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Primeiro neuroprotetor do mundo para tratar o AVC está na fase final de pesquisa no Pará

As pesquisas estão sendo realizadas no laboratório da Ufopa em Santarém com derivados da flora amazônica

Andria Almeida

Um pesquisador está analisando Plantas da Amazônia com o objetivo de produzir o primeiro neuroprotetor do mundo que poderá tratar o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Trata-se de Walace Gomes Leal, doutor em neurociência, que há 10 anos iniciou os estudos baseado na medicina popular e acredita estar com 90% dessa pesquisa concluída. Ele mora em Santarém (PA) e é professor na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), onde as análises das plantas são realizadas no momento.

O responsável pela pesquisa, afirma ter encontrado pelos menos três neuroprotetores naturais derivados da flora amazônica que podem tratar o AVC, que acontece quando há obstrução de uma artéria que impede a passagem de oxigênio para células cerebrais.

A pesquisa está na fase de formulação de microcápsulas que conterão o bioproduto e serão testadas em humanos. O pesquisador assegura que os testes clínicos em humanos vão começar no segundo semestre de 2022.

Os primeiros testes foram feitos em ratos adultos com modelos experimentais de AVC para simular a doença humana. Com o Acidente Vascular estabelecido no animal, constatou-se que os neuroprotetores naturais diminuíram a lesão e as sequelas neurológicas.

A importância dessa descoberta é que uma neuroinflamação descontrolada contribui para o aumento da lesão, enquanto os neuroprotetores agirão como anti-inflamatórios, reduzindo o padrão lesivo.

Pesquisa sobre medicina popular

Existem comunidades próximas a Santarém que usam o chamado leite de gergelim preto para tratar pessoas que tiveram AVC.

“Nosso laboratório usou o método científico para investigar esse relato popular e em animais de experimentação nós temos excelentes resultados. Vimos que o extrato supercrítico do gergelim preto, uma das plantas testadas, é neuroprotetor, ou seja, ele protege o cérebro e diminui a inflamação cerebral que contribui para a lesão quando não é controlada”, explicou.

Em 2008 as investigações passaram a ser feitas em laboratório, inicialmente da UFPA e depois migrou para a UFOPA, para verificar a eficácia das plantas contra a doença. “Começamos a pesquisar no meu laboratório de neuroproteção e neurorregeneração experimental no Instituto de Ciências Biológicas da UFPA. Testamos de três a quatro plantas da Amazônia nos modelos experimentais e verificamos que elas têm realmente uma capacidade neuroprotetora, ou seja, elas protegem o cérebro e diminuem a neuroinflamação após a lesão”, falou.

O pesquisador enfatiza que não existe um neuroprotetor no mercado. Apenas um trombolítico, que atua na dissolução de um trombo ou coágulo sanguíneo, já aprovado nos Estados Unidos.

“Infelizmente ele tem uma janela terapêutica, que é a janela de cura muito estreita, ou seja, uma pessoa para poder usar o trombolítico na veia intravenosamente para dissolver o coágulo que está obstruindo o vaso sanguíneo tem que chegar de 4 a 6 horas no hospital. Se ela chegar após 6 horas no hospital, não pode usar o trombolítico”, disse.

Na prática clínica, o trombolítico não é muito usado, porque as pessoas, principalmente os ribeirinhos, chegam várias horas ou dias após o início dos sintomas, então os médicos basicamente não podem prescrever o remédio.

Próximos passos

Agora, a busca é pelo financiamento para construir microcápsulas contendo o bioproduto dentro. Essas microcápsulas serão testadas em humanos com auxílio de uma rede de neurocientistas, neurologistas, neurocirurgiões e outros profissionais de saúde. E por fim, a devida aprovação da Anvisa.

“Queremos colocar no mercado esse bioproduto que será o primeiro fitoterápico derivado de uma planta da Amazônia. Para colocar isso no mercado, nós criamos startup neuroprotéct, que é formada por mim além de colaboradores com grande capacidade científica”, relatou.

A startup foi selecionada no programa nacional chamado Emerge Amazônia. Das 149 tecnologias, foram escolhidas 9 startups, e 3 delas vão obter financiamento.

“Nós estamos bem cotados para ser uma das 3, temos que aguardar ainda. Também fomos selecionados em uma iniciativa do Sebrae Pará. Entre as 90 tecnologias, nós fomos selecionados na primeira fase, e se passarmos para a segunda fase, também teremos um aporte de recurso”, planejou.

Sobre o AVC

O AVC é um problema em vasos sanguíneos do cérebro, principalmente artérias. Ele pode ser dividido em isquêmico, quando o vaso é obstruído por um trombo (uma massa estacionária), ou hemorrágico, quando o vaso se rompe. O AVC isquêmico é o mais comum, perfazendo mais de 80% dos casos. Os sintomas de um AVC são súbitos e dependem do local do cérebro que é afetado.

No AVC, o sintoma ocorre no lado oposto ao hemisfério cerebral afetado, ou seja, se o mesmo ocorrer no lado direito do cérebro, o lado esquerdo do corpo será afetado. Esses sintomas podem incluir cefaleia (dor de cabeça), paralisia muscular, dormência, confusão mental, problemas na fala (disartria) e sintomas mais complexos como esquecer o significado de um objeto, como um copo (agnosia), perder a capacidade de realizar atos motores usuais como abotoar a camisa (apraxia), ou problema na fala ou linguagem.

“Para evitar a doença é necessária uma mudança nos hábitos de vida, como caminhar diariamente 40 minutos por dia em ambientes naturais. Esse hábito, além de diminuir o risco de AVC, impacta positivamente na saúde mental”, finalizou Walace.

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