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Primeira dose da vacina contra covid alcançou 61,99% da população indígena no Pará

Mas esses povos são prejudicados com a demora dos imunizantes e a disseminação de fake news

Dilson Pimentel

Números do Vacinômetro  mostram que 14.778 indígenas já tomaram a primeira dose (61,99%) da vacina contra a covid-19 no Pará. E 10.884 (45,65%) receberam a segunda dose. A população cadastrada é de 23.841 indígenas. A população quilombola soma 162.541 pessoas. Desse total, 58.962 já receberam a primeira dose (36,28%) e 24.671 (15,18%) a segunda dose. As pessoas em situação de rua são 1.136. Dessas, 615 ((54,14%) receberam a primeira dose  e 151 (13.29%) a segunda dose.

A população ribeirinha totaliza 172.741 pessoas. Já receberam a primeira dose 101.582 (58,81%). E a segunda dose, 22.695 (13,14%). Esses dados são de terça-feira (27). Os números da vacinação no Estado são atualizados diariamente, conforme os critérios estabelecidos por órgãos de Saúde, informa a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa).

A jornalista e comunicadora indígena Nice Tupinambá diz que a vacinação tem avançado bastante no Brasil por causa da luta e governadores e prefeitos, “na contramão, infelizmente, do governo Bolsonaro, que não acredita na vacina”. Ela destaca que a população indígena é a mais vulnerável. “Por conta da nossa memória imunológica, a gente é mais sensível ao vírus e a causa de morte é muito mais rápida. Tanto que a proporcionalidade de óbitos nos povos indígenas é muito maior que a população não indígena”, disse. Em todo o Brasil, são de mil óbitos em uma população indígena que tem quase um milhão de pessoas. Ou seja, quase 10%.

Mais de 100 povos atingidos, o que corresponde a mais da metade dessas populações, foram atingidos pela covid. E são mais de 57 mil confirmados da doença. Nice afirmou que o índice de vacinação ainda está muito baixo, principalmente com a segunda dose. E lembra que as populações indígena, quilombola e ribeirinha fazem parte do primeiro grupo de vacinação, cuja imunização começou em janeiro. “Já temos sete meses de vacinação e tem indígenas que não foram vacinados. No Pará, é mais preocupante, porque é um dos estados que mais têm população indígena. Inclusive, aqui, a gente tem indígena isolados que já estão sendo afetados pela covid”, afirmou.

Covid está levando "muitas memórias vivas", diz ativista indígena

Há povos, entre os quais os Tembé, que conseguiram se proteger, por exemplo, da primeira crise da pandemia. “Mas, ultimamente, a gente vem começando a perder indígenas Tembé porque estão sendo atingidos, talvez até por conta dessas variantes que estão sendo muito fortes”, explicou.

Além da falta de doses para essas populações, há a campanha forte de fake news que circula dentro das aldeias, cujos religiosos, disse, são os principais agentes dessas notícias falsas. “E o povo indígena tem a sua cultura também manifestada através dos mitos, das coisas que se acreditam. Dizer que vai se transformar em jacaré isso tem um efeito dentro de aldeias que têm menos contato com o mundo exterior”, afirmou.

“Tem a campanha das fake news e a deficiência do sistema em chegar a vacina até as populações indígenas. O movimento indígena e as organizações indígenas vêm cobrando há sete meses. Creio que tem indígenas que já tomaram a primeira dose e até passaram do tempo de tomar a segunda dose, devido terem tomado lá no começo”, afirmou. “É lamentável que a gente esteja nessa situação e a covid está levando muitos anciões, muitas memórias vivas nossas, nossas bibliotecas, porque são nossos idosos que estão sendo mais afetados pela covid”, afirmou Nice.

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