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Aquecimento global: o que é, o que já mudou e o que ainda pode acontecer

O Pará é o 1º estado brasileiro a ter uma Estratégia Estadual de Bioeconomia e investirá R$ 472 milhões na área, como medidas para colaborar com a meta de evitar o aumento da temperatura

Emanuele Corrêa
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Durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), na cidade de Glasgow, Escócia, o Governo do Estado do Pará participou das discussões na Assembleia Geral da Under 2 Coalition, iniciativa que visa à redução de emissões de gases de efeito estufa até 2050. Uma das metas da COP 26 é evitar o aumento da temperatura global em 1,5º C até 2100. O Pará é o primeiro estado brasileiro a ter uma Estratégia Estadual de Bioeconomia, a partir do decreto assinado em outubro deste ano. E foi com esse atitude pioneira que chegou à COP 26. Mas o que exatamente se está tentando evitar, em nível mundial, em relação ao aquecimento global?

O Pós-doutor Norbert Fenzl, do Núcleo de Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA), afirma que acompanha todas as decisões e acordos mundiais sobre o clima e o desenvolvimento sustentável desde a Rio 92. Na prática, as consequências para o futuro, caso chegássemos à temperatura de 1,5ºC, após termos subido 1,05º C desde o início da era industrial, são incauculáveis.

"1.5º C não acredito que vai mudar drasticamente o clima da Amazônia. Mas o que vai acontecer - e isso sempre acontece quando há mudanças climáticas em curso - são as variabilidades climáticas, o que é diferente de mudança climática. Variabilidades nas precipitações, nas inundações, nas secas, etc. Mas é impossível dizer, é impossível precisar com 100% de certeza, o que de fato ocorrerá", explica o pesquisador.

Nobert aponta as tendências da sociedade em se empenhar em prol de causas sociais, ligadas à proteção e preservação do meio ambiente. Acredita que novos atores sociais aparecerão para proteger a Amazônia.

"O clima vai mudar, se até o final do século simplesmente acabarem com a floresta Amazônia... Ninguém pode prever a consequência dessa destruição completa. Se continuar nesse ritmo é até possível que destrua toda floresta. Mas eu duvido que isso aconteça devido a resistência da sociedade. Nós estamos resistindo a essa destruição. Por tanto acredito que surgirão forças novas para serem mais conscientes em relação a esse problema", revela.

O clima do planeta mudou drasticamente durante toda sua história e nunca foi estável, pontua o pesquisador. Os estudos apontam que houve mais épocas glaciais do que épocas com temperaturas mais elevadas como a de hoje. Segundo ele, nestes períodos a biodiversidade e a vida se desenvolveram.

"O clima sempre foi e continuará sendo principalmente o resultado de influências como da rotação da Terra em torno do Sol, da inclinação e variação do eixo de rotação do planeta, das atividades vulcânicas e das fases das atividades do sol etc. Há consenso entre a grande maioria dos cientistas que tratam de assuntos climáticos que estamos atualmente saindo de uma época glacial medieval e que desde aproximadamente 1800 a temperatura global está subindo ligeiramente. No caso do papel do CO2 produzido pelas atividades humanas neste processo, há controvérsias significativas entre os cientistas", destaca Norbert.

O professor ressalta a importância de lembrar que a concentração total do CO2 na atmosfera é de 0,04%. As atividades humanas produzem cerca de 5% de CO2 do planeta, que vêm dos solos, da decomposição da biomassa, da respiração e dos oceanos. Para ele, as mudanças vão para além do que se é discutido nas conferências, deveriam partir da reflexão sobre o sistema de produção que a sociedade está inserida.

"Todas as variações climáticas e de temperatura global também são acompanhadas de variações das precipitações, inundações e secas, ou seja, de uma 'variabilidade climática'. Isto acontece de fato atualmente e muitas vezes se aponta o clima como responsável por 'catástrofes climáticas que afetam milhões de pessoas. Esquecemos que desde o início da revolução industrial, a população mundial aumentou de um para sete bilhões e que atualmente 70% da humanidade vivem em regiões e áreas de alto risco geológico e climático. O debate sobre o futuro da humanidade não deveria se debruçar apenas sobre o aquecimento global, mas principalmente sobre os aspectos sociais, ambientais e políticos de um modelo econômico globalizado, baseado na exploração agressiva e massiva da natureza e que é de fato a causa raiz dos problemas que afetam a humanidade atualmente", finaliza.

 

Conheça os compromissos assumidos pelo Governo do Estado para colaborar com as metas climáticas mundiais

O governador Helder Barbalho e o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semas) Mauro O’de Almeida participaram da Assembleia Geral da Under 2 Coalition. O Pará também foi anunciado como membro efetivo da coalizão durante a Conferência. Helder Barbalho relembra os compromissos assumidos na COP 25 explica que o Plano Amazônia Agora (PAA) reúne ações que contribuirá para esta redução. "É preciso lembrar que uma das metas do PAA é contribuir para as metas da nossa Contribuição Nacionalmente Determinada, e nossa de restauração florestal, cumprida, representa entre 60 e 70% da NDC brasileira apresentada por ocasião do Acordo de Paris. Ou seja, o Pará é determinante para o debate geopolítico entre o Brasil e o mundo. E isso aqui responde como queremos contribuir para evitar o aumento de temperatura de 1,5º", afirmou o governador.

Durante a COP 26 o governo do Pará declarou que investirá R$ 472 milhões em um programa para a bioeconomia, destes, R$ 400 milhões voltados ao financiamento de pequenos produtores rurais, agroindústrias e comunidades tradicionais. R$ 72 milhões serão investidos na criação do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, para investimentos em pesquisas e estímulos a novas ações.

"Em relação ao Estado, desde a COP 25, o Pará se comprometeu a entregar uma Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (PEMC) e um Plano Setorial de Desenvolvimento Sustentável que combinasse combate ao desmatamento com um modelo de desenvolvimento baseado na conservação e valorização de ativos ambientais, no aumento da eficiência das cadeias produtivas e na melhoria das condições socioambientais no campo. Em 2020 sancionamos a Lei 9048/2020, a PEMC. Posteriormente, instituímos o Plano Estadual Amazônia Agora (decreto nº 941/2020). Desdobramos o plano em: Força Estadual de Combate ao Desmatamento; o Programa Territórios Sustentáveis, o Programa Regulariza Pará e o Fundo da Amazônia Oriental. Foi isso que fomos apresentar na COP-26 como entrega de nossos compromissos assumidos em 2005. Também apresentamos a nossa estratégia de Bioeconomia, firmando mais um compromisso, que daqui a seis meses instituiremos a Politica Estadual sobre Bioeconomia", reforçou Helder Barbalho.

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