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Varíola dos macacos: viagens representam risco de transmissão da doença

Prevenção da monkeypox exige uso de máscara e higiene das mãos, garante infectologista

Camila Guimarães
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Depois da primeira suspeita de monkeypox, a varíola dos macacos, em Belém, a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) afirmou, em nota, que caso não se trata da doença. No entanto, o Pará já tem outro caso suspeito, registrado em Santarém, no último domingo (31/07) e a preocupação com a propagação da doença segue aumentando. Uma característica comum entre todos os casos suspeitos e confirmados de varíola dos macacos no Brasil é a relação direta entre transmissão e viagens.

No caso do primeiro paciente suspeito no Pará, em Santarém, o homem teria viajado para São Paulo recentemente, assim como o paciente suspeito em Tocantins, outro dos estados do Norte com casos suspeitos. Já o paciente notificado no Amazonas teria chegado de viagem de Portugal e o paciente do Acre, teria feito uma viagem ao exterior, cujo país não foi confirmado.

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Entenda a transmissão da varíola dos macacos

A infectologista Helena Brígido, diretora da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI) e professora de medicina da UFPA e Cesupa, alerta sobre essa peculiaridade na forma de transmissão da monkeypox:

“A transmissão dessa doença depende de um vínculo comunitário. O vírus depende do contato com as gotículas de saliva ou com a secreção das lesões de pele, então é preocupante quando pessoas chegam de lugares onde há casos confirmados”, explica Helena Brígido.

A médica garante que ninguém pode ter monkeypox sem contato com alguém que esteja com a doença ou com objetos infectados por secreção que carregue o vírus. Por isso, Helena destaca que alguns ambientes são potencialmente de risco, como: portos, aeroportos, rodoviárias, por exemplo. No caso de ambientes relacionados à saúde, Helena Brígido comenta:

“São ambientes onde provavelmente os pacientes vão ser diagnosticados, por isso é preciso que os profissionais de saúde estejam atentos para identificar os casos o mais rápido possível. Mais que nunca é necessária a utilização de máscaras e luvas por esses profissionais durante os atendimentos”.

Quanto às pessoas nas ruas, a médica avalia que uso de máscara e higienização frequente das mãos continuam sendo eficazes para a prevenção, não sendo necessária, por exemplo, a utilização de luvas nas ruas, pois o manejo descuidado ou inadequado do objeto também pode acabar sendo vetor para a doença.

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Suspeita, cuidados e complicações da doença

A infectologista reforça que, ao primeiro sintoma característico de monkeypox - febre, dor de cabeça, ínguas no pescoço e lesões na pele -, é necessário buscar ajuda médica e iniciar imediatamente a quarentena, mesmo antes de obter o diagnóstico. No caso da varíola dos macacos, o tempo de isolamento precisa ser de 21 dias:

“Enquanto o período para a covid-19 era de 15 dias, e agora é de uma semana, o tempo de quarentena da monkeypox é bem mais longo, porque enquanto houver lesões na pele, a doença pode ser transmitida. Por isso, a pessoa só pode encerrar o isolamento depois dos 21 dias, se não houver mais nenhuma lesão no corpo”, orienta Helena Brígido.

Sobre o isolamento, a médica conta que é necessário que o paciente use máscara o tempo todo e que as pessoas que morem na mesma casa separem rigorosa os objetos de uso direto da pessoa doente: talheres, roupas, toalhas, roupas de cama - tudo que possa entrar em contato com as lesões de pele pode se tornar vetor de transmissão: “Além disso, a pessoa doente não pode sair de casa nem receber visita. Se puder, seria ideal que ela usasse um banheiro só dela”, complementa.

A médica explica que as lesões de pele da varíola dos macacos podem gerar algum incômodo, mas é importante que o paciente não cutuque e nem tente estourar as bolhas, pois há risco de deixar cicatrizes. O tratamento da doença em casa inclui boa alimentação, medicação para os sintomas prescrita por um médico e isolamento, até que todas as lesões desapareçam.

Helena Brígido explica que a monkeypox não é uma doença considerada grave, com nível baixo de mortalidade. No entanto, ela considera que a situação pode ser diferente para grupos mais vulneráveis e imunodeprimidos - pessoas idosas ou com câncer, lúpus e HIV, por exemplo. “Em 2003, houve um caso de monkeypox fora do Brasil em que o paciente teve encefalite, infecção no sistema nervoso central, então as complicações são possíveis”, garante a infectologista.

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Quanto à vacinação, a médica conta que a vacina que o Ministério da Saúde pretende importar (tratativas começaram a ser feitas no dia 23 de julho) é do mesmo tipo da que deixou de ser aplicada no fim da década de 1970, quando a varíola humana foi erradicada.

Helena avalia que pessoas que foram vacinadas naquela época ainda contam com algum grau de imunização, mas devem tornar a se vacinar assim que o imunizante estiver disponível: “A gente acredita que, quando vier a vacina, vai ser primeiro para os profissionais de saúde e imunodeprimidos para, só depois, ser disponibilizada para o grande público”, avalia.

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