Pará soma metade das 20 áreas protegidas mais ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia
Atualização do monitoramento trimestral do Imazon, publicado nesta terça (8), analisou dados dos meses de fevereiro a abril

Conforme dados de monitoramento feitos entre fevereiro e abril deste ano, metade das 20 áreas protegidas mais pressionadas e ameaçadas pelo desmatamento na Amazônia Legal brasileira está localizada no Pará, aponta o balanço trimestral "Ameaça e Pressão", publicado nesta terça-feira (8) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O foco do boletim é a análise do quadro de desmatamento em áreas protegidas da Amazônia.
Nesse mais recente balanço, o Imazon classifica como pressão o desmatamento que ocorre dentro das áreas protegidas e como ameaça o que acontece a até 10 quilômetros desses territórios. No topo do ranking dos dez territórios mais pressionados, ou seja, com ocorrências de desmatamento em suas áreas, está a APA Triunfo do Xingu, uma unidade de conservação estadual do Pará. O local teve três vezes mais ocorrências de desmatamento que o segundo colocado, a Terra Indígena Yanomami, que abrange porções dos estados do Amazonas (AM) e Roraima (RR).
Outras quatro áreas protegidas que estão em solo paraense também ficaram entre as dez mais pressionadas. São elas: Flona do Jamanxim, APA do Tapajós, APA do Lago de Tucuruí e TI Munduruku.
O Pará também teve metade das dez áreas protegidas mais ameaçadas - ou seja, com ocorrências de desmatamento a até 10 quilômetros de distância dos seus territórios. São elas: Flona do Jamanxim, TI Trincheira/Bacajá, Flona do Tapajós, APA do Lago de Tucuruí e TI Parakanã.
“Entre fevereiro a abril, 42% da APA Triunfo do Xingu apresentou ocorrência de pressão. Ela está localizada entre Altamira e São Félix do Xingu, dois municípios que apresentam intenso histórico de desmatamento, o que faz com que essa APA estadual sempre apareça no topo do ranking das mais desmatadas”, avalia Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Terra Indígena Mundukuru é alvo de garimpeiros
A análise que leva em conta apenas os territórios indígenas mostrou que a área mais pressionada pelo desmatamento no Pará foi a Mundukurú, que sofreu recentemente com ataques de garimpeiros ilegais. Isso motivou ordens judiciais de proteção ao local.
“As ocorrências de desmatamento dentro de terras indígenas se intensificaram nos últimos anos com o objetivo de extrair recursos naturais dos territórios, como madeira e minérios, e de exercer pressão para a redução de seus limites através de projetos de lei, legalizando as ocupações ilegais que ocorrem através do desmatamento”, explica o pesquisador do Imazon Antonio Fonseca.
Para contribuir com as políticas de combate ao desmatamento no Pará, o instituto também publicou, no final de maio, um relatório de recomendações ao Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA). Assinado em parceria com outras seis instituições, o documento orienta, entre outros pontos, que o governo paraense inclua no plano metas relacionadas à ampliação da participação pública, geração de maior confiança para captação de recursos, gestão de unidades de conservação e reconhecimento de territórios quilombolas.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) informou que vem adotando medidas para conter o desmatamento através da intensificação da fiscalização em campo e monitoramento. Segundo a secretaria, durante as 11 etapas da Operação Amazônia Viva foram embargados mais de 187 mil hectares de terra com desmatamento ilegal no Pará.
Já o Instituto de Desenvolvimento Florestal e Biodiversidade do Pará – IDEFLOR-Bio, informou que reconhece que a região de São Felix do Xingu possui sua matriz de produção bem definida, entre elas a pecuária, que acarreta pressão por abertura de novas áreas. "O Instituto está atuando diretamente na construção de marco regulatório para criar politica de Gestão para buscar garantir equilíbrio e zoneamento nas atividades produtivas dentro a Unidade de Conservação", concluiu a nota.
Relatório é atualizado a cada três meses
O relatório dos índices de ameaça e pressão de desmatamento em áreas protegidas (APs) é divulgado trimestralmente pelo Imazon. Para isso, o instituto cruza dados do seu Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), monitoramento mensal via imagens de satélites (incluindo radar), com células de 100 km² na Amazônia Legal.
No boletim, são contabilizadas células com ocorrência de desmatamento que estão dentro de uma das áreas protegidas ou a até 10 quilômetros desses territórios. Quando a célula com ocorrência de desmatamento está dentro da AP, é classificada como pressão. Já se estiver a até dez quilômetros de distância, é classificada como ameaça.
O Imazon é um instituto de pesquisa sem fins lucrativos fundado há 30 anos em Belém. Composto por pesquisadores brasileiros, faz há mais de uma década o monitoramento e a divulgação de dados de desmatamento e degradação na Amazônia Legal. Os alertas podem orientar ações para reduções da destruição da floresta e promoção do desenvolvimento sustentável na região.
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