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Em Santarém, nível do rio Tapajós ultrapassou as cheias dos últimos 13 anos; entenda

O boletim da Defesa Civil apontou que o nível do rio está marcando 7,65 metros

Andria Almeida

O Rio Tapajós, localizado no município de Santarém, no oeste do Pará, ultrapassou, nesta quinta-feira (7), o nível de água das cheias históricas dos últimos 13 anos, neste período. O boletim da Defesa Civil apontou que o nível do rio está marcando 7,65 metros. O dado causa preocupação nos moradores e trabalhadores do entorno. O professor da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) especialista em clima e ambiente fez uma análise do que pode estar acontecendo.

Segundo o Doutor em Clima e Ambiente, professor Roseilson do Vale, o nível de hoje do Rio Tapajós é resultado do acúmulo das águas que desde o ano passado não baixaram o nível como o esperado. “Praticamente não tivemos uma seca na região aqui dos rios e culminou com esse ano muito chuvoso. Demorou um pouco a estação chuvosa, mas quando veio, foi com muita intensidade. Estamos sentindo agora o reflexo disso", analisou.

O profissional aponta que região onde está situado o Baixo Amazonas encontra-se em situação de alerta. “Os municípios de Óbidos, Santarém e uma parte também do meio Amazonas, da calha central do Amazonas. Os afluentes Juruá e Purus, principalmente, estão com os níveis bem elevados, que ficam à frente da parte sul do Rio Amazonas”, relatou o especialista.

O especialista alerta para o volume de água que vem pela frente. “Temos ainda um volume de água para descer, que vai chegar aqui embaixo. A cheia aqui em Santarém, na nossa região, ela ocorre no mês de junho, então se tudo ocorrer dentro do esperado nós ainda vamos ter esse volume de água chegando aqui”, enfatizou.

O professor Roseilson do Vale pondera que apesar do nível do rio está acima das cheias anteriores, nesse mesmo período, ainda não é possível afirmar que o nível vá superar o pico da maior cheia já registrada que ocorreu no ano de 2009. “Uma projeção agora indicaria isso. Mas muita coisa pode acontecer daqui até lá. Então de repente pode cessar esse volume de chuvas e essas águas aí desceram devagar e tendo as perdas que tem no meio do caminho, pelas planícies. Então não dá para concluir ainda, o que tem que fazer realmente é observar e já ir se preparando. Tomando políticas públicas para evitar os transtornos que já estão acontecendo”, concluiu.

Cheias anteriores

O ano de 2022 já superou o nível do das marcas históricas das cheias de 2009, 2014 e 2021, períodos em que o rio alcançou uma média entre 7,50 metros e 7,64 metros.

Dados da Defesa Civil de Santarém informam que existem 102 famílias desalojadas em decorrência das fortes chuvas que têm castigado a cidade nos últimos meses.

Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminfra), existem 7 bombas de alta vazão instaladas na Orla da cidade para diminuir os efeitos da cheia do rio, ao qual é drenado a água acumulada nas canaletas da Av. Tapajós. Sendo, três bombas fixas em frente à marinha com vazão de cada bomba de 350 litros por segundo, duas bombas fixas próximo ao mercado modelo com vazão de 350 litros por segundo cada bomba e duas bombas provisória próximo à praça do pescador com vazão de 250 litros por segundo cada bomba.

Moradores e comerciantes demonstram preocupação 

Os moradores e trabalhadores do entorno estão preocupados que haja tranbordo do rio. Para o comerciante Silvio Belo Júnior, que tem uma loja de confecções localizada de frente para o rio Tapajós, toda vez que começa a chover bate o desespero. Ele relata que já perdeu as contas de quantas vezes precisou recomeçar após perder tudo para a água. “Na chuva recente a água entrou meio metro aqui dentro, derrubou os freezers e queimou os motores. Mas isso é um negócio que ninguém está esperando, foi uma chuva muito forte, acima do normal. Sempre é um recomeço, já aconteceu muitas vezes”, lamentou.

Silvio observa o rio com preocupação. “Nós estamos apreensivos com essa situação. O que a gente pode fazer? Aguardar, se prevenir de alguma maneira e ficar atento. Daqui pra frente é pior, ainda temos três meses pela frente”, preocupou-se.

O comerciante mostra um bueiro que fica na frente da loja, que segundo ele, está com um vazamento de água do rio há um bom tempo. “Nível do rio transbordando nos bueiros, olha a altura que está o nível dessa água”, enfatizou.

Já para Márcia da Silva, além do receio que o rio transborde, também tem o medo de que o cais possa não aguentar o volume de água. Ela afirma que durante os 18 anos em que ela trabalha na loja de venda de materiais de pesca em frente a Orla da cidade, nunca viu um volume de chuva tão forte como nos últimos meses.

“Há 18 anos nunca aconteceu isso de a chuva estar caindo há praticamente seis meses. A gente se preocupa, fica apreensiva de acontecer algo pior, uma orla dessa romper, invadir aqui inclusive está chovendo agora. Temos medo de perder tudo, inclusive a vida, porque se uma orla dessa romper, vai todo mundo”, alertou.

A comerciante conta que como tentativa de amenizar os danos causados pelos alagamentos, tem colocado suporte embaixo dos materiais para levantar e evitar que se estraguem.

Posicionamento da Defesa Civil

De acordo com a Defesa Civil local, o cais tem uma estrutura segura e não existe por parte do órgão a preocupação de rompimento.

Sobre o vazamento no bueiro apontado pelo comerciante, Silvio Belo, o órgão informou que é natural do período chuvoso. “Como o rio está acima do nível, a água brota em alguns bueiros onde o nível está mais alto. Por isso que tem bombas submersas nessa área para fazer essa retirada da água que entra para a avenida com o objetivo de devolver para o rio”, informou o coordenador da defesa civil, Darlisson Maia.

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