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Startup paraense estuda medicamento que diminui as sequelas de AVC a partir de plantas da Amazônia

A expectativa é de que, no fim deste ano, seja enviado um dossiê à Anvisa solicitando testes em humanos

Saul Anjos
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Uma startup paraense trabalha na criação de um protetor cerebral natural para diminuir as sequelas de quem sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O neurocientista Walace Gomes Leal, doutor em neuropatologia experimental e proprietário da Neuroprotect, empresa que desenvolve o projeto, explica que, a partir de testes em animais, foram identificadas cerca de seis plantas da Amazônia que protegem o cérebro dessas complicações. Os processos, segundo ele, seguiram os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da Food and Drug Administration (FDA), agência federal regulatória dos Estados Unidos. A pesquisa surgiu em 2012 na Universidade Federal do Pará (UFPA) em teses orientadas e continuou na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). 

As dores de cabeça, dificuldades motoras, problemas na fala e na linguagem, alterações visuais, déficits cognitivos e alterações emocionais, como ansiedade e depressão, estão entre as sequelas mais comuns de um AVC. Walace conta que existem dois tipos de Acidente Vascular Cerebral: o hemorrágico, que ocorre com o rompimento do vaso sanguíneo, e o isquêmico, que é o mais comum de acontecer e obstrui o vaso sanguíneo. “Quando tem um AVC, o neurônio começa a morrer em questão de minutos, principalmente pela falta de oxigênio. Todos os processos celulares são prejudicados”, conta.

Para o registro de medicamentos, a Anvisa estabelece a obrigatoriedade de ensaios clínicos. Ele comenta que, entre os resultados alcançados em ratos e que foram feitos com base em lesões que acontecem em humanos, estão a preservação sensorial e motora dos ratos; diminuição da hiperinflamação, que é a resposta inflamatória exagerada no cérebro após a doença; redução no número de mortes de neurônios e do estresse oxidativo, fenômeno em que há um desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a capacidade do corpo de neutralizá-los com antioxidantes.

“Inicialmente, fizemos um estudo etnobotânico, onde nós utilizamos pistas da medicina popular para nos direcionar e achamos um protetor chamado de ST165. Esse protetor foi pesquisado inicialmente nos laboratórios da Universidade Federal do Pará (UFPA), no Instituto de Ciências Biológicas e depois, com o apoio da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), ganhamos mais de R$ 1 milhão para pesquisar no Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP), de Florianópolis, foram realizados testes preconizados pela Anvisa”, afirmou.

“Nesses testes, a prova de princípio, ou seja, que o protetor natural cerebral da Amazônia funciona, foi estabelecida. Agora nós estamos muito próximos de enviar um relatório para a Anvisa solicitando testes em humanos. Em alguns anos, esperamos que esse neuroprotetor possa beneficiar pessoas e ir para o Sistema Único de Saúde (SUS), beneficiando as milhões de pessoas que têm sequelas de AVC”, acrescentou.

Atualmente, existe um neuroprotetor chamado trombolítico. Porém, Leal assegura que ele é pouco eficaz com uma janela terapêutica estreita e só serve para AVC isquêmico, caso a pessoa chegue precocemente no hospital. E, de acordo com Walace, esse medicamento não pode ser prescrito após 6 horas do início dos sintomas, correndo o risco de romper as artérias.  “O nosso não vai ter esse problema, pois é nutracêutico e não tóxico”, apontou.

Walace, inclusive, relatou que fechou uma parceria com o professor Alysson Muotri, que chefia o laboratório de pesquisa Muotri Lab, na Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, para a realização de testes em mini-cérebros em modelos de Alzheimer e Autismo.

Se aprovada, esse será o primeiro neuroprotetor natural do mundo desenvolvido por um grupo de pesquisa da Amazônia.

Investimentos

No projeto, a Embrapii investiu R$ 1,6 milhão em recursos não reembolsáveis. Além disso, a Oka Hub Incubadora da Floresta, um projeto do Sebrae voltado para a região do Baixo Amazonas, no Pará, injetou R$ 78 mil em bolsas. O Sebrae, por meio do programa Inova Amazônia, colocou R$ 36 mil em bolsas para a realização dos estudos. O Banco da Amazônia investiu R$ 100 mil. E, por fim, investidores privados de Santarém aplicaram R$ 650 mil. 

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