Condutores de embarcação que quase afundou na Baía do Marajó não tinham habilitação, revela Marinha
Todos os ocupantes foram resgatados por outra embarcação, que navegava nas imediações, sem registro de feridos

A Marinha do Brasil informou, nesta sexta-feira (17), que o ferry boat Marajó Norte, que quase afundou na noite de quinta-feira (16), nas proximidades da Vila do Conde, em Barcarena (PA), não possuía condutores regularmente habilitados e transportava carga acima do permitido. O episódio ocorreu durante a viagem entre Belém e Curralinho, no arquipélago do Marajó, e provocou momentos de desespero entre os passageiros.
De acordo com a Marinha, todos os ocupantes foram resgatados por outra embarcação, que navegava nas imediações, sem registro de feridos. Uma equipe de inspetores da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) foi acionada para verificar a situação. A inspeção constatou as irregularidades e resultou na apreensão do ferry boat, que foi retirado de tráfego. O comandante da embarcação foi conduzido à Autoridade de Polícia Judiciária de Curralinho (PA) para a tomada das medidas cabíveis.
A Marinha também instaurou um Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as causas e responsabilidades do ocorrido. Até o momento, não há indícios de poluição hídrica. Em nota, a Polícia Civil informou que o caso foi registrado na manhã desta sexta-feira (17) na Delegacia de Curralinho. "O responsável pela embarcação foi conduzido à unidade policial, onde foram lavrados procedimentos legais por atentado contra a segurança de transporte fluvial e desobediência. As investigações continuam", comunicou.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram os momentos de pânico vividos pelos passageiros. Homens aparecem tentando retirar a água que invadia o interior da embarcação com baldes e recipientes improvisados, enquanto outros pedem socorro.
A professora Jaci Garcia, que estava a bordo, afirmou que o problema foi causado por excesso de carga. “Foi excesso de carga. Ainda há pouco eu comentava com a minha mãe que, como a gente vem a trabalho para essas viagens, já vem no automático. A única coisa que eu queria era colocar a minha rede”, contou.
Segundo ela, o Marajó Norte possuía quatro andares, sendo o primeiro completamente tomado por mercadorias, em uma área originalmente destinada a passageiros. “O primeiro estava cheio até o teto. Fui então para o segundo andar, onde consegui colocar minha rede. Havia ainda o terceiro andar, também com redes, e o quarto, que era a área da lanchonete.”
A professora relata que não houve qualquer orientação da tripulação durante o incidente. “Pela embarcação, não fizeram absolutamente nada. Não houve qualquer orientação. Para começar, nós nem tínhamos como identificar quem era tripulante e quem era passageiro, porque eles não estavam devidamente uniformizados. Ninguém orientou como deveríamos colocar os coletes. Isso foi algo que nós, passageiros, fizemos entre nós, um ajudando o outro”, relatou.
Com o agravamento da situação, passageiros começaram a acordar uns aos outros e colocar coletes. “Desci uma segunda vez e vi que a situação havia piorado. Subi e coloquei um colete. Um senhor tentou acalmar dizendo: ‘Gente, sem pânico, não precisa colocar coletes.’ Respondi: ‘Isso é uma questão de prudência, é o que todos deveriam estar sendo orientados a fazer.’ Começamos a acordar as pessoas, e nós mesmas distribuímos os coletes”, afirmou Jaci.
O socorro veio de outra embarcação, identificada como Bom Jesus, que retornou para realizar o resgate dos passageiros. “A empresa Bom Jesus já tinha passado pela gente e voltou para nos socorrer. Eu e outros passageiros começamos a pedir ajuda para familiares e amigos, e as autoridades de Curralinho conseguiram entrar em contato com a tripulação da Bom Jesus, que retornou para resgatar os passageiros. Graças a Deus”, contou.
Enquanto isso, a tripulação do Marajó Norte jogava sacos de cimento e outras mercadorias no rio para tentar aliviar o peso da embarcação, antes de retornar para Belém.
Segundo a Marinha, tanto o Marajó Norte quanto a embarcação que realizou o resgate seguiram viagem até o município de Curralinho. O inquérito instaurado pela CPAOR vai esclarecer as circunstâncias do incidente, as responsabilidades e eventuais penalidades.
A instituição reforçou que coloca à disposição da população os telefones do Disque Emergências Marítimas e Fluviais (185) e da CPAOR, pelos números (91) 3218-3950 e (91) 98134-3000 (mensagens), para informações e denúncias sobre situações que coloquem em risco a segurança da navegação, a vida humana nas vias fluviais ou o meio ambiente.
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