Ação da Defensoria Pública bate recorde histórico com mais de 103 mil atendimentos no Marajó

Segunda edição do "Marajó 360" passou por todos os 17 municípios marajoaras

O Liberal
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Milhares de problemas foram resolvidos pela população de 17 municípios do arquipélago do Marajó, no Estado do Pará, no último mês pela expedição "Marajó 360°" realizada pela Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA). A ação do programa “Balcão de Direitos” bateu recorde com 103.349 atendimentos gratuitos no mês de abril.

“Eu fiz vários serviços, resolvi várias situações, graças a Deus. Tirei a identidade do meu filho, troquei a Certidão de Nascimento da minha filha que estava errada. Estou resolvendo documentação de terreno e também da minha aposentadoria do INSS. Tudo isso sem sair daqui, sem custo, com atendimento de qualidade. Muito obrigada à Defensoria Pública”, detalhou Edinalva Batista, moradora de Ponta de Pedras.

A segunda edição da expedição encerrou no dia 8 de abril no maior arquipélago flúvio-marítimo do mundo, composto por mais de 2,5 mil ilhas e uma população estimada em 550 mil habitantes.

Durante semanas de navegação, foram oferecidos serviços de atendimento jurídico, dentre eles divórcio consensual, pensão alimentícia, registros de óbito e nascimento fora do prazo, retificação e reconhecimento de paternidade, além de consultas processuais. Também foram emitidos documentos, como: RG, CPF, Carteira de Trabalho Digital, Título de Eleitor, certidões de nascimento, casamento e óbito.

De forma complementar, a iniciativa proporcionou atividades de educação em direitos, educação ambiental e orientação previdenciária. As ações educativas trataram de temas essenciais à promoção da cidadania e à prevenção de violências, como abuso sexual contra crianças e adolescentes, violência contra a mulher, projeto de vida para adolescentes, escalpelamento, cuidados com meio ambiente e primeiros socorros. Essas atividades foram desenvolvidas de forma acessível e interativa, por meio de diálogos importantes com a população marajoara sobre direitos, proteção e autocuidado.

Um dos casos mais comoventes ocorreu em Curralinho, com o atendimento domiciliar de um idoso de 103 anos, diagnosticado com Alzheimer e deficiente visual. Sem condições de locomoção, ele foi atendido em casa pela Defensoria, com o apoio do Tribunal de Justiça e da Polícia Civil. Além de ter o RG emitido, a filha solicitou a sua curatela, que foi concedida ainda durante a itinerância. “Foi possível porque o juiz viu de perto a realidade daquela família. Isso mostra o poder transformador de estar presente nos territórios”, disse a defensora pública Luana Garcia, que acompanhou o caso.

A defensora pública-geral, Mônica Belém, ressaltou que o número recorde alcançado é reflexo de uma missão institucional realizada com comprometimento e presença.

“É um número muito expressivo, sem dúvidas, que reflete o compromisso de todas as pessoas que se dedicaram para fazer a segunda edição do ‘Marajó 360°’ acontecer. São pessoas que acreditam na Defensoria Pública do Pará e se doam para que ela possa cumprir com a sua missão institucional. E a Defensoria é isso, é uma instituição que vai até onde a população está, seja de ônibus, carro ou barco. A prova disso é alcançar, em uma expedição, a marca de mais de 103 mil pessoas. São milhares de vidas transformadas por meio da efetivação de direitos e da cidadania, tudo de forma gratuita e humanizada”, afirma a DPG.

META - O número total de atendimentos superou em mais de duas vezes a meta inicial de 50 mil, o que reflete a alta demanda e o alcance da ação no arquipélago. Entre os municípios com maior volume de serviços prestados, destacam-se Gurupá, com 10.372 atendimentos, seguido por Afuá, com 9.962, e Muaná, com 9.742. Os números evidenciam o impacto direto da expedição nas localidades populosas e de difícil acesso do Marajó.

Para o coordenador do programa “Balcão de Direitos”, defensor público Marcus Vinícius Franco, a experiência deixa aprendizados profundos e reforça o papel das instituições públicas como agentes de transformação social.

“Foi um momento de fortalecimento institucional. Um verdadeiro ‘mix’ de órgãos atuando em harmonia, com empatia e compromisso. Levamos o que temos de melhor — não apenas serviços, mas cuidado e respeito. Os efeitos disso na vida das pessoas são imensuráveis. A cada pessoa da equipe, deixo meu abraço e minha admiração por ter aceitado o desafio de semear esperança em condições adversas”, frisa.

Entre os dias 10 de março e 8 de abril, a segunda etapa da expedição passou por Ponta de Pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista, Curralinho, Bagre, Portel, Gurupá, Afuá, Chaves e Cachoeira do Arari. Antes disso, entre 19 de fevereiro e 1º de março, os atendimentos chegaram aos municípios de Breves, Anajás, Santa Cruz do Arari, Oeiras, Soure, Melgaço e Salvaterra. Nos dois períodos, foram mais de 4 mil quilômetros percorridos em todo o arquipélago. Além disso, foram escalados 148 servidores para levar cidadania e dignidade aos assistidos marajoaras.

FINANCIAMENTO - A segunda edição da expedição “Marajó 360°” foi cofinanciada pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), que destinou um investimento de R$ 750 mil para viabilizar a ação. O apoio foi fundamental para ampliar o alcance da iniciativa e fortalecer o compromisso com a efetivação dos direitos básicos da população marajoara.

Para o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do MDHC, Bruno Renato Teixeira, o combate ao sub-registro civil foi um dos grandes focos da missão. “O arquipélago do Marajó concentra cinco dos 57 municípios com os piores índices de sub-registro de nascimento do país. Garantir o registro civil é garantir a porta de entrada para todos os outros direitos”, destaca.

A iniciativa também contou com a parceria das prefeituras dos 17 municípios marajoaras, especialmente por meio de suas secretarias municipais de Assistência Social e de Saúde, que deram suporte local às ações.

Na esfera estadual, a mobilização contou com a presença do Ministério Público do Estado do Pará, Polícia Civil, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e da Secretaria Especial do Marajó. Já no âmbito federal, somaram forças a Defensoria Pública da União, o Tribunal Regional Eleitoral, o Instituto Nacional do Seguro Social, a Receita Federal e a Capitania dos Portos. Ao todo, foram 10.982 atendimentos realizados por órgãos parceiros.

ATENDIMENTOS - A Defensoria Pública é uma instituição responsável por garantir assistência jurídica integral e gratuita à população em situação de vulnerabilidade. Com atuação judicial e extrajudicial, tem como missão a defesa dos direitos humanos e a promoção da cidadania. O atendimento à população funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 14 horas. Ele pode ser feito presencialmente em vários locais e também por meio do Disque-Defensoria no número 129. 

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