Estudo de detecção precoce do câncer representa avanço na medicina preventiva, avaliam especialistas

A descoberta, publicada por uma pesquisa no dia 15 de maio, promete uma medicina oncológica mais personalizada e eficaz

Eva Pires e Lucas Quirino
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Um estudo da Oxford Population Health revelou que certas proteínas sanguíneas podem antecipar o risco de diversos tipos de câncer em mais de sete anos antes do seu surgimento. Publicado na revista Nature Communications em 15 de maio, a pesquisa necessita de uma amostra mais ampla e variada para ser aplicada na prática clínica, segundo Ana Paula Borges, médica e superintendente do Instituto de Oncologia do Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento oncológico no Pará. No entanto, a especialista sugere que a descoberta é promissora para uma medicina mais personalizada e preventiva, no futuro, podendo salvar inúmeras vidas pela detecção e intervenção precoces.

Na análise, foram identificadas 618 associações proteína-câncer atreladas a 19 tipos da doença, das quais 107 foram recolhidas mais de sete anos após a coleta de sangue, 29 de 618 foram associadas em análises genéticas e quatro tiveram suporte de longo tempo para diagnóstico, mais de 7 anos. Os pesquisadores apontam que essas proteínas podem estar envolvidas nas fases iniciais do câncer.

Repercussão

O método promete uma detecção precoce baseada nas proteínas circulantes que podem estar agindo como marcadores biomoleculares, potencialmente fornecendo novos alvos para intervenções terapêuticas preventivas e permitindo estratégias para diminuir o risco de câncer antes mesmo de seu desenvolvimento, repercurte Ana Paula Borges.

Esse trabalho amplia a compreensão sobre a etiologia do câncer e destaca proteínas, que ainda estão sob investigação clínica, como alvos terapêuticos em potencial para prevenir o câncer. Sua aplicação no futuro significa um aumento da chance de tratamentos bem-sucedidos, a diminuição da taxa de mortalidade e novas abordagens preventivas”, afirma.

Para a especialista, novos estudos e descobertas contribuem para uma medicina oncológica mais personalizada. “Identificar proteínas de risco permite a seleção de participantes para ensaios clínicos com base em biomarcadores específicos, o que pode aumentar a eficácia deles e levar a abordagens mais personalizadas para a prevenção e tratamento do câncer. O estudo também destaca a importância de considerar as implicações mais amplas de intervenções médicas no planejamento de estratégias de saúde pública”, enfatiza.

Aplicabilidade do estudo

Apesar dessas descobertas representarem um avanço significativo no campo das pesquisas oncológicas, a médica alerta que o estudo ainda precisa ser avaliado em populações e ambientes maiores e mais diversos para sua aplicabilidade universal, bem como para integrá-lo em práticas clínicas.

“Ainda não dá para fazer a replicação desse estudo com o objetivo de estabelecer o potencial dos biomarcadores antes de serem utilizados na prática clínica. Intervenções baseadas nessas proteínas devem ser cuidadosamente consideradas e avaliadas para evitar consequências não intencionais. Entretanto, ele representa uma perspectiva plausível e eficaz de mapear essas proteínas para alvos terapêuticos e desenvolvimento de estratégias preventivas", pondera.

Grande avanço nos estudos oncológicos

A médica oncologista Ana Paula Banhos, de Belém, também avalia a novidade e comenta que as proteínas detectadas na corrente sanguínea são fragmentos de DNA da célula tumoral, conhecido como CTDNA, e mesmo ainda não sendo possível aplicar os teste para o público, devido seu alto custo, isso representa um avanço para a medicina oncológica, que anteriormente era voltado apenas para a detecção dos tumores.

“Anteriormente a gente já fazia muito uso para análises de mutações de tumores, mas atualmente o trabalho e as descobertas também estão se voltando para a detecção precoce, assim como é observado nesse estudo em desenvolvimento do tumor, anos bem à frente da detecção na corrente sanguínea. Então atualmente se trabalha não só para o diagnóstico, mas para identificar fragmentos de células tumorais, que é o CTDNA, antes mesmo da doença se manifestar”, diz.

 

Eva Pires e Lucas Quirino - estagiários sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do Núcleo de Atualidade

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