'Não somos propriedade', dizem mulheres em protesto após morte de modelo
Morte de jovem de 20 anos em Ananindeua revoltou ativistas de direitos humanos

Após a morte de Geordana Farias, modelo assassinada a facadas pelo homem com quem tinha um relacionamento abusivo na última quarta-feira, 01, um grupo de manifestantes se reuniram em um ato contra a violência contra a mulher e o feminicídio. Se reunindo em frente à sede da Prefeitura de Ananindeua na manhã desta sexta-feira, 03, mulheres levaram cartazes, faixas e gritaram palavras de ordem para chamar a atenção aos crime ocasionados pelo machismo.
O protesto teve como principal referência o caso Geordana, jovem de 20 anos que foi assassinada em uma viela do conjunto Cidade Nova 6, em Ananindeua, na madrugada desta quarta-feira, 01. Horas depois de cometer o feminicídio, Lúcio Magno do Espírito Santo Quadros, de 21 anos, foi preso pela Polícia Militar em sua residência. Eles tinham um relacionamento há cerca de três anos, marcado por ameaças da parte dele. Geordana chegou a pedir uma medida protetiva na Justiça, mas nem mesmo essa decisão foi capaz de evitar sua morte.
Uma das pistas da rodovia BR-316 foi fechada pelas manifestantes no ato, na frente de um prédio do Ministério Público do Pará (MPPA). O Detran coordenou o trânsito no local.
Violência contra mulher fere a sociedade paraense
Em outro caso que quase teve um fim semelhante, o juiz de direito João Ronaldo Corrêa Mártires, da 4ª Vara Criminal de Ananindeua, decretou nesta quinta-feira (2) medidas protetivas a favor da corretora de imóveis Amanda Nascimento, 30 anos, agredida pelo ex-companheiro Rafael Gonçalves Dias, 31 anos, na madrugada do último domingo (29). Ele está deve se manter afastado da casa da jovem e está proibido de ter qualquer tipo de contato com ela e familiares dela.
Por volta das 10h, do último domingo (29), Amanda Nascimento registrou ocorrência na Delegacia da Mulher, em Ananindeua, e fez exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), pouco tempo depois de ter ficado por duas horas sofrendo agressões físicas de Rafael Dias, de quem estava separada há duas semanas. "Eu não gritei com a esperança de acalmar ele e ele ir embora. Ele me batia e depois me sentava numa cadeira e falava que a gente precisava conversar, e que tudo que estava acontecendo era culpa minha. Isso tudo foi na cozinha, até que ele pegou uma faca, me levou para o quarto, trancou a porta, e disse 'eu vou te matar.' Achei que iria morrer" , recordou a jovem na noite desta quinta-feira (2).
Amanda contou que quando ouviu Rafael dizer que a mataria, pensou nos filhos, achou que após matá-la, ele iria matar as crianças também, e conseguiu forças para lutar com Rafael dentro do quarto. Um certo momento, ela o empurrou de cima da cama, ele caiu no chão e ela conseguiu ir até à janela pedir socorro aos vizinhos. Ela se espanta com o fato de os vizinhos não a terem ajudado antes, quando ele arrombou a porta, pois garante que é impossível que outros moradores não tenham ouvido nada. Também disse que só recebeu apoio da vizinhança, quando pediu aos gritos pela janela, que salvassem a filha.
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