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Murucupi: o rio morto

O contato com a água do Murucupi é um risco para os moradores da região

Victor Furtado

O rio Mucurupi, após estudos Laboratório de Química Analítica e Ambiental da Universidade Federal do Pará (Laquanam / UFPA), entre 2009 e 2010, foi dado como morto. Isso após tanta poluição recebida, desde 2009, devido a um transbordamento do depósito de resíduos sólidos 1 (DRS-1), da Norsk Hydro / Alunorte. O vazamento da Hydro, no ano passado, terminou de estragar o que já estava numa condição no mínimo desafiadora para se reverter.
Faltam novos estudos para comprovar a situação atual do rio. Mas a lógica é de que, no mínimo, esteja impróprio para a vida e para consumo. É o que apontam pessoas que moram perto do rio e antes viviam dele.
O contato com a água do Murucupi é um risco. Um risco que Maria da Conceição e Benilson Castro correm todos os dias. Antes, a água do igarapé, que passa nos fundos da casa deles, no bairro Jardim Cabano, era clara, limpa e podia ser bebida ou usada para cozinhar e para higiene pessoal. Havia peixes na água e as frutas sempre estavam nas melhores condições. Nada disso mais é realidade.
Aí a água foi ficando esbranquiçada. Algo curioso, já que o transbordamento do depósito da Hydro foi de lama vermelha. Beber passou a causar diarreia, dores de estômago e vômitos. O contato com a pele gera coceiras diversas e assaduras. A pele dela, do marido e de alguns vizinhos que se banham com a água é áspera e escurecida por manchas.
Chorando, Conceição relata que só consegue tomar banho, lavar a roupa, lavar a louça e cozinhar quando chove. Do contrário, precisa comprar água mineral. O recurso vem se tornando cada dia mais caro e raro em Barcarena pelo aumento de demanda. Sem o dinheiro que obtinham com agricultura familiar, se veem com fome, sede e sem água limpa com frequência.
"Já pensei muito em sair daqui, mas para onde vamos? Não temos os peixes, quase não conseguimos vender nossas frutas... até nossos cachorrinhos estão magros e doentes porque bebem essa água. Nosso poço vive sujo com essa água branca. Aí dizem que não podemos ter água mineral fornecida constantemente porque não sou quilombola, indígena ou cabocla. Posso não ser, mas sou brasileira, cidadã, eu tenho direitos e ninguém parece estar ligando pra nós! Se vamos ao posto de saúde, não tem remédio suficiente para todo mundo! Pobre só vive cercado de bronca!", diz a agricultora.

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