Pesquisadores identificam espécie rara de pseudoescorpião em caverna no interior do Pará

Os primeiros passos acerca da investigação dessa espécie começou em 1995, quando pesquisadores registraram a presença de um inseto com seis pernas, sem olhos ou pigmentos, em uma caverna no interior paraense

Gabriel Pires
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Pesquisadores do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu (PAT Xingu), encontraram, em março deste ano uma nova espécie rara de pseudoescorpião, o Troglobius brasiliensis — aracnídeo pequeno que parece um escorpião, mas não tem o "rabo" (opistossoma) —, durante uma visita técnica na caverna do Limoeiro em Medicilândia, região do sudoeste do Pará, realizada em março deste ano. A investigação acerca dessa espécie começou em 1995, quando pesquisadores registraram a presença de um inseto com seis pernas, sem olhos ou pigmentos, em uma caverna no interior paraense. 

O pesquisador da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Douglas Zeppelin, lembra das dificuldades durante a pesquisa. “Imagina entrar em uma caverna, dentro do estado do Pará, e achar a espécie que estávamos procurando. A chance era pequena, pois não tínhamos informações nem sobre o comportamento do animal. Normalmente, em cavernas, a principal fonte de energia é o guano de morcego, mas procuramos por todo o lado e não encontramos. Então decidimos ampliar a área de busca e fomos para o rio subterrâneo, na superfície da rocha limpa, e lá estava ele”, relatou Douglas.

Após a constatação da presença do Troglobius brasiliensis na caverna, pesquisadores poderão desvendar todos os detalhes sobre a espécie e conhecer mais sobre a vida desse ambiente cavernícola. Segundo Douglas, a conservação da floresta no entorno é fundamental para a manutenção da biodiversidade, pois garante a rica relação entre grilos, sapos e outros organismos que estão aproveitando os recursos disponíveis naquele local. 

“A partir da descoberta do Troglobius puxamos um fio surpreendente de espécies que vivem ali. E tudo isso entra no cálculo do risco de extinção de um animal. Se o Troglobius desaparece, não existe outra presa para substituir e alimentar o pseudoescorpião, por exemplo, por isso é fundamental preservar esse ambiente”, ressaltou o pesquisador.

Histórico

Antes da descoberta, tudo o que os pesquisadores sabiam era que o animal vivia em ambientes cavernícolas e não havia nenhuma outra informação sobre hábitos ou características que facilitassem sua localização. A primeira viagem foi realizada em dezembro de 2022 pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio), que coordena o plano, em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Havia apenas um registro existente da espécie, que está classificada como Criticamente em Perigo (CR) na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (Portarias MMA nº 443/2014, 444/2014 e 445/2014).

Passados 25 anos, já em 2020, teve início o trabalho de elaboração do PAT Xingu, resultado do projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção. A ação, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e tem o Funbio como agência implementadora e o WWF-Brasil como agência executora, procura alavancar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo e que não contam com nenhum instrumento de conservação. O Pará é um dos 13 estados envolvidos com o projeto.

Celebração

As descobertas foram celebradas pois reforçam a importância de estudar as espécies, principalmente as classificadas como ameaçadas, para levantar dados e informações que fomentem ações como a do Pró-Espécies. “Muitas espécies que estão classificadas como Criticamente em Perigo (CR), por exemplo, nós mal conhecemos, não temos fotos nem dados suficientes, e não sabemos detalhes sobre sua ocorrência para tentar, ao menos, traçar um plano para preservá-las. Por isso é tão importante ter recursos para estudá-las e colocar uma luz para entender melhor essas espécies, checar informações e saber qual a real categoria de ameaça a qual estão sujeitas”, complementou Renata Emin, assessora técnica do PAT Xingu.

(Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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