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Pará teve 8 casos de febre mayaro; entenda o que é a doença semelhante à chikungunya

Apesar de pouco conhecido, o vírus Mayaro é igualmente transmitido por mosquitos, pelas picadas do Haemagogus janthinomys, que também transmite a febre amarela.

Fabyo Cruz / O Liberal
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A preocupação com a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, é maior durante as épocas mais chuvosas. Apesar de pouco conhecido, o vírus Mayaro é igualmente transmitido por mosquitos, pelas picadas do Haemagogus janthinomys, que também transmite a febre amarela. No Pará, oito casos foram confirmados em 2021, conforme informou a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

No Pará, o período com maior transmissão dessas doenças acontece durante o inverno amazônico, época onde caem as chuvas mais intensas, sobretudo, sob os estados da região Norte, ao longo dos meses de novembro a maio do ano seguinte. Em 2020, a Sespa confirmou 1.958 casos de dengue no Estado, com uma morte. No ano seguinte, foram 2.292 casos, com dois óbitos. Belém e Itaituba registraram o maior número de casos nos últimos dois anos.

Em 2020, foram 163 casos de febre chikungunya, com mais 107 confirmados no ano seguinte, sem óbitos nos dois períodos. Belém e Parauapebas tiveram o maior número de casos. A respeito do zika vírus, foram 176 casos ocorridos em 2020 e, no ano seguinte, 28 casos, sem óbitos nos dois anos.  Santarém e Belém lideram o ranking de registros. Sobre os oito casos da febre Mayaro confirmados ano passado, dois deles foram registrados em Benevides e seis em Igarapé Miri.

ORIGEM DA DOENÇA

O vírus do mayaro foi identificado pela primeira vez em trabalhadores rurais que viviam em Trinidad e Tobago, nas ilhas da região do Caribe. No Brasil, pouco tempo depois da descoberta mundial, o microrganismo foi registrado na região amazônica, às margens do Rio Guamá, em Belém, conta a Dra. Socorro Azevedo, médica pesquisadora da Seção de Arbovirologia do Instituto Evandro Chagas (IEC).

“É uma doença aguda, ou seja, inicia brutalmente, onde a maioria das pessoas dizem ter febre, dores no corpo e manchas na pele. É o que chamamos de tríade sintomática. Essa dor no corpo diferencia o mayaro e a chikungunya das muitas outras doenças. Aliás, é importante ressaltar, os vírus que causam as febres mayaro e chikungunya são parentes muito próximos, que causam doenças que cursam com esses sintomas. As dores nas articulações são as principais queixas, por ser mais intensa que a dengue”, explica a pesquisadora.  

A médica esclarece que as dores nas articulações podem impedir que algumas atividades do cotidiano possam ser impedidas, como, por exemplo, pentear o cabelo, varrer a casa, se agachar, levantar e, para as mulheres especificamente, vestir sutiã. Em alguns casos essas dores surgem acompanhadas de inchaço nas articulações. A doença é aguda, porém, assim como a chikungunya, os sintomas de dor e inchaço nas juntas podem durar meses ou ano, ou seja,  mais tempo que o período crítico, que geralmente dura entre dez a 14 dias.

“O principal transmissor no ambiente silvestre é o Haemagogus, mas já existem estudos que demonstram a capacidade do Aedes aegypti também de transmitir o vírus mayaro nas áreas das cidades. Então é uma grande possibilidade desse vírus, que predominantemente é encontrado em áreas silvestres, estar se adaptando para o ambiente urbano e, no futuro, se tornar, assim como aconteceu com a chikungunya e a dengue, uma arbovirose que predomine nas áreas urbanas”, prevê a especialista.

SURTO NA GRANDE BELÉM

A Dra. Socorro Azevedo ressalta que a Região Metropolitana de Belém (RMB) sofreu um surto de febre mayaro, em 2008, no assentamento dos trabalhadores rurais Expedito Ribeiro, localizado no município de Santa Bárbara, próximo ao Parque Ecológico de Gunma, que é uma Área de Proteção Ambiental (APA). “O surto ocorreu nesta localidade e acometeu alguns estudantes de engenharia florestal que fizeram atividades no parque ambiental, vizinho do assentamento”, lembrou.

“A nossa região é  um ambiente predominantemente silvestre, onde existem vários balneários ou matas, então a doença ocorre de forma muito próxima de quem mora aqui”, afirmou a médica. Apesar dos mosquitos aparecem mais frequentemente em época de chuvas, a pesquisadora adverte que os cuidados não devem ser reduzidos em dias de sol, pois não é impossível de haver contaminações durante as  outras estações. “No ambiente silvestre e no urbano, é comum que o mosquito procure alimento no começo do dia e durante a tarde, por necessidade de procurar alimento. Mas vale ressaltar que em uma área desprotegida, você pode ser picado a qualquer momento”, completou.  

PREVENÇÃO

Por enquanto, ainda não existem imunizantes contra a infecção provocada por um arbovírus que é transmitida pelo mosquito Haemagogus janthinomys. A prevenção restringe-se a dois cuidados básicos. “Basicamente são medidas de proteção individual, tais como o uso de repelentes, camisas de manga longa e calça comprida, especialmente se for realizar atividade em área de mata. Também há as medidas coletivas, como combater criadouros no ambiente, isto é, consciência ambiental. Não existe vacina contra a febre do Mayaro”, finalizou.

 

 

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