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Acusado de participação na chacina no Guamá fala em inocência

Dono de padaria ganha habeas corpus e concede entrevista exclusiva ao O Liberal

Tainá Cavalcante e João Thiago
fonte

Após receber habeas corpus da Justiça, na última quinta-feira (17), o dono de padaria Jaison Costa Serra, que estava preso, desde 24 de maio deste ano, como um dos suspeitos de envolvimento no que ficou conhecida como “chacina do Guamá”, que vitimou onze pessoas em Belém, concedeu entrevista exclusiva ao Grupo Liberal. Ele é acusado de ter dado apoio logístico ao crime, mas, de acordo com o Ministério Público do Pará (MPPA), não há provas de que Jaison tenha aberto a padaria para a reunião do grupo que armou o crime. A conversa foi dividida com dois dos advogados dele, Lucas Sá e Luana Leal. Com a liberdade provisória garantida, agora, a defesa aguarda resposta do Tribunal de Justiça sobre o pedido para que Jaison seja retirado do processo e não vá a júri popular.

No início das investigações, você foi acusado de porte ilegal de arma, porque usar uma arma no seu carro que seria compatível com aquela usada no crime?
Jaison:  A arma não foi encontrada. Foi informado que eu tinha posse dela. Eu tinha posse toda registrada, através da academia. Fiz os tiros, passei por teste psicotécnico, pela psicóloga. Depois, dei entrada na Polícia Federal e foi liberada a posse para que eu pudesse ter dentro do meu estabelecimento. Na busca e apreensão, ela foi encontrada dentro do meu carro e caracterizou porte ilegal de arma.

Por que você decidiu ter arma?
Jaison - Por questão de segurança. Como eu tinha estabelecido condição de gerente e minha esposa proprietária. Nessa época, fui liberado por isso. Eu mexia com valores em dinheiro e o risco era bem grande de ser apreciado. Defesa pessoal mesmo.

A arma deveria estar dentro da panificadora. Por qual motivo então ela estava dentro do carro?
Jaison - Porque tinha acabado de chegar com compras, por volta das 11h45. Tomei posse e coloquei no carro para a retirada das compras, momento em que fico mais vulnerável, onde abaixo a cabeça. Como era hora do almoço, acabei esquecendo e deixando a arma lá.

Sobre a investigação de uma reunião dos criminosos na padaria, o local estava funcionando normalmente naquele domingo do crime? Foi aberta para algum tipo de reunião?
Jaison - A panificadora estava fechada ao público, mas aberta para os funcionários. Interno, somente para sovar o pão.

Quem estava dentro da padaria?
Jaison - Desconheço essas pessoas da reunião, não estavam dentro do meu estabelecimento. A única pessoa que estava dentro do estabelecimento era o senhor Luis, que é meu panificador, o meu padeiro.

Então o senhor desconhece qualquer tipo de reunião no local? Nenhum dos acusados estava lá?
Jaison - Nas três vezes que eu fui à panificadora, não observei ninguém em volta. Dentro da panificadora eu afirmo que não estava. Nas vezes que fui, não vi ninguém porque eu sempre estava acompanhado, nunca estive só. No domingo à tarde, a padaria nunca abre para o público.

Por que há acusação de que houve reunião dentro da padaria?
Advogado Lucas Sá - A Polícia Civil, quando realizou a investigação, teve acesso a um vídeo de uma câmera de segurança de uma residência próxima da panificadora, que pegava a frente dela, na 14 de Abril com Pariquis. Nessa gravação, de 24h do dia, aparece todas as vezes que Jaison foi à panificadora. E aparece uma reunião, que está junto no processo, de várias pessoas em frente. Foi com base nisso que a polícia começou a investigar e apurar. Só que essa câmera tem um problema técnico. Tem um delay de 20 minutos. Quando a polícia encaminhou a câmera para os peritos, não informaram desse delay.

Acréscimo / Advogada Luana Leal -  E aí eles se enganaram. Tiveram três momentos distintos. A última vez em que ele chega na padaria, uma reunião que seria de pré-crime e uma reunião que seria de pós-crime. Eles pensaram que a reunião pré-crime tinha sido o momento em que ele tinha ido lá. E que a reunião pré-crime, de fato, tinha sido a pós-crime. Houve engano.

Já que houve reunião ali na frente, quem seriam essas pessoas?
Advogado Lucas Sá - Houve reunião de várias pessoas em frente à panificadora. Se elas cometeram o crime, isso é algo que o MP (Ministério Público) está apurando. Mas não foi reunião dentro da padaria em nenhum momento.

Acréscimo / Advogada Luana Leal - Quando foi feito o inquérito, se basearam nas imagens dessa câmera, só que usaram em formato de foto. Quando ele foi preso, a esposa foi atrás de provas e foi a essa residência, que é de clientes da padaria, e pediu uma cópia integral desse dia. Na terceira vez que ele foi à padaria, uma colega dele ligou e disse que viu um moleque na frente da padaria. Com receio de arrombamento, o colega sugeriu que ele fosse lá e se ofereceu para ir junto. Como ele estava na casa do tio da esposa dele, chamou a esposa para ir. Mas ela não quis. O tio dela que foi com ele. Chegando lá, não tinha ninguém. Eles decidiram entrar para pegar umas cervejas e foram embora. Depois que houve a reunião, que a acusação diz que foi de pré-crime, mas ele já não estava lá. Além disso, colocamos os áudios desse colega dele em audiência e o colega foi ouvido como testemunha. Ele disse que sugeriu que ele fosse lá e que ele se ofereceu para ir com ele. Também ouvimos o tio da esposa, que disse que esteve lá com ele e que, saindo de lá, foram para a casa desse tio tomar cerveja e assistir filme em família. No momento do crime, o Jaison estava com essas pessoas. Outra prova que conseguimos com a esposa dele foi um outro vídeo que mostra por onde Jaison passou de carro a caminho da casa do tio, com o horário de 15h26. E o horário do crime foi 15h49. A arma dele foi periciada com resultado de que não foi usada no crime. O carro que ele estava utilizando não foi apontado como o carro que foi até o local do crime porque era de outra marca.

Na condição de réu ou antes do crime, o senhor teve algum contato ou convívio com os outros acusados?
Jaison -  Antes, com quatro pessoas que frequentavam o meu estabelecimento, dois policiais e dois civis, como dono do estabelecimento e clientes. Na condição de preso, fiquei com os outros acusados no mesmo presídio, mas em celas diferentes.

O que o senhor diz sobre a dimensão desse crime?
Jaison - É lamentável e sinto muito pelas perdas. A dor é grande perder um ente querido. E, como réu, eu sofri bastante e minha família também. A gente espera que termine, porque estando solto, a luta continua, porque vamos lutar para que meu nome seja retirado do processo.

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