA) foi acionada para realizar os primeiros procedimentos no local, que foi isolado pela Polícia Militar. A autópsia foi realizada, mas o laudo oficial ainda não foi divulgado.
A advogada da família, Aline Vasconcelos, afirmou que o caso está sendo tratado com seriedade pelas autoridades, mas lenvanta dúvidas sobre a hipótese de suicídio. Ela disse que a vítima teria relatado a amigos e familiares agressões e ameaças sofridas por um ex-namorado, , identificado apenas como Thiago. Ele é o proprietário do apartamento onde Jamille foi encontrada morta, o mesmo que encontrou o corpo da jovem.
Segundo Aline, a perícia no local do crime e o exame no corpo já foram realizados, mas, devido à complexidade do caso, o laudo pode demorar mais do que o habitual. “Estamos aguardando esse resultado técnico para entender exatamente o que aconteceu. A Polícia Civil também está colhendo imagens de câmeras de segurança e ouvindo testemunhas. Nada está descartado”.
Ainda segundo a advogada, o caso pode continuar sob responsabilidade da Delegacia de Feminicídio ou ser redistribuído, dependendo das conclusões da investigação. “O que a família quer, acima de tudo, é a verdade”.
“Pode ser que, se porventura, seja concluído que se tratou de um suicídio, mas esse suicídio foi motivado pelo quê? Qual foi a participação dele para esse resultado?”, completou.
Em nota, a Polícia Civil informa que a Delegacia de Feminicídios analisa imagens das câmeras de segurança do condomínio para esclarecer as circunstâncias da morte. O órgão aguarda os laudos periciais e ouve testemunhas. As investigações ocorrem sob sigilo.
Irmã gêmea contesta versão e relata ameaças
A irmã gêmea da vítima, Jéssica Araújo, em depoimento emocionado, afirmou que Jamille era uma mulher alegre, cheia de planos e decidida a romper com o relacionamento abusivo que vinha enfrentando. “Ela estava reformando o quarto dela na nossa casa, a gente tinha viajado nos dois finais de semana anteriores. Ela estava feliz, com planos. Jamais acreditamos que ela teria feito algo contra a própria vida”, disse.
Jéssica revelou que a última mensagem da irmã foi enviada às 9h37 da manhã do dia da sua morte. Após isso, Jamille não respondeu mais. “Ela disse: ‘Vou ficar bem, relaxa’. Depois disso, silêncio. Eu insisti, mandei várias mensagens, mas não tive resposta.”
Segundo a irmã, Jamille havia saído de casa no dia 16 de julho, decidida a não retornar ao apartamento onde morava com o ex-companheiro. “Ela já tinha se mudado de volta pra casa, estava firme em não voltar com ele. Mas no dia seguinte, 17 de julho, ele começou a ameaçá-la”.
As ameaças teriam começado com a tentativa de envolver Jamille em uma falsa acusação de traição. “Ele mandou uma foto de uma mulher em um motel, dizendo que era ela. Mas não era. Jamille ficou desesperada, começou a tirar prints, mandou comprovantes de que estava indo ao trabalho naquele horário”.
Em seguida, o ex teria passado a ameaçá-la com a divulgação de vídeos íntimos. Segundo a irmã, um dos vídeos chegou a ser compartilhado por Thiago em grupos privados.
“Ela entrou em estado de choque, começou a chorar no trabalho. Eu disse que a gente ia à delegacia, pedir medida protetiva. Ela aceitou, mas depois desistiu. Disse que só queria esquecer isso, seguir em frente”.
Advogado do ex-namorado afirmam que ele será inocentado
À reportagem, Caio Cavalcante, advogado do ex-namorado de Jamille, Thiago, disse que os celulares dos dois foram coletado pela perícia e que não há informação no inquérito sobre nenhum vídeo íntimo. Ele também sustenta que a mulher não aceitava o fim do relacionamento e que já tinha um histórico de ameaças contra a própria vida.
“Em conversas de WhatsApp, o ocorrido se deu por conta dela não aceitar o fim da relação. Ela, no dia do ocorrido, foi ao apartamento por livre e espontânea vontade, inclusive com Thiago dormindo. Também em conversas de WhatsApp, Jamille já falava em atentar contra a própria vida, mesmo com o Thiago pedindo que ela não o fizesse. Temos certeza que o laudo pericial e as imagens da câmera de segurança vão inocentar nosso cliente”, conclui o advogado.
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