Leptospirose foi a causa da morte de jovem em Santarém

Ele faleceu no dia 19 de abril. Mas, somente agora, resultado do exame foi entregue à família

O Liberal
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Um jovem de 25 anos morreu vítima de leptospirose em Santarém. Trata-se de Estefano Souza dos Santos que chegou a ser atendido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA-24h) de Santarém, oeste paraense, mas não resistiu e faleceu no dia 19 de abril. O exame que confirma o diagnóstico da doença foi entregue à família nesta terça-feira (3). 

O pai de Estafano, Carlos Alberto Sá Dias, conta que os sintomas começaram no sábado (16) de abril e que no mesmo dia levou o filho na Unidade de Pronto Atendimento da cidade. O senhor Carlos Alberto descreveu que os sintomas iniciais foram dor na cabeça, dores na panturrilha, diarreia, vômito e os olhos amarelados.“O médico atendeu e passou um remédio para febre e dor de garganta, depois liberou a gente”, conta.

O pai falou ainda que o Estefano tinha preocupação com algo que poderia ter contraído na empresa onde trabalhava. Segundo ele, o local tinha muitas fezes e urina de ratos. “Ele estava preocupado de ter relação com ratos, ele sempre contava que tinha muitas fezes no local de trabalho, nos sacos de cimento que passavam pelas mãos dele”, relatou.

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No dia 18, o rapaz retornou a UPA já com quadro clínico mais delicado. "Já durante a tarde ele falou para a gente que estava sentindo muito ruim, chegou a piorar mesmo, aí por volta de 19h ou 20h a gente o levou para UPA de novo. Chegando lá, eles medicaram, fizeram perguntas para ele. Meu filho detalhou os mesmos sintomas, dores fortes na panturrilha, inclusive não podia mais andar, ele já estava paralisado já, debilitado e os olhos continuavam muito amarelos”, relatou o pai. 

Em nota, a UPA informou que Estefano foi internado na sala amarela no dia 18 e que teve piora rápida do quadro sendo conduzido poucas horas depois para a sala vermelha. 

“O paciente recebeu o tratamento para o quadro apresentado, evoluindo com piora clínica em curto período de internação. O óbito ocorreu na noite do dia 19 de abril, após a ocorrência de choque séptico, que resultou em uma parada cardiorrespiratória. Infelizmente o óbito ocorreu em menos de 24h de atendimento”, diz a nota.

Família suspeita que a vítima se contaminou no trabalho

Ainda de acordo com a família, o único relato do filho com relação ao contato com água da chuva, por exemplo, foi relacionado ao local em que ele trabalhava. Estefano trabalhava em uma empresa de cimentos. "Ele relatava que lá tinha muitos [ratos], fezes nas sacas de cimento e urinas de ratos. Ele chegou a relatar para os médicos isso inclusive”, contou Carlos Alberto.

A redação Integrada de O Liberal tenta contato com a empresa apontada pelo pai da vítima, onde ele acredita que o filho foi contaminado, mas ainda não obteve êxito.
A vigilância Sanitária de Santarém informou que existe um outro caso suspeito de leptospirose sendo investigado no município.

Sobre o relato do pai da vítima a respeito da empresa onde ele acredita que o filho tenha sido contaminado, enviamos uma solicitação de nota ao ministério do trabalho e aguardamos retorno.

Laudo 

O exame para ter o diagnóstico de leptospirose foi feito no dia 19. A divisa informou o resultado a família nesta terça-feira (3). O pai de Estefano, Carlos Alberto, disse ainda em entrevista ao O Liberal, que somente na tarde que antecedeu a morte do filho, dia 18 de abril, que o hospital apresentou um laudo indicado a suspeita da doença, e que o filho já estaria com o corpo totalmente infectado. A vítima nem chegou a iniciar um tratamento específico para a doença.

Somente após a morte de Estefano, foi realizado exames para constatar a doença. Amostras coletadas da vítima foram enviadas para o Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen) em caráter de urgência. 
"O resultado saiu no dia 29 de abril e eu recebi ele no dia 3 de maio, veio de Belém porque aqui em Santarém não tem laboratório para fazer”, disse o pai.

Sobre a doença 

De acordo a infectologista, Cirley Lobato, a Leptospirose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada ‘Leptospira’ presente na urina de ratos e outros animais, que é transmitida ao homem principalmente nas enchentes. “A doença é resultante da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados, por meio do contato com água, solo ou alimentos contaminados”, destacou.

A especialista destaca que os sintomas mais graves da doença são febre alta, dor de cabeça, sangramento, dor muscular, calafrios, olhos vermelhos e vômitos, entre outros. “O principal sintoma nos quadros brandos são olhos e pele amarelados. A urina também sai escura e em menor quantidade e surgem febre e dor muscular, especialmente nas panturrilhas e nas pernas”, enfatizou.

A infectologista enfatiza que sem tratamento a leptospirose pode causar danos renais e hepáticos e até mesmo a morte. “Os antibióticos combatem a infecção. Frente a qualquer manifestação clínica procurar atendimento médico”, finalizou.

Veja o posicionamento da UPA na íntegra

Em nota a Unidade de Pronto Atendimento (UPA-24) informou que recebeu o paciente no dia 18 de abril com diagnóstico clínico a esclarecer, tendo sintomas compatíveis com síndrome Ictero-hemorrágica. E que no mesmo dia fez a coleta acerca da suspeita de leishmaniose.

Segundo a UPA, o paciente recebeu o tratamento para o quadro apresentado, evoluindo com piora clínica em curto período de internação. A morte do paciente ocorreu na noite do dia 19 de abril, após a ocorrência de choque séptico, que resultou em uma parada cardiorrespiratória. 

A unidade informou ainda que relacionado ao pedido de transferência para o Hospital Municipal, é protocolo fazer esse pedido no sistema para todos os pacientes internados na UPA. No caso do paciente a transferência não ocorreu porque houve piora rápida no quadro clínico e ficou, portanto, hemodinamemte instável para passar por um processo.

Sobre a demora para dar início aos procedimentos de suspeito de leishmaniose, após relatos da família e do paciente sobre a possível contaminação, a unidade disse que o óbito ocorreu em menos de 24h de internação não tendo tempo hábil de realizar o tratamento.

 

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