Instituto de defesa dos direitos humanos na Amazônia é lançado em Belém

Foco inicial será combater a violência sexual contra crianças e adolescentes no Marajó

Camila Guimarães

Nesta sexta-feira (17), ativistas pelos direitos humanos, organizações sociais e membros da sociedade civil participaram do lançamento do Instituto Dom José Luiz Azcona (IDA), criado com o objetivo de promover a defesa dos direitos humanos às populações em vulnerabilidade na Amazônia. O lançamento ocorreu na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB-Norte2).

O instituto foi nomeado em homenagem ao bispo emérito da prelazia do Marajó, Dom José Luís Azcona Hermoso, reconhecido por denunciar diversos casos de pedofilia e de exploração sexual de crianças e adolescentes na região. A problemática, inclusive, será o primeiro foco do instituto, que é presidido pela irmã Henriqueta Cavalcante, também membro da Comissão de Justiça e Paz da CNBB-Norte2.

“Inicialmente nós vamos ter um olhar voltado para as populações mais vulneráveis. Com certeza o Marajó vai ser o primeiro a ser beneficiado pelas ações do IDA. Nós queremos investir no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes que está gritante na região”, ela afirma.

De acordo com o mapeamento prévio, feito pelo instituto, o Arquipélago do Marajó é uma das principais regiões do estado em prática de violência sexual contra crianças e adolescentes. Realidade que não mudou desde o último levantamento do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), feito em 2019, que contabilizou 86,8 mil denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, feitas pelo Disque 100, conforme comenta a ouvidora externa do Ministério Público do Pará (MPPA) e membro do IDA, Norma Miranda:

A gente mapeou as áreas com maior situação de violação de direitos para que a gente possa atuar com o instituto e notamos o destaque para o Marajó e Xingu. Como ouvidora, meu papel será, então, de fazer a articulação dessas situações junto ao Instituto. A gente quer que as denúncias cheguem aos órgãos competentes”, explica.

image Instituição é composta por ativistas, organizações sociais e membros da sociedade civil. (Igor Mota / O Liberal)

Instituto quer potencializar ações de defesa de mulheres e meninas no Marajó

A ouvidora Norma Miranda informa, ainda, que o Instituto deverá realizar ações diversas para preparar as comunidades para combaterem situações de violação aos direitos humanos: “Nós vamos propor ações como capacitações, monitoramento e pesquisa. Também formações para trabalhar a comunidade de forma que ela possa saber onde está a rede de serviço a qual ela tem direito e de que modo ela pode encaminhar uma denúncia”.

A dona de casa, Leila Gomes, mãe de quatro filhas e natural do município de Curralinho, no Marajó, esteve presente com uma das filhas e sua neta no lançamento do IDA. Ela relata que uma de suas filhas foi vítima de abuso sexual, há 11 anos, e foi uma das pessoas amparadas por ações sociais como as propostas pelo novo instituto. Leila comenta sobre a difícil realidade de mulheres e meninas na região:

“Tem muito abuso, muita violência. Às vezes os homens chegam do trabalho ‘bebidos’ e querem bater nas mulheres. Tem casos em que as próprias mães incentivam as meninas a se venderem, nas balsas, para poder comprar comida. As meninas sofrem. Por isso eu espero que esse instituto ajude muito”.

A presidente do IDA, irmã Henriqueta Cavalcante, informa que, após o lançamento, o cronograma de ações do instituto prevê uma série de visitas institucionais para promover parcerias e, em seguida, lançar um cronograma estratégico de ações práticas.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