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Malária no Pará: mais de 900 casos são registrados em menos de um mês

Em contrapartida, Estado teve queda nos últimos quatro anos. Os números estão longe do esperado e refletem um cenário internacional afetado pela pandemia do coronavírus

Fabyo Cruz
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Os casos de malária aumentaram em menos de um mês no Pará. A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) registrou 3.223 casos no primeiro trimestre de 2022, mas até a última segunda-feira (25), os registros chegaram a 4.181, seis dias antes do término de abril, ou seja, houve crescimentos de 958 ocorrências. Em contrapartida, teve queda nos últimos quatro anos. Os números estão longe do esperado e refletem um cenário internacional afetado pela pandemia do coronavírus. 

A quantidade de casos registrados no Brasil era significativamente menor se comparada à atualidade, entretanto, a doença nunca chegou perto de ser eliminada no País. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a eliminação da malária só é considerada quando há ausência de ocorrências de casos em uma determinada região por três anos consecutivos. Grande parte das ocorrências estão na região amazônica, aponta o Ministério da Saúde (MS). O Pará ocupa a terceira posição dos estados da Amazônia Legal com 14,5% dos casos, de acordo com o boletim de fevereiro de 2022.

Os números de casos no Estado diminuem, porém seguem preocupantes. Em 2018, foram registrados 46.370 casos de malária em todo o Pará, em 2019, foram 32.753, seguidos de 24.548 casos, em 2020, e 20.297 casos em 2021. O interior paraense é quem mais sofre com a doença. No primeiro trimestre deste ano, Jacareacanga apresentou os maiores registros, totalizando 1.019 casos, correspondendo a 30,65% do total de ocorrências do Pará, em 2022.  

As demais cidades com mais casos são: Itaituba (906), Anajás (524), Breves (233), Almeirim (145), Oriximiná (111), Altamira (83), Bagre (45), Novo Progresso (30) e Curralinho (27). Do total de ocorrências confirmadas em 2022, 1.258 ocorreram em área de garimpo, 1.088 em área rural, 549 em área indígena e 202 em área urbana e 10 em assentamento. Belém apresenta situação melhor, de acordo com os dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). 

Nos meses de março e abril de 2022, a capital registrou 21 casos positivos de malária. São nove casos em março, nos bairros da Cabanagem, Guamá, Pedreira, Umarizal e Telégrafo, e 12 em abril, no Umarizal e Telégrafo. Em 2018, a Sesma registrou apenas um caso. Em 2019 e 2020, não houve nenhum registro da doença na cidade. Tânia Chaves, médica infectologista e pesquisadora em saúde pública do Instituto Evandro Chagas (IEC), explica que os principais mosquitos responsáveis pela transmissão da doença preferem áreas rurais.   

“A malária é uma doença causada por protozoário, que é transmitida pela picada de mosquitos do gênero Anopheles. Os mais potentes e capazes são o Anopheles darlingi, Anopheles aquasalis e Anopheles albitarsis, sendo o primeiro mais presente intensamente nas áreas rurais. Mas nem por isso não podem deixar de serem encontrados também nos centros urbanos. Eles gostam de águas claras e sombreadas”, diz a especialista.      

Segundo a médica, o aumento de casos da doença não é um problema local. Sobretudo com a pandemia do coronavírus, o problema agravou-se em alguns países, entre eles o Brasil, que tiveram de destinar profissinais da saúde para o combate à covid-19. “A princípio houve um relaxamento de todos os órgão competentes, sejam eles federais, estaduais ou municipais, em seguida, a pandemia veio para dificultar ainda mais as coisas”, disse a pesquisadora. Tânia Chaves elencou os principais desafios e o que deve ser fortalecido para combater a doença no Brasil.  

A pesquisa destaca que não existe uma ação única e salvadora para eliminação da malária: “O que existe é um conjunto de ações integradas, coordenadas para que se alcance a eliminação, e nestas ações estão os incentivos às pesquisas que são fundamentais para que tenham o objetivo de dar respostas para a melhoria das populações que vivem nas áreas endêmicas para malária.

 

Desafíos para a eliminação da doença:

 

Vigilância estruturada como estratégia para eliminação;

Educação continuada de todos os profissionais de saúde envolvidos, ainda há dificuldade em manter profissionais atualizados;

Áreas remotas com baixa cobertura de diagnóstico, ainda há necessidade de aumentar a capilaridade da rede de diagnóstico da malária;

Necessidade de estratégias para o enfrentamento da doença em áreas indígenas e garimpos;

Expansão do enfrentamento da doença na atenção primária.

 

O que deve ser intensificado:

 

Diagnóstico e tratamento imediatos e gratuitos;

Ações descentralizadas de diagnóstico e tratamento;

Análise e disseminação das informações;

Sistema de informação online e bem estabelecido;

Garantir uma rede robusta de pesquisa em malária.

 

 

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