Narciso Frazão: O músico amazonense que achou o ritmo da praia em Alter do Chão

As belezas naturais da exuberante Ilha do Amor, localizada na vila de Alter do Chão, em Santarém, há anos é palco de belas histórias dos visitantes. E este cenário conhecido no Brasil ganhou uma acústica diferente desde 2019, embalada pela melodia de um irreverente saxofonista que circula na ilha ecoando ritmos envolventes.

Músico capricha na produção visual para tocar nas águas do Tapajós (Ândria Almeida/ O Liberal)

Narciso Frazão chama atenção pelo talento, animação e ousadia na forma de se vestir. O Liberal vai contar como um radialista amazonense deixou a profissão para se tornar empreendedor do próprio talento, um mês depois de conhecer e se encantar com as águas do Tapajós.

Narciso mora em Alter do Chão há 3 anos, chegou apenas com uma bagagem e uma pequena reserva de dinheiro. Ele atuava como locutor de rádio e mestre de cerimônias da prefeitura de Manaus, cidade onde nasceu, mas a vontade de explorar novos ares o trouxe para a vila. Em abril do ano de 2019, ele fez uma visita casual a Santarém, desde então toda a trajetória da vida do músico mudou.

Após conhecer Alter do chão, Narciso voltou para Manaus, largou os dois empregos, arrumou as malas e veio tentar a vida; meses depois a esposa e filha seguiram com ele no novo desafio.

Repertório encanta os turistas na Praia do Amor (Ândria Almeida/ O Liberal)

A família passou por dificuldades e em meio à crise financeira nasceu a ideia de tocar música na praia, que na época ele só sabia tocar 5 músicas no sax. A paixão pelo instrumento transformou a vida financeira em que se encontrava. 

“Só tínhamos dois reais em casa, sem saber o que fazer, peguei o sax e sai para dar uma volta na praia, espairecer. Nisso, apareceu um músico que tocava violão e me chamou para ir tocar na praia com ele. Consegui ganhar R$ 40 tocando e levei comida para casa”, lembrou.

Narciso conta que ali viu o potencial de um investimento e assim nasceu a marca “Sax na Praia”. A partir de então, colocou a criatividade em ação para chamar atenção dos turistas.

 “Um dia eu me vesti com terno e gravata que era a roupa que eu trabalhava em Manaus para resolver algumas questões de trabalho para a minha esposa. Na volta eu fui até a praia, vestido formalmente e toquei o sax, dali em diante tudo mudou. Um blogueiro viu a cena e me divulgou, depois disso, houve muitos compartilhamentos e eu vi que isso era o meu investimento. Graças a ajuda desse blogueiro que hoje é vereador”, relatou.

O músico estudou bastante e passou a ensaiar mais de 6 horas por dia, o objetivo era aumentar o repertório para encantar os banhistas. 

“Comecei a tocar constantemente na praia, aumentei o repertório com músicas conhecidas que tenham uma poesia, uma mensagem, uma melodia agradável. Hoje toco mais de 600 músicas. Nunca cobrei, nunca passei chapéu, porque eu acho essa prática lesiva, muito coercitiva, que gera uma pressão muito forte em quem estiver assistindo. Só dizia que estava fazendo o sax na praia e se alguém gostasse do que eu estava tocando e quisesse demonstrar tudo bem. Que eu estava ali para que eles tivessem uma boa história de Alter do Chão para contar. Até porque é o único lugar do mundo onde se pode curtir uma música instrumental dentro da água”, enfatizou. 

Nova programação 

Hoje ele realiza passeio em uma balsinha própria, adquirida com as economias do sax na praia. A balsinha tem capacidade para 23 pessoas e oferece uma experiência com o famoso sax, além de tem opção de massagem, fotografia, tudo incluso no pacote turístico. Esse novo empreendimento não o tirou das caminhadas musicais na beira da Ilha do Amor, levando melodias e boas memórias para quem o prestigia. 

Passeio musical envolve as belezas da praia e trocas de experiências (Ândria Almeida/ O Liberal)