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'Hétero top': família de vítima conta como agiu o acusado de expor vídeos íntimos de influenciadora

Maurício César Mendes Rocha Filho, de 25 anos, foi preso sexta-feira (9), data em que completou um mês da morte de uma de suas vítimas, a influencer Luma Bony, de 23 anos

O Liberal

Acusado de expor vídeos íntimos de mulheres na internet, Maurício César Mendes Rocha Filho, de 25 anos, foi preso no bairro do Jurunas, em Belém, na última sexta-feira (9), mesma data em que completou um mês da morte de uma de suas vítimas, a influenciadora Luma Bony, de 23 anos. Neste sábado (10), a família da vítima concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Liberal para contar detalhes sobre o breve, porém, fatídico envolvimento de Maurício na vida da jovem - na esperança de colaborar para que outras mulheres estejam alertas a esse tipo de crime e, também, para que outras vítimas de Maurício César se sintam encorajadas a procurar a Justiça.

O pai de Luma, o empresário Bony Monteiro, conta que, à época da morte de Luma, que caiu do sétimo andar de um edifício em Belém, no dia 9 de novembro deste ano, a família ainda não fazia ideia da passagem de Maurício César pela vida da filha. Ele conta que há quase um ano a filha morava com o namorado, que era músico, e com quem tinha uma relação tranquila. Luma também tinha boa convivência com amigos e familiares e relação de amizade com dezenas de seus seguidores na internet.

“Ele [Maurício César] não fazia parte da vida da Luma. Era uma pessoa que a gente sequer tinha ouvido falar. A gente também não tomou conhecimento da existência dele de imediato. Quando a Luma morreu, levou um tempo até a gente descobrir como ele conseguiu entrar na vida dela. Ele mesmo em áudio confessa que conheceu a Luma no mesmo dia do crime”, narra o pai.

Bony conta que, depois que soube da morte da filha, a família começou a receber mensagens de desconhecidos via WhatsApp, comentando sobre um vídeo de Luma que circulava pelas redes sociais. Uma das mensagens dizia: "A sua filha não morreu como você acha que morreu. Tem mais coisa". Isso fez com que o empresário buscasse a Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil do Pará (PC).

A partir de então, o vídeo íntimo em que Luma aparece com o suspeito - estando ela visivelmente inconsciente - chegou até a família. O conteúdo havia sido publicado por Maurício César na própria rede social, dois dias antes da morte de Luma, no dia 6 de novembro, por volta das 18h30 – dia em que se conheceram. Foi quando a família começou a investigar o que teria acontecido.

“A gente nem precisou ir atrás, porque pessoas que já foram vítimas dele vieram até nós e contaram tudo que ele fazia. O que ele fez com a Luma não foi a primeira vez, mas com a Luma o caso chegou mais longe. Algumas já foram à delegacia, e a gente espera que outras também tomem coragem”, pondera Bony Monteiro.

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Família reconstituiu os passos do dia do crime

Por meio de relatos e também de mensagens em áudio trocadas por Luma com amigos, no mesmo dia em que teve o vídeo íntimo vazado, a família soube que Luma estava recebendo mensagens insistentes de Maurício César para que se encontrassem em um sítio, para uma suposta festa de família, ainda pela manhã. Naquele mesmo dia, Luma teria bebido após um desentendimento com o namorado, o que teria colaborado para que ela aceitasse o convite, depois de muitas negativas.

“Ela estava bêbada. Em várias mensagens, trocadas com amigas, ela fala como ele estava insistindo. Ela acabou cedendo. A gente descobriu, depois, que, chegando ao sítio, ele comprou ainda mais bebida no cartão dela, embebedou ainda mais a minha filha, drogou ela – o laudo da perícia mostra que ele deu LSD para a minha filha – e convenceu ela a sair de lá com ele. Ele disse que ia levar a Luma até a casa da avó dela, mas antes, precisava deixar uma mochila na casa dele e ela foi”, relata o pai de Luma.

Bony conta que Luma foi levada por Maurício César até a casa dele, onde ele morava com a mãe, a avó, o irmão e a cuidadora da avó. Lá, ele consumou violência sexual contra Luma, que já estava desacordada, e gravou a ação.

