Alter do Chão: Reunião discute causas e soluções para turbidez da água do rio Tapajós

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Andria Almeida/ O Liberal
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A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) realizou um workshop com o tema "Diálogos sobre a bacia do Tapajós no estado do Pará", com o objetivo de discutir meios para conter os avanços causados na mudança das águas claras do rio Tapajós. O encontro aconteceu de forma híbrida em parceria com a sede do Centro Integrado de Monitoramento Ambiental (Cimam).

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A iniciativa, conduzida pelo titular da Semas, Mauro O’ de Almeida, teve como finalidade reunir para que sejam realizados estudos a fim de identificar e apontar possíveis soluções para o problema. No caso, tendo as competências desenvolvidas pelo Estado, pois está havendo o aumento significativo da turbidez das águas, desde o final do ano passado.

No Pará, 93% da área ocupada pela bacia do Tapajós está sob jurisdição federal, a exemplo de terras indígenas e Unidades de Conservação Ambiental. Sobre essas áreas protegidas concentra-se 81% de todo desmatamento ocorrido em função de atividade mineral no período 2016-2021, segundo dados do Sistema de Alertas DETER do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

O aumento do nível da água no Rio Tapajós e toda sua bacia, influenciado pelo rio Amazonas, chegou a até 250 milímetros no ano passado. Isso fez com que 2021 apresentasse nível climatológico acima da média, por isso a importância de ser um dos fatores também debatidos durante o encontro.

“A presença de sedimentos no rio Tapajós não é de agora, porém, o garimpo nunca teve tanta influência como no período em que estamos vivendo, acompanhado também de outros fatores, como a quantidade de cidades presentes próximas ao rio que acabam despejando os seus esgotos na água e também a presença de pecuaristas nas regiões, assim como o aumento da água do rio. Lembrando que uma coisa não anula a outra”, explicou.

Criação de um observatório

Durante o diálogo, o integrante do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA, Otávio do Canto, sugeriu a criação de um observatório para aprofundar os estudos acerca dos acontecimentos. “O observatório proposto é para que aqueles que estudam a região possam colaborar para a gestão atual da Secretaria, apontando a multiplicidade dos fenômenos que fizeram acontecer o que se viu recentemente, se aprofundar sobre os fatores de ordem natural, mas sobretudo a dinâmica de como as coisas vêm ocorrendo”, afirmou Otávio.

O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade acolheu a demanda e ressaltou a importância da riqueza de informações reunidas durante o workshop. “Foi uma reunião histórica. Nós conseguimos reunir tudo o que de melhor se tem do ponto de vista científico no estado do Pará. Com instituições paraenses, federais, que atuam no estado, com a exposição de tudo que já vem sendo estudado na bacia do Tapajós, seja por geólogos, biólogos, ou seja, várias facetas da ciência hoje foram colocadas aqui, em que várias ideias foram colocadas, inclusive com a criação do observatório da bacia do Tapajós, o que é muito importante. Nós queremos fazer um embrião, algo estruturado para que a gente possa coordenar ações positivas na bacia do Tapajós”, destacou Mauro O’ de Almeida.

Integração

Andréa Coelho, assessora técnica da Semas, informou também que a sinergia de interesses e de preocupações em tentar dirimir os problemas é essencial devido à sua complexidade em função das características da bacia do Rio Tapajós, que abrange o estado do Pará, parte do Mato Grosso e uma pequena porção no Amazonas.

“Talvez nós não tenhamos uma solução, mas sim, precisamos buscar várias soluções para o problema do rio Tapajós. 93%  da área da bacia está sob jurisdição da União, isso reforça a necessidade de haver uma sinergia de esforços nas diferentes esferas de poder, principalmente a estadual e federal, mas não isentando os municípios que são o poder público local, então, a gente precisa compor esforços, não dá para dizer que uma única esfera do poder vai conseguir resolver. Dentre esses esforços é necessário compor articulações com o estado do Mato Grosso para avaliar os processos que estão ocorrendo nesse território, pois existem múltiplos fatores que contribuem para a atual condição do rio quando ele percorre o estado paraense”, enfatizou.

Participaram do encontro representantes da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Universidade Federal do Pará (UFPa), Instituto Evandro Chagas, MapBiomas, além do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam). Geólogo e oceanógrafo, representando o MapBiomas

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