Morte de ‘Carioca’ no Memorial Magalhães Barata repercute em São Brás
Área revela riscos para transeuntes, comerciantes, moradores e pessoas em situação de rua
A cena inusitada ocorrida no último sábado (19), na área do Memorial Magalhães Barata, quando Raissa Guedes Brito Silva, conhecida pelo apelido de “Carioca”, foi morta a pauladas e facadas, ainda repercute entre moradores, comerciantes, trabalhadores e transeuntes daquele perímetro do bairro de São Brás, no eixo central de Belém. Logo após o crime, guarnições do 2º Batalhão de Polícia Militar (2º BPM) conseguiram prender dois homens envolvidos no homicídio e continuam as buscas por uma terceira pessoa.
Ainda nesta segunda-feira (21), a Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela Divisão de Homicídios. Perícias foram requisitadas e imagens estão sendo analisadas para identificar os autores do crime brutal.
Sob risco
A consultora de vendas Daniely Souza, 38 anos, que costuma apanhar ônibus nas imediações do Memorial Magalhães Barata, “considera a área muito perigosa, por causa dos assaltos”. Ela ressalta que uma guarnição da Polícia Militar costuma fazer rondas no local, mas “isso não é suficiente". "Seria bom se tivesse um posto policial aqui”, declarou.
A mesma opinião é compartilhada por um taxista que tem ponto bem próximo ao Memorial. Ele preferiu não se identificar, mas observou que o logradouro, quando foi inaugurado pelo então governador Hélio Gueiros, em 19 de abril de 1989, para comemorar o centenário de nascimento do ex-governador Magalhães Barata, contava com um posto da PM..
Uma comerciante que também preferiu não se identificar, disse que o local se tornou uma espécie de “cracolândia” e costuma atrair muitos usuários de drogas. “Dizem por aqui que depois de assaltar as pessoas nas paradas de ônibus eles [drogados] correm para se esconder no ‘Chapéu’ (“Chapéu do Barata”, como é conhecido o Memorial), e também saem pelas ruas dos bairros próximos oferecendo o que levaram das vítimas”.
Relembre o caso
“Carioca” foi morta na confluência das avenidas Governador José Malcher e Almirante Barroso, um local bem movimentado na capital paraense. Na área do entorno do Memorial Magalhães Barata funcionam o Terminal Rodoviário de Belém, lojas de pequeno, médio e grande portes, agências bancárias e uma das estações do Bus Rapid Transit (BRT). Ali também estão a Praça do Operário e muitas paradas de ônibus.
Antes de ser assassinada a pauladas, “Carioca”, que costumava circular naquela área, chegou a ser presa por uma guarnição do 2º Batalhão da Polícia Militar (2º BPM) por volta das 12h30, em São Brás. Segundo informações, ela era uma pessoa em situação de rua. A PM foi acionada pelo proprietário de uma residência depois que "Carioca" invadiu a garagem do imóel portando uma faca.
Ela ainda tentou resistir à prisão e foi conduzida até a Seccional de São Brás, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Mas, em seguida, foi liberada. Ao chegar à área do Memorial Magalhães Barata, “Carioca” foi agredida por três pessoas.
Uma testemunha filmou o autor do crime se distanciando do carro em que estava a vítima e onde foi morta. O corpo de “Carioca” foi encontrado com as mãos e pés amarrados, com sinais de facadas no pescoço e escoriações por outras partes do corpo provocadas por pauladas e pedradas. Inquérito policial foi aberto para apurar a causa do assassinato da mulher, que tinha passagens pela Polícia.
Dentro do lixo
Outro crime praticado na praça do Memorial Magalhães Barata, em janeiro deste ano, indica a necessidade de providências por parte das forças de segurança para aquele trecho da capital. Um homem foi encontrado morto dentro de uma lixeira, na avenida José Bonifácio, às proximidades da Feira da 25 de Novembro, no bairro do Marco. A vítima também teve os pés e mãos amarrados e apresentava sinais de espancamento.
Logo após a descoberta do corpo, a polícia tomou conhecimento que o crime havia ocorrido na praça do “Chapéu do Barata”. Análise de imagens de câmeras de segurança no trajeto entre a praça e o local onde o corpo foi encontrado possibilitou a identificação de três homens que apareciam puxando a lixeira onde estava o cadáver. Os envolvidos no crime já foram presos.
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