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Equoterapia: contato com cavalos representa bem-estar para família e praticantes

Prática terapêutica que une equinos e profissionais de saúde oferece benefícios para saúde física e mental

O Liberal

Nesta segunda-feira (9) é comemorado o Dia Nacional da Equoterapia. Trata-se de um método terapêutico que utiliza o cavalo em abordagens de saúde, educação e equitação. Instituída por lei federal, em 2009, o objetivo da data é difundir a prática equoterápica na sociedade, mostrando o quão benéfica é a utilização de cavalos no desenvolvimento de pessoas com deficiências, condições especiais ou com mobilidade reduzida.

Desde 1993, a Polícia Militar do Pará (PMPA), em parceria com o Governo do Estado, realiza a Equoterapia em três municípios do Pará: Belém, Castanhal e Santarém. O projeto já é um programa institucionalizado na corporação e está completando 28 anos. A estimativa é que nessas quase três décadas, mais de 1 mil pessoas já foram beneficiadas pelo método terapêutico no estado. Se considerado os outros municípios, superam a marca de 1,5 mil praticantes atendidos.

O major Angelo Scotta, diretor do Centro de Reabilitação da PMPA, conta que apesar de o projeto ser destinado ao público interno, aos policiais militares e seus dependentes, também há vagas destinadas à sociedade civil. O acolhimento é feito com todos que procuram os serviços. "As atividades são todas gratuitas. Os interessados devem efetuar a inscrição e aguardar o retorno da nossa equipe. No momento, tem fila de espera. Ao ser chamado, o candidato passa por uma avaliação para ver se a equoterapia vai ser indicada para o caso dele. Se sim, ele inicia o programa e recebe 20 sessões de atendimentos", explica.

As pessoas selecionadas para integrarem o programa da PMPA passam por três etapas de processo avaliativo. Primeiro, é colhido todo o histórico do caso. Em seguida, é indicado fazer duas avaliações específicas. Se for um paciente comportamental, ele passa com o pedagogo e com o psicólogo. Se for um paciente com comprometimento motor, ele vai passar pelo fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. Ao final, a equipe técnica desenvolve um plano terapêutico para cada caso e é aplicada ao longo das 20 sessões que ocorrem uma vez por semana.

Mais de uma década convivendo e evoluindo com os cavalos

Arthur Vale, de 26 anos, foi diagnosticado com autismo aos 3 anos. Desde então, a família buscou atividades para desenvolver a independência e provar que nem sempre o diagnóstico é destino. "O Arthur já fez canto, vários cursos com instrumentos musicais e também já fez terapia com cachorros, mas foi com os cavalos que ele se identificou mais e as melhoras na saúde física e mental são notórias", conta Nelson Vale, engenheiro civil e pai do rapaz. 

Desde o início da pandemia, as dificuldades com o Arthur foram inúmeras. Com a paralisação das atividades no Centro de Reabilitação, eles perceberam algumas regressões em situações já vencidas, mas persistiram em outros exercícios. "A equoterapia não é só a questão do animal e o praticante. Ela estimula a vida social e a integração das pessoas. São desenvolvidos inúmeros eventos no Centro que ajudam o Arthur a ter uma vida melhor. Com o isolamento social, sentimos dificuldades porque apesar do autismo, ele é uma pessoa muito ativa. Os profissionais nos orientaram muito bem a como contornar esse afastamento com exercícios em casa", explica o engenheiro.

Arthur fará mais três sessões no Centro e o pai não esconde a gratidão por todas as pessoas envolvidas na melhora e bem estar, não só do praticante, mas também de toda a família. 
"Gostaria que todas as pessoas, com limitações físicas ou mentais, tivessem acesso a essa terapia. O meu filho, pra onde ele vai, é querido. A evolução dele é notória e nossa relação com os profissionais não poderia ser melhor. No geral, foi muito importante para toda a família esse projeto. Há mais de 10 anos que o Arthur frequenta o espaço e o acolhimento é excelente" finaliza Nelson.

Uma união entre os cavalos e profissionais 

A terapeuta ocupacional Tatiana do Carmo, atuante no Centro de Reabilitação, conta que o espaço conta com quatro cavalos para realizar as atividades. O trabalho é realizado por uma equipe multidisciplinar, composta por fisioterapeuta, educador físico, psicólogo, terapeuta ocupacional, pedagogo, fonoaudiólogo, auxiliar guia e o equitador, o profissional que faz o adestramento e a condução do cavalo. 

"Os benefícios são vários. Desenvolve a parte sensorial, motor, emocional e social. O tratamento é realizado com várias pessoas capacitadas que tem um olhar único para cada praticante. Os resultados nós podemos ver no aumento da confiança, na autonomia, a autoestima mais elevada e facilita o aprendizado nas escolas" ressalta a terapeuta.

Uma praticante notória é Mayara Gonçalves, de 29 anos. No momento do parto, ocorreu uma paralisia cerebral que a levou a frequentar sessões de fisioterapia desde os primeiros anos de vida. A espera para ser chamada para a equoterapia demorou sete anos. Desde o início das atividades, a evolução foi rápida, principalmente em relação ao equilíbrio.

"Foi o melhor tratamento entre todos que já realizei nesses quase 30 anos de vida. Aqui eu aprendi a ter mais confiança. Gosto do espaço e de todas as pessoas que me acompanham. Eu adoro conviver com os animais. Até consigo alimentar e banhar eles. Desejo que todas as pessoas possam ter a oportunidade de usufruir desse lugar", exalta a praticante.

O major Scotta acrescenta que a PMPA, mais do que fazer o seu papel de polícia ostensiva, tem a preocupação também de servir e de cuidar da sociedade. "Além de todos os benefícios já apontados, a criação desse projeto foi  pela necessidade de proporcionar uma condição de saúde melhor para essas pessoas com deficiência. É um programa difícil de ser desenvolvido e as instituições dificilmente reúnem todos os requisitos para prestar esses atendimentos. A PM, que conta com uma estrutura física, tem condições de atender todos os públicos, tem condições de cuidar dos paraense com a equoterapia", conclui.

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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