Mais tarde, ele deixou Luma na casa da avó, em um edifício no centro da cidade, e foi embora. Nos dias seguintes, segunda e terça-feira, 7 e 8 de novembro, Luma não chegou a entrar em contato com a mais ninguém, a não ser com a avó, para quem teria pedido R$ 2.500, sem explicar o motivo. A avó teria negado o dinheiro. Na quarta-feira, 9, Luma foi encontrada morta após cair do sétimo andar.

“A gente não entendia porque ela teria pedido aquele dinheiro. Hoje a gente sabe que ele fez chantagem com o vídeo onde ela é violentada. Isso depois de ter publicado um vídeo no próprio Instagram, que é aberto, e marcado a minha filha na publicação. A gente só pode imaginar como estava a cabeça dela naquela hora. Depois, as outras vítimas já nos contaram que ele tinha a prática de extorquir, ameaçando elas com os vídeos”, detalha o pai.

image Família de Luma Bony espera que a justiça seja feita e que todas as vítimas denunciem. (Ivan Duarte / O Liberal)

Família de Luma Bony quer justiça

A Polícia Civil do Pará (PC) não informa quantas outras mulheres já foram vítimas de Maurício César, mas confirma que o suspeito possui histórico por já ter divulgado vídeos íntimos e ameaçado outras mulheres. Além disso, Maurício também possui passagem na polícia por outros crimes.

Em 2018, Maurício se envolveu em um acidente de trânsito por dirigir supostamente alcoolizado, colidindo com dois veículos que estavam estacionados na rua dos Mundurucus, no bairro Batista Campos, em Belém. Na ocasião, seu pai, Maurício César Mendes Rocha, teria procurado a polícia para assumir a culpa em nome do filho.

Em 2021, ele também teria ameaçado a própria madrasta publicamente, em vídeos publicados na internet, dizendo que ela poderia denunciá-lo, porque ele não tinha medo. Em boletim registrado na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), a madrasta de Maurício, que à época estava gestante de quatro meses, o descreve como “perigoso, de comportamento inconsequente e que teme por sua integridade e de seus filhos pequenos”. Ela relata também que ele teria mostrado conteúdo pornográfico para seu filho menor de idade, e que vinha sofrendo com problemas de saúde devido às ameaças de Maurício.

Algo que indigna o pai de Luma, neste caso, é a aparente conivência da família de Maurício César com relação aos crimes que ele comete. “A gente ficou sabendo que ele tinha passagem pela polícia e o próprio pai dele tem vários processos na Justiça. O que mais me indigna, no caso da minha filha, é que ele a embebedou, a drogou e a levou para a casa onde estavam a mãe, a avó, o irmão, a tia e a cuidadora - ele diz isso em depoimento - então todas as pessoas estão vendo que chegou uma moça vulnerável. Será que essa mãe não viu? Ela não é mãe, é cúmplice. Cheio de tias dele no sítio, onde tias dele já tinham falado que ele gravava as moças. Isso não é tia, é cúmplice! O que a gente entende, então, é que todo mundo já estava sabendo e não fez nada”, diz Bony Monteiro.

Bony também conta que outras vítimas de Maurício, que chegaram a buscar contato com a família de Luma, contaram que elas são ameaçadas pelo próprio Maurício e pelo pai dele: “Inclusive uma das vítimas que foi à delegacia pedir medida protetiva contra ele, conseguiu, e o pai dele ligou para ela para ameaçar. Então você nota que não é uma família, é quase uma quadrilha”.

Até agora, Bony Monteiro diz que não chegou a receber nenhum contato de Maurício ou de familiar dele diretamente, mas lembra que, dois dias depois da morte de Luma, o pai de Maurício começou a seguir as irmãs da vítima nas redes sociais, bem como as redes sociais das empresas da família. Contudo, Bony diz que eles não estão com medo.

“A maioria das pessoas tem medo de se expor. O único medo que eu tinha era perder as minhas filhas, mas esse demônio já levou a minha filha, então a gente não tem medo de mais nada. Mas ele fez isso com a família errada e vai ter o vigor na Justiça sobre ele, até porque já começou. Estamos deixando a Justiça se movimentar, e ela tem feito isso de forma brilhante. Tenho que agradecer a todas as pessoas que nos procuraram e nos ajudaram. Agora só queremos justiça e prevenir que nenhum outro pai ou mãe passe pelo que estamos passando”.

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