Santarém registra aumento nos casos suspeitos da urina preta

Neste ano, 71 pessoas foram notificadas em todo o estado, de acordo com a Secretaria de Saúde Pública (Sespa). Destes, 52 são de Santarém

Ândria Almeida
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O município de Santarém, oeste do Pará, concentra o maior número de casos suspeitos da Síndrome de Haff, popularmente conhecida como doença da urina preta, no Pará. Neste ano, 71 pessoas foram notificadas em todo o estado, de acordo com a Secretaria de Saúde Pública (Sespa). Destes, 52 são de Santarém.

Em nota, a Sespa detalhou os casos distribuídos nos municípios, são eles, 3 de Monte Alegre, 3 de Mojuí dos Campos, 3 em Breves, 3 em Óbidos, 2 em Cametá, 2 em Belterra, 1 em Uruará, 1 em Limoeiro do Ajuru, 1 Mocajuba e 52 atingiu à população santarena.

Ainda de acordo com a nota, a Sespa enfatiza que o diagnóstico de Síndrome de Haff é feito pela “exclusão das possibilidades de outras doenças, histórico epidemiológico e pelo sinais e sintomas apresentados pelo paciente, não sendo possível sua confirmação por meio de exame laboratorial específico”, destaca o órgão de saúde.

Síndrome de Haff em Santarém

O primeiro caso suspeito da doença no município foi divulgado no mês de setembro de 2021. Na ocasião, um óbito por suspeita de Haff foi registrado. Diante da informação, o setor pesqueiro do município enfrentou uma grave crise que resultou em muitos prejuízos financeiros. Isso porque a doença, segundo os especialistas, pode estar associada às espécies de Pacu, Tambaqui e Curimatã, diante disso, muita gente evitou o consumo destas e de outras espécies de peixe; e de outros peixes que não estão ligados à doença.

image Alguns pescados podem ser consumidos sem medo pela população (Ândria Almeida/ O Liberal)

Orientações sobre a Haff

A veterinária da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Antonieta Picanço, explica que estudos apontam que existem duas hipóteses para a contaminação do pescado, que posteriormente é passado para o ser humano. “A primeira hipótese é através da ingestão de uma alga que em vida livre os peixes se alimentam dela, e essa alga, devido às altas temperaturas e a baixa do rio, ficam oxidadas, e quando o peixe se alimenta dela quebra uma enzima dentro dele e o peixe fica impróprio para o consumo”, explicou.

A segunda hipótese é que com a chegada do verão, o peixe fica com uma fragilidade devido às altas temperaturas. “Quando o peixe é pescado e fica exposto por muito tempo, existe uma enzima que novamente é quebrada, e torna o peixe impróprio para consumo”, destacou a veterinária.

Santarém teve surto de síndrome de Haff, aponta enfermeira da Epidemiologia

A enfermeira da Epidemiologia Rejane Oliveira, explica que o alto número de casos suspeitos da doença, registrados no município, configura um surto. “Tivemos 64 casos suspeitos daqui do nosso município mesmo. E nós atendemos também 11 pacientes de outros municípios. Todos esses pacientes, tanto o do nosso município, como das outras cidades, foram atendidos. Alguns precisaram de internação, mas todos evoluíram bem, tiveram alta. Dos nossos 64, todos se recuperaram bem, graças a deus”, detalhou a enfermeira.

A enfermeira ressalta que todos os casos foram notificados como suspeitos de Haff.” O paciente chega na unidade de saúde, esses pacientes relataram que tinham ingerido peixe e começaram a ter o sintomas característicos da Haff e logo em seguida os profissionais das unidades de saúde, nos avisam imediatamente que tem um caso suspeito e a vigilância entra ação pegando a notificação, fazendo a investigação desse paciente, pegando toda a história dele, das pessoas que talvez tenham se alimentado esse mesmo peixe, se ouve amigos ou parentes que tenham se alimentado desse mesmo peixe, a gente faz toda essa investigação, faz o acompanhamento desde o momento da internação até a alta desse paciente”, destacou Rejane.

Ainda segundo a enfermeira, mesmo depois de alta dos pacientes com suspeita da doença, a equipe da atenção básica, continuava o monitoramento com acompanhamentos médicos, até a melhora do quadro de sintomas.

A secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou por meio de nota ao O Liberal, que em todo o ano de 2021 os casos com quadro clínico compatíveis com Síndrome de Haff somaram 25, sendo, dois em Belém, 13 em Santarém, 3 em Juruti, 2 em Almeirim, 2 em Afuá, 2 em Breves e 1 em Trairão. Comparados com os dados de 2022, onde Santarém possui 52 casos suspeitos da doença, o município continua liderando os casos suspeitos neste ano.

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