Pacientes relatam dificuldades para tratamento no hospital Ofir Loyola

As reclamações vão desde a ausência de medicação, passando pela falta de aparelhos até a queda na realização de cirurgias

Cleide Magalhães
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Pacientes com câncer do Hospital Ofir Loyola (HOL), em Belém, capital paraense, enfrentam diversas dificuldades no que diz respeito ao tratamento e diagnóstico da doença. Os problemas envolvem desde a falta de medicação para pacientes com leucemia até de aparelhos, como o pet scan, que é capaz de verificar o real estado de saúde do paciente em relação à doença. Além da diminuição na realização de cirurgias oncológicas, desde o início da pandemia da covid-19, há cerca de um ano. O hospital pertence ao Governo do Estado. É voltado 100% ao Sistema Único de Saúde (SUS) e é referência no Pará em casos de câncer invasor. 

As denúncias partem da Organização Não-Governamental (ONG) Movimento pela Vida, que durante a pandemia da covid-19 se mantém mais articulada pelas redes sociais com os membros, que são pacientes com câncer atendidos na rede pública e privada no Pará. Desde novembro de 2020, uma das reclamações é a falta do medicamento Bussulfano, usado antes de fazer o transplante de medula óssea, para pacientes com leucemia que estão em tratamento no Ofir.

A doença é um tipo de câncer maligno, que causa o acúmulo de células doentes na medula óssea, substituindo as saudáveis. “Os pacientes que estão aguardando a medicação chegar no Hospital Offir Loyola. A informação que nos foi repassada seria que a substância para esse tratamento não estava mais sendo fabricada, mas até este mês estaria normalizada a compra com outros laboratórios. Só que tudo isso se dá através de processo licitatório e isso sempre leva tempo”, afirma Eliana Rodrigues, presidente da ONG.

Outro entrave no tratamento dos pacientes é que eles estão sem aparelho de radioterapia no hospital. “O equipamento não está funcionando devido à demanda e o fluxo de pacientes aumentar no nosso Estado. Os pacientes são encaminhados para atendimento em outros hospitais, para evitar a quebra no tratamento. Mas o ideal é que o aparelho do Ofir também esteja disponível para atender às demandas”, frisa a dirigente do Movimento.

Mais uma reclamação dos usuários do Ofir Loyola é que o aparelho do exame de imagem chamado pet scan está sem funcionar há muito tempo. Ainda em abril de 2020 o Grupo Liberal fez reportagem com uma paciente, 22 anos, do município de Abaetetuba, nordeste do Pará, que já denunciava a falta do pet scan. Sem a realização deste exame, o paciente não tem como avançar no acompanhamento de como está a real situação da doença. Se fizer o procedimento na rede privada, custa cerca de R$ 3,5 mil.

Ainda segundo Eliana Rodrigues, há cerca de um ano, devido à pandemia ocasionada pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2) houve queda quanto à realização de cirurgias oncológicas. “O Ofir está sem retaguarda de leito em UTI e internação, e temos pacientes oncológicos usando o hospital Offir Loyola para tratamento da covid”, informa.

Ofir Loyola

​O Hospital  Ophir Loyola informa que abriu dois processos licitatórios para a aquisição  do medicamento "Melfalano", porém "ambos fracassaram, ou seja, nenhuma empresa se candidatou ao fornecimento do fármaco". Para tentar resolver a situação, o mais breve possível, o HOL informa que abriu processo de compra emergencial. Esclarece ainda que o medicamento Bussulfano não faz parte da lista de medicamentos padronizados na instituição para a realização do transplante de medula óssea.

Sobre o aparelho de radioterapia, o hospital afirma que "o Acelerador Linear M encontra-se em manutenção preventiva e todos os pacientes agendados são encaminhados às empresas conveniadas, não havendo prejuízos ao tratamento". A respeito do exame de pet scan, o Ofir explica que a Secretaria de Saúde de Estado (Sespa) realizou credenciamento de prestadores de serviço, a fim de atender a demanda do SUS. "As solicitações de pacientes desta instituição são encaminhadas à Secretaria, por meio de ofício para as providências quanto à marcação e realização do exame", esclarece.

Em relação às cirurgias, o Ofir Loyola afirma que "os procedimentos cirúrgicos não foram interrompidos, porém houve redimensionamento de leitos de terapia intensiva para atender ao paciente oncológico ou transplantado renal, perfil de atendimento do HOL, que esteja acometido por covid-19". Ressalta ainda que os procedimentos emergenciais ocorrem normalmente, "contudo foram reduzidas em 50% as internações de cirurgias eletivas (cirurgias programadas e sem caráter emergencial) devido ao elevado risco de contaminação por Covid-19, neste cenário de pandemia". 

Sobre o fluxo de acesso ao hospital, o Ofir informa que os pacientes são encaminhados via Sistema de Regulação pelo médico da Unidade Básica de Saúde ou pela Secretaria Municipal de Saúde do município de origem com todos os exames realizados. 

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